A Guerra Civil de Espanha

A Guerra Civil de Espanha

A Espanha tinha já vivido em ditadura militar, sob a liderança do general Miguel Primo de Rivera, em 1923.
Este pretendeu dar fim a um longo período de instabilidade política, tendo-se esforçado por modernizar o pais, através de um vasto programa de obras públicas.
O seu excessivo protagonismo levou-o a ser marginalizado por diversos sectores da sociedade espanhola, incomodados com a excessiva intervenção do Estado. A crise económica veio acelerar o fim do regime, com os sectores republicanos a estabelecerem um pacto de unidade - o Pacto de San Sebastian, que lhes deu a vitória nas eleições municipais de Abril de 1931. O rei Afonso XIII partiu para o exilio, e a República foi proclamada.
As reformas que foram então realizadas não se revelaram suficientes para sanarem a crise económica, provocando o descontentamento de importantes sectores sociais. Nas eleições de 1933, em consequência das reformas que tinham afectado as grandes corporações do Estado e os proprietários de terras, a «esquerda» viria a ser   derrotada. O novo governo, que veio então a formar-se, começou a ameaçar as reformas aprovadas e, tal como aconteceu noutros países, permitiu igualmente a organização de movimentos para-militares direitistas. Os escândalos financeiros, a expulsão dos camponeses das suas terras e a política deflacionista do governo obrigaram convocação de novas eleições, em Fevereiro de 1936. Graças formação da Frente Popular, agregando socialistas, anarquistas e comunistas, a «esquerda» venceu com uma pequena margem de votos. Perante a passividade do novo governo, os partidos de direita começaram a desenvolver uma série de actos terroristas, conduzindo a um estado de guerra civil.
Esta situação de instabilidade serviu de pretexto para que um grupo de oficiais militares, agrupados na União Militar Espanhola, conspirassem para a execução dum golpe de Estado. O general Francisco Franco viria a desencadear a insurreição militar, a partir do protectorado de Marrocos, em 17 de Julho de 1936, tomando Sevilha e Cádis. Outra frente militar atacou as províncias do Norte, chegando perto da capital. Ainda que os sublevados tivessem conseguido apoderar-se rapidamente de Navarra, Leão e Galiza, da maior parte de Castela e Aragão, e de algumas cidades da Andaluzia, fracassaram em Madrid e Barcelona, deixando nas mãos dos republicanos toda a faixa mediterrânica.
Perante o impasse militar, o apoio internacional tornou-se fundamental. Do lado dos insurretos, a ajuda chegou-lhes dos governos alemão e italiano, que lhes garantiu apoio aéreo, material pesado e um exército de 80 000 homens. O apoio alemão tinha vários objectivos, que passavam pelo acesso a determinadas matérias-primas, como o ferro e o cobre, sem as pagar com divisas estrangeiras e desviar as atenções da Inglaterra e da França do processo de rearmamento alemão.
O apoio militar ao governo republicano foi sustentado pelas forças militares e policiais fiéis, com a colaboração das milícias operárias. No entanto, a causa anti-fascista safa enfraquecida por uma série de tensões ideológicas e de divergências no que respeitava à estratégia militar. Contrapondo ao apoio maciço dos governos fascistas aos insurretos, a França e a Inglaterra criaram um comité de não-intervenção, sediado em Londres, que mostrou logo sinais evidentes de inoperância. Limitou-se apenas a enviar alguns aviões, enquanto a URSS constituiu as Brigadas Internacionais, compostas essencialmente por voluntários franceses e italianos.
Em Março de 1938, quando os sublevados desmoronaram frente de Aragão e dividiram a zona republicana em duas, adivinhou-se um rápido final para o conflito. A queda de Barcelona, em Janeiro de 1 939, marcou o fim das hostilidades militares, enquanto se iniciavam as negociações para a capitulação da capital. Em 1 de Abril a república foi abolida.
A Guerra Civil Espanhola foi o grande ensaio para o início da II Guerra Mundial, já que permitiu testar os novos armamentos e o emprego de novas técnicas de combate.
Bibliografia
SOPA, António. H10 - História 10ª Classe. 1ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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