A participação da África na II Guerra Mundial

A participação da África na II Guerra Mundial

Tal como tinha ocorrido durante a I Guerra Mundial, as metrópoles coloniais viraram-se para os seus territórios africanos, com o objectivo de encontrarem aí os apoios estratégicos, militares e económicos de que necessitavam. Assim, a África foi mais uma vez uma grande fornecedora de homens e de recursos.

Conflitos no Continente Africano

A actividade militar no Norte de África
Em Setembro de 1940, apos a tomada da França pelos exércitos alemães, as tropas italianas destacadas na Líbia, uma vez livres das tropas francesas estacionadas na Tunísia, lançaram uma série de ofensivas contra o Egipto, com vista a dominar o canal do Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, então sob o controlo britânico. Esta ofensiva italiana era perfeitamente compreensível, já que se inscrevia numa lógica política seguida desde meados dos anos 30 e que visava abertamente rever a partilha dos territórios e das zonas de influência em África e no Mediterrâneo.

Após algumas derrotas iniciais, o exército britânico realizou uma contra-ofensiva contra as forças italianas, obrigando-as a recuar cerca de 1200 km em direcção à Líbia, perdendo esta todos os territórios africanos anteriormente conquistados. A nova situação militar obrigou intervenção alemã em Fevereiro de 1941. Os alemães conseguiram travar a eminente derrota dos italianos e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as tropas britânicas, enfraquecidas em virtude de parte dos seus efectivos terem sido desviados para a frente grega.

Em menos de dois meses, o Afrika Korps fazia recuar os britânicos para a fronteira egípcia, apos uma sucessão de importantes batalhas - El Agheila, El Mechili, Sollum, Gazala, Tobruk e Mersa Matruh - tendo paralisado a ofensiva por falta de combustível e de provisões, já que o mar Mediterrâneo se encontrava sob o controlo naval britânico.

Após quatro meses de preparação, em Outubro de 1942, os britânicos contra-atacaram, obrigando as forças ítalo-alemãs a recuar até à Líbia, na tentativa de encurtarem as suas linhas de abastecimento e a procurar posições defensivas mais favoráveis. A partir de 8 de Novembro, com o desembarque das forças americanas em Marrocos viria a completar-se o cerco das forças do «Eixo», empurrando-as em direcção à Tunísia. Cercado pelos exércitos aliados, sem apoio aéreo e sem qualquer suprimento, o Afrika Korps e o restante contingente italiano na África do Norte rendeu-se em Maio de 1943, pondo fim guerra no continente africano.

A intervenção militar na África do Norte viria a atrasar a invasão da URSS pelos exércitos alemães em cerca de seis semanas.

A intervenção italiana na Etiópia

No começo do conflito, a Itália possuía cerca de dois milhões de km2 de territórios em África, divididos pela Somália, Etiópia e a Eritreia, encontrando-se estes rodeados por colónias de países hostis, como o Sudão anglo-egípcio, o Quénia e a Somália Britânica e a Somália Francesa. Ao começarem as hostilidades europeias, os italianos sabiam que com os recursos que dispunham apenas podiam neutralizar as resistências

locais, não podendo fazer frente a uma força militar britânica bem organizada. Esta situação era ainda agravada com a inexistência dum abastecimento regular, quer por via marítima ou aérea. A única possibilidade de sobrevivência era que a guerra europeia durasse apenas algumas semanas, alterando-se então a situação na África Oriental.

Assim, nem sequer foram equacionados planos para iniciar uma ofensiva a partir do Sul, com o objectivo de ir ao encontro das forças italianas estacionadas no Egipto, devido ao facto de não haver forças suficientes para defender frentes tão amplas e, menos ainda, para tentar uma ofensiva a tão longa distância. Restava apenas a possibilidade de invadir a Somália Britânica, aproveitando-se da sua superioridade numérica e confiando na possibilidade de uma assinatura, a breve trecho, da paz na Europa.

A ofensiva italiana iniciou-se em 3 de Agosto de 1940, com a tomada de Hargeisa. Na fronteira do Sudão, os conflitos iniciaram-se no sector de Keren. Mas, em Outubro, as forças navais italianas, as mais importantes na região, encontravam-se em más condições, necessitando ainda de combustível, procurando posteriormente refúgio na Europa, Japão ou Madagáscar (Diogo Suarez).

Em Março de 1941, as forças britânicas contra-atacaram por terra, expulsando as forças italianas que estavam totalmente indefesas. A ofensiva britânica atingiu a Somália e prosseguiu na Etiópia, tendo as forças italianas sido vencidas na batalha de Keren. Finalmente, em 5 de Maio, Hailé Selassié entrou em Addis-Abeba, tendo-se as forças italianas rendido a 18 de Maio. No entanto, a resistência italiana ainda continuou até Janeiro de 1942, quando os seus últimos efectivos são cercados em Gonder, por forças britânicas e etíopes.


Bibliografia
SOPA, António. H10 - História 10ª Classe. 1ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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