Classificação das indústrias

3.3. Classificação das indústrias

Se definir indústria não é tarefa fácil, menos o é estabelecer urna classificação da mesma, pois os critérios de classificação das indústrias são bastante controversos, dado que cada autor os apresenta segundo o seu ponto de vista. Inerente a essa problemática, associa-se a variedade de indústrias existentes e as múltiplas características que elas apresentam, o que torna difícil estabelecer urna classificação objectiva. Assim, podemos enumerar um leque de critérios utilizados para classificar as actividades industriais, nomeadamente:
  • 1.     De acordo com o estágio de elaboração da produção — neste critério podemos reconhecer: a indústria de base - que são aquelas que usam matérias-primas brutas (minerais ou produtos energéticos) e as transformam em produtos brutos ou semiacabados, para serem empregues por outras indústrias que realizam os produtos acabados. Estão neste caso a siderurgia, a metalurgia do alumínio e outros metais não ferrosos, a carboquímica, a indústria de cimentos, etc. Em oposição temos as indústrias derivadas (têxtil, alimentícia, etc.).
  • 2.     De acordo com a finalidade ou destino dos produtos (bens) produzidos - teremos: indústrias de bens de produção ou de capital - são frequentemente também designadas por indústrias de bens de equipamento, que correspondem aquelas que produzem e fornecem materiais destinados a fins produtivos. Engloba, portanto, quer as que produzem bens destinados a outras indústrias (matérias-primas, energia, máquinas, ferramentas, etc.) quer as que fabricam material a ser utilizado por outras actividades económicas (material ferroviário, máquinas agrícolas, camiões, navios, etc.). Também são designadas por indústrias de base ou pesadas.
Por outro lado, temos as indústrias de bens de consumo que são as que transformam as matérias-primas brutas ou semiacabados em produtos destinados ao consumo directo pelas populações. Nesta categoria, temos as indústrias de bens de consumo imediato (ou não duráveis) que compreendem a indústria alimentícia, têxtil, de calçados, etc., e as indústrias de bens de consumo duráveis onde se incluem a indústria automobilística, eléctrica, móveis, etc.

Mas a distinção entre estes dois grandes tipos de indústria põe problemas. Com efeito, alguns dos Seus ramos são difíceis de classificar com exactidão, uma vez que fornecem, simultaneamente, bens de equipamento e bens de consumo, por exemplo: a indústria automobilística fornece veículos para o uso particular (bens de consumo) e veículos utilitários (bens de equipamento).

Igualmente, a indústria de refinação petrolífera fornece matérias químicas a outras indústrias (bens de equipamento) e produtos para consumo directo, como por exemplo, a gasolina para automóveis particulares (bens de consumo). Enfim, são imensas as indústrias que podem ser consideradas simultaneamente indústrias de equipamento e de bens de consumo.
  • 3.     De acordo com a natureza da matéria-prima utilizada — tem-se o critério tradicional ou clássico o qual categoriza as indústrias nas seguintes tipologias: indústria extractiva, transformadora e construtora.

3.1.         As indústrias extractivas — compreendem aquelas que estão ligadas directamente extracção dos recursos naturais como, por exemplo, a indústria mineira a qual retira e elabora minérios a partir de jazigos em produtos acabados ou semiacabados que serão posteriormente utilizados para vários fins. Paralelamente indústria mineira, destacam-se a indústria extractiva florestal e a indústria pesqueira.

Fig.18: Indústria Extractiva de Moçambiqe

3.2.         Indústrias transformadoras — são aquelas que elaboram, a partir de matérias-primas brutas ou semielaboradas, produtos acabados ou semielaboradas com destino a outras indústrias ou ao consumo final. são, portanto, extremamente diversificadas, lançando nos mercados uma infinidade de produtos: automóveis, eletrodomésticos, mobiliário, máquinas variadas, produtos farmacêuticos, alimentos, etc. Mas é importante considerar que na verdade todas as indústrias são transformadoras, uma vez que laboram matéria-prima bruta ou não, em produtos já acabados para a ulterior utilização. Neste contexto, afirmar que existe indústria transformadora é uma questão óbvia, facto que permite-nos constatar que tal nomenclatura não nos parece muito precisa e objectiva.
3.3.         As indústrias de construção civil e obras públicas — são as que produzem materiais (edifícios, pontes, barragens, estradas, etc.) e a sua analogia é grande, pelos meios e métodos de produção, com o conjunto das outras indústrias. Todavia, apresentam duas diferenças essenciais em relação às indústrias transformadoras: não são transportáveis, não podendo, consequentemente, ser deslocadas para os locais de consumo.
  • 4.     De acordo com as afinidades tecnológicas — nesta categoria encontramos a indústria de ponta, que são indústrias que estão na vanguarda de progresso técnico. Estas utilizam tecnologias altamente evoluídas, recorrem a uma constante e dispêndio pesquisa científica, muitas vezes em ligação com centros de investigação, institutos tecnológicos, laboratórios, universidades e complexos militares. Empregam mão-de-obra altamente qualificada (engenheiros, investigadores, especialistas e outros quadros superiores) e laboram produtos de alto valor unitário. De entre as indústrias pertencente a essa categoria, temos a destacar as seguintes: indústria electronuclear, indústria de informática (computadores e telemática), indústria farmacêutica e de actividades ligadas à saúde (genética, bioquímica e biotecnologia, etc.), indústria aeroespacial, entre outras.
  • 5.     De acordo com o peso da matéria-prima - nesta, temos as indústrias pesadas e as ligeiras ou leves. No primeiro caso fazem parte desta categoria as indústrias que trabalham grandes quantidades de matéria-prima de pequeno valor em relação ao peso. Ex.: indústrias de construção naval, de produção de material ferroviário, de produção de cimento, etc. No segundo, são as indústrias cujo produto final é de grande valor em relação ao peso. Ex.: Fábrica de calcado, televisores, mobiliário, etc.

Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

Comentários