Classificação dos lípidos (lipídeos)

Classificação dos lípidos (lipídeos)

Por causa de sua origem em nossa alimentação, é costumeiro se ver uma classificação trivial e útil na nutrição das gorduras em gordura animal e gordura vegetal. Um exemplo de gordura animal é a banha de porco, uma gordura vegetal comum é o azeite de oliva.

a) Glicerídeos

Constituem os óleos e as gorduras, que diferem entre si quanto ao ponto de fusão. À temperatura ambiente, os óleos são líquidos, pois um ou mais dos ácidos graxos tem predominância de insaturações na cadeia. E as gorduras são sólidas pelo fato dos ácidos graxos terem predominância de saturação na cadeia.

Os glicerídeos possuem elevados teores energéticos e são os principais componentes lipídicos da dieta humana.

Glicerídeo (ligação dum propanotriol ou glicerina ou ainda glicerol com ácido graxo)

Em mamíferos que vivem em regiões polares, como a baleia, a gordura forma uma espessa camada subcutânea ou "colchão adiposo", que envolve o corpo e permite o isolamento térmico do animal em relação ao ambiente frio.

As moléculas dos glicerídeos podem ter um, dois ou três ácidos graxos associados ao glicerol, um álcool conhecido como glicerina. Ácidos graxos são compostos de longas cadeias carbónicas, saturadas ou não, que formam os ésteres das gorduras e dos óleos.

Principais glicerideos

Dentre os glicerídeos, os principais em suas formas naturais e extraíveis são:

  • Banha: apresenta-se no tecido adiposo dos animais; constituindo-se de misturas de glicerídeos de ácidos palmítico, esteárico e oléico.
  • Sebo: presente no tecido adiposo dos bovinos. Pelo seu aquecimento se obtém a margarina natural, constituída principalmente de glicerídeos de ácido palmítico e esteárico.
  • Manteiga de leite: obtida principalmente de leite de vacas e de cabras e cujos principais ácidos graxos envolvidos são o ácido palmítico, o esteárico, o oléico, o capróico (C7H15COOOH), caprílico (C5H11COOOH).
  • Manteigas vegetais: as mais comuns são a manteiga de côco, a manteiga de cacau e a manteiga de cupuaçu.
  • Óleo de linhaça: é um óleo usado como um secativo, extraído do linho e composto principalmente de glicerídeos contendo ácido linoleico e linolênico.
  • Os óleos ditos secativos contêm glicerídeos de ácidos graxos insaturados, com múltiplas ligações. Devido a esta insaturação de suas moléculas eles se polimerizam e se oxidam quando em contacto com o ar, transformando-se em películas finas, resinosas e transparentes quando aplicadas sobre superfícies. Por esta propriedade são aproveitados em formulações de vernizes e tintas e diversas formulações de revestimentos de superfícies.
  • Óleo de tungue: óleo com propriedades secativas, cujo principal glicerídeo é o ácido eloesteárico.
  • Óleo de oiticica: óleo com propriedades secativas que contém entre outros ácidos graxos o ácido linoléico. É extraído das plantas comuns em diversas regiões do Brasil.
  • O óleo de rícino é outro óleo secativo, extraído da semente da mamona, e o mais destacado dos ácidos graxos que o compõe é o ácido ricinoléico.
  • Óleo de algodão, um óleo comestível, extraído do caroço do algodão, usado como alimento, lubrificante e combustível. Seus principais glicerídeos são compostos pelos ácidos graxos como o ácido palmítico, o ácido esteárico e o ácido oléico. Estes glicerídeos estão também presentes no óleo de amendoim, óleo de oliva, óleo de côco, o óleo de patauá (extraído de determinadas palmeiras da Amazônia), o óleo de babaçu, o óleo de dendê (extraído da palmeira dendê, nativa do nosso continente (África), aclimatada no Brasil).
  • O óleo de girassol é produzido industrialmente a partir das sementes de girassol. Após limpeza, secagem, descasque, trituração e extracção com solvente. Sofre remoção do solvente e refino, com etapas que incluem desgomagem (remoção de gomas), branqueamento e desodorização. É essencialmente constituído por triacilgliceróis (98 a 99%), com um elevado teor em ácidos graxos insaturados (aproximadamente de 83%), mas reduzido teor em ácido linolénico (menos de 0,2%). É principalmente rico em ácido linoléico.

b) Fosfolipídeos

Formam a camada dupla da membrana celular. A molécula do fosfolipídeo solubiliza-se, ao mesmo tempo, com a água e com os lípidos. Isso é possível porque possui uma porção hidrófila (afeição a água), o fosfato, e uma porção hidrófoba (aversão a água) constituída pelas cadeias lipídicas. Os principais exemplos de fosfolipídios são a lecitina e a cefalina.

c) Esteroides

São diferentes dos demais lipídios por apresentarem uma cadeia circular formando anéis. Pertencem a esse grupo os hormônios: sexuais testosterona e progesterona. E alguns hormônios supra-renais: aldosterona e cortisol. Todos são semelhantes sob o aspecto constitucional ao colesterol, do qual derivam.

colesterol é sintetizado exclusivamente em células animais; nas plantas é substituído pelo fito esterol. Uma parcela do colesterol precisa ser obtida pela dieta e a outra é fabricada pelo corpo, principalmente no fígado, que o reúne com triglicerídios e proteínas para formar os corpúsculos de HDL (lipoproteína de alta densidade) e LDL (lipoproteína de baixa densidade), denominados também de “colesterol bom” e “colesterol ruim” respectivamente.

Grande parte do colesterol é transportada no sangue sob o formato de LDL. Uma parte dele é metabolizada no fígado e a outra serve para síntese de membranas celulares. No entanto, quando há excesso, o LDL acumula-se nas paredes das artérias, causando a aterosclerose. Por isso o LDL é chamado de "mau colesterol".

Em contrapartida, o HDL tende a retirar o colesterol das artérias, levando-o ao fígado, onde se converte em bile. Há estudos direccionados na comprovação de que o HDL também remove o colesterol das placas ateroscleróticas  existentes, diminuindo a velocidade de sua formação. Fazendo com que taxas maiores de HDL afastariam os riscos de problemas cardíacos, justificando-se o nome de "bom colesterol".

As taxas de colesterol e de triglicerídios variam com a idade; por isso, é aceitável um suave aumento de ambas quando se envelhece.


 Bibliografia

MOTTA, Valter Teixeira da; Caxias do Sul. Bioquímica. RS: EDUCS, 2005. 2ª edição.

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia dos organismos 2. Editora Moderna, 2004. 2ª edição.
 

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