Distribuição geográfica das regiões bioclimáticas

Distribuição geográfica das regiões bioclimáticas

A distribuição das espécies faunísticas e vegetais na superfície terrestre depende em grande medida dos factores climáticos, edáficos e topográficos.
Tendo em conta o clima e a latitude podem distinguir-se regiões bioclimáticas da zona intertropical, temperada, fria e de altitude.

a)   Região intertropical

Compreende a região de clima equatorial, tropical e desértica, onde se registam as mais altas temperaturas médias do globo, com contrastes pluviométricos, contribuindo para as diferenciações das espécies vegetais e animais.

b)   Região equatorial

A floresta densa localiza-se nas bacias de Congo, Amazonas, Filipinas e Indonésia.
É uma floresta sempre verde, com vários estratos: possui árvores de grande porte (atingem 60 m de altura e 6 m de diâmetro), com raízes curtas e frágeis. Nos troncos desenvolvem-se trepadeiras. Há também espécies de lianas, edifitas.

A fauna desta região é constituída por uma variedade de formigas, mosquitos, serpentes, lagartos, cobras, gorilas, chimpanzés, roedores, carnívoros e marsupiais.

c)   Região tropical húmida

Estende-se entre 5° - 15° latitude norte e sul, na Venezuela, Colômbia, interior do Brasil, parte oriental de África e Ásia das monções.
As formações vegetais caracterizam-se por:
  • Floresta densa, sendo, pouco a pouco, substituída por uma mais aberta, menos exuberante e menos densa, já com um estrato herbáceo (embora pouco denso). A floresta densa é uma floresta de difícil penetração, que se estende ao longo dos rios, atingindo algumas vezes não menos de 100 metros de largura.
  • As árvores são de menor porte e mais distanciadas umas das outras.
  • As plantas perdem folhas na época seca e as gramíneas desaparecem.
  • No período das chuvas reaparecem as folhas, a floração e as gramíneas.
  • A vegetação é exuberante com grandes árvores e lianas. Toma o nome de galeria por o seu aspecto ser parecido com um túnel.

d)   Região de savana

À medida que a latitude vai aumentando, o período das chuvas vai diminuindo, bem como, a quantidade de precipitação, condicionando assim a repartição da vegetação surge a savana.

A savana é uma vegetação constituída por um conjunto de árvores, arbustos e capim. A sua densidade e altura variam de acordo com a precipitação, as queimadas e o sobrepastoreio.
De uma forma geral, a savana é uma associação vegetal não muito alta, com plantas de folha caduca e espinhosas.
   Em Moçambique podemos encontrar animais, principalmente nas reservas e parques nacionais, como pala-pala, chango, boi-cavalo, búfalo, elefante, cabrito-cinzento, zebra, leão e hiena.
    A existência de estrato herbáceo abundante, em particular na estação húmida, permite que haja uma elevada quantidade de animais de grande porte, e dentro do sistema de cadeia alimentar verifica-se a existência de herbívoros (antílopes, gazelas, impalas, zebras, búfalos, girafas, elefantes, rinocerontes) e carnívoros (leopardos, hienas, chacais).
   Na savana também existem muitas espécies de aves, destacando-se, por exemplo, as corredoras, como são os casos da avestruz em África, do nandu na América e da ema na Austrália.
    Nas zonas semi-áridas, como é o caso do Pafuri e sul de Tete, em Moçambique, localizam-se plantas do tipo xer6fiIas que se desenvolvem em condições semi-áridas. medida que a latitude vai aumentando entre os 15° e 35° surge o clima desértico.
  • Savana arbórea: O capim é muito alto: aparecem alguns arbustos dispersos e uma grande densidade de árvores muito altas, de copa larga, folhas caducas ou persistentes.
  • Savana arbustiva: O capim é muito alto: aparecem algumas árvores dispersas e uma grande densidade de arbustos.
  • Savana herbácea: O capim é muito curto: as árvores quase que não existem, destacando-se arbustos dispersos.

e)   Região desértica

O Saara, Austrália, Kalahari e outras, onde praticamente não há nenhuma cobertura vegetal, são alguns exemplos das regiões de clima desértico no mundo.
Em algumas áreas onde o solo permite a infiltração da água, formam-se toalhas de água, possibilitando assim a formação de oásis.

Os oásis são as únicas áreas onde é possível uma Vida um pouco estável, no interior dos desertos. A água é fornecida por pops e nascentes, criando inesperados jardins nas paisagens mais áridas. A vegetação desértica está adaptada para sobreviver a longos períodos de secura.

A fauna é constituída por mamíferos nómadas, nomeadamente camelos, insectos e répteis; gafanhotos, formigas, tartarugas e aves como o falcão, galo silvestre e cuco mexicano.

f)     Região temperada

Na zona de clima mediterrâneo já não existem formações vegetais naturais, primitivas, dado que desapareceram devido secular e intensa ocupação e acção humana (pastoreio, incêndios e desflorestamentos constantes) o que deu lugar a garrigue e maquis.

O garrigue existe em solos pobres e calcários. É mais degradado do que o maquis e constituído por uma formação arbustiva baixa, de pequeno porte, dispersa, constituída por espécies xerófiIas.

O maquis existe em solos graníticos ou siliciosos. É uma formação baixa, densa, constituída basicamente por arbustos, muitos deles aromáticos.
  • Floresta de folha caduca
Ocorre no clima temperado marítimo. Nesta floresta podemos encontrar a floresta caducifólia ou de folha caduca. As folhas caem no Inverno são pequenas e finas e as copas grandes.
   A floresta caducifólia (folha caduca) é constituída por uma variedade de espécies de árvores: carvalhos, faias, choupos, bétulas, etc. onde se desenvolvem também espécies helióficas (vegetação rasteira de pequenas gramíneas e bolbos).
  • Pradaria e floresta mista
No clima temperado continental, na transição para os climas temperado continental e temperado marítimo localiza-se a floresta mista, constituída pelas florestas de folha caduca e de coníferas (folhas persistentes) e lugares onde se pode verificar uma relativa humidade.

g)   Região fria

  • A Tundra
Tundra: é uma espécie de planície, que ocupa uma faixa estreita de terra a descoberto, plana, que circunda o oceano glaciar árctico.
A tundra é uma extensão de terreno que só recentemente se libertou dos gelos glaciares, numa época que remonta há 8000 anos, ou seja, que corresponde ao fim do último período glaciário.

As condições climatéricas mais amenas das regiões meridionais, que com ela confinam, permitiram o desenvolvimento da associação florestal em que a actividade do Homem ameaça cada vez mais o seu equilíbrio ecológico.

Nesta região, com temperaturas muito abaixo de 0 °C durante o longo Inverno, a flora apresenta características próprias tais como:
  • Ausência de árvores ou arbustos, porque o solo permanece com gelo abaixo da superfície da Terra, razão que justifica a não formação de raízes, logo a não absorção de nutrientes.
  • A fotossíntese não se realiza devido ausência de raios solares por longos períodos do ano.
  • A sua superfície é de cascalho, lamacenta ou turfosa, embebida de água e cheia de acidez, sobre a qual aparecem colónias de formação vegetal de Vida curta.
  • A vegetação típica é constituída por musgos, líquenes, urzes e plantas dos pântanos.

  • Taiga
taiga é uma floresta de coníferas caracterizada por uma grande densidade de árvores de grande porte, de folhagem persistente, que dão pinhas com forma de agulhas (xerofitismo) praticamente sem estrato arbustivo e com um espesso estrato de musgos líquenes. É uma vegetação característica do norte da América e Europa, constituída principalmente por pinheiro, abeto, larice, pinus, picea.

É a floresta mais extensa e continua do mundo, estendendo-se do continente asiático Escandinávia, Canadá e ao Alasca, acompanhando os paralelos circundantes.
São poucos os animais que vivem na tundra. Um exemplo típico é a raposa branca.

Na Taiga podem destacar-se animais como ursos, texugos, castores, esquilos, alces, renas e lobos. Algumas aves também se adaptam a estes ambientes, tais como as perdizes, bufos-nivais, cruza-bicos e calhandras.

Nas regiões geladas, a fauna é essencialmente marinha, destacando-se o urso polar, a lontra, a foca e a morsa. Muitos realizam migrações constantes.

h)   Região de grandes altitudes

Nas grandes montanhas, como é o caso dos montes Kilimanjaro, Quênia, Futa Jalon, Andes e outros encontramos climas de altitude com urna vegetação cujas as características variam em função da altitude. Assim, as montanhas apresentam vários andares de associações vegetais.
  • 1.° Na base até uma altitude de 1300 metros encontra-se a floresta densa, com dois estratos. As espécies já não são muitas, mas abundam as lianas e epífitas e de forma caduca.
  • 2.° Dos 1300 aos 2800 metros de altitude, predomina uma floresta húmida, constituída por árvores de folha persistente e caduca com apenas um estrato arbóreo. O solo é coberto por musgos e líquenes, na zona temperada (abetos e pinheiros).
  • 3.° Entre os 2300 e 3800 metros aparece um matagal. O matagal é constituído por árvores com uma grande concentração nas zonas temperadas que, por vezes, atingem 10 metros de altura. O solo é coberto totalmente por musgos muito altos, com vários metros de altura e nas zonas temperadas por arbustos.
  • 4.° Dos 3800 aos 5000 metros de altitude, predominam as pradarias, onde existem várias espécies de gramíneas, alguns musgos e líquenes e nas zonas temperadas ocorrem também gramíneas rasteiras.
Para além dos 5000 metros nas zonas quentes e 2300 metros nas temperadas, praticamente não existe vegetação. O que predomina são rochas sem nenhuma cobertura vegetal e neve.



Bibliografia
WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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