Hidrografia: características da hidrografia moçambicana e Principais bacias hidrográficas

Hidrografia

Hidrografia - ciência físico-geográfica que estuda os componentes da hidrosfera, as características de cada um deles e das massas líquidas em geral, e a relação que estabelecem com outros componentes da geosfera. Esta ciência tem como objecto de estudo os fenómenos que têm lugar na hidrosfera, que correspondem as águas continentais superficiais (rios e lagos) e subterrâneas (lençol isto é, o estudo das particularidades geográficas da camada líquida da freático) e aos oceanos – Terra.

Importância da água

O estudo da água reveste-se de uma importância capital, já que toda a Vida na Terra depende dela.
    Porém, apesar da sua importância, durante a actividade económica dos Homens, grandes quantidades de água são incorporadas no processo de produção e várias são as substâncias que são nela introduzidas desde resíduos sólidos a resíduos químicos. Destes, os tóxicos são aqueles que trazem consequências negativas mais graves ao equilíbrio ecológico da hidrosfera.
    A água é um recurso indispensável para a sobrevivência dos seres vivos, considerando-se que cada individuo precisa, diariamente, de 2,5 litros de água para satisfazer as necessidades do seu metabolism0.

A água representa 60% da constituição do Homem e 95% da dos vegetais.
Por outro lado, a água é utilizada como fonte de energia, tanto para mover as turbinas das grandes centrais hidroeléctricas como dos pequenos moinhos. Para além disso, as águas superficiais são autênticos meios de comunicação onde circulam desde pequenos barcos até enormes navios de grande tonelagem.

Em Moçambique, o maior consumidor de água é a irrigação, seguida do abastecimento urbano.

A água superficial constitui a maior fonte de água em Moçambique. A bacia do rio Zambeze representa cerca de 50% dos recursos hídricos superficiais.

Como vemos, o estudo geográfico da camada líquida da Terra é muito importante, não só para a Vida, mas também para garantir a normal troca natural de substâncias e matéria.

Características da hidrografia moçambicana

É sabido por todos que, da água que cai da atmosfera, uma certa porção evapora-se, uma outra escorre pela superfície terrestre e finalmente uma outra parte infiltra-se no solo.
      As águas que se infiltram podem ressurgir e fundir-se nas águas superficiais ou incorporar-se nos cursos de água subterrâneas ou lençóis freáticos.
    As características dos rios moçambicanos dependem muito do clima, da disposição do relevo e da situação geográfica.
    A majoria dos rios são periódicos devido ao clima tropical (duas estações), registando o máximo do caudal na estação chuvosa (Dezembro a Fevereiro) e o mínimo na estação seca (Maio a Setembro), mas também existem os rios de regime temporário, cujos cursos sé aparecem quando chove.

Regime de um rio – é a variação do seu caudal ao longo do ano. Traduz o seu comportamento particular.

O regime de um rio pode ser representado graficamente através do hidrograma, onde se colocam, no eixo das ordenadas, os caudais mensais ou os coeficientes mensais do caudal (obtém-se dividindo os caudais mensais pelo caudal médio anual ou módulo do rio) e, no eixo das abcissas, os meses.

O regime depende de numerosos factores em interconexão - o solo, a vegetação e o clima, o regime da precipitação e a sua distribuição ao longo do ano fazem variar o caudal.

Devido ao relevo disposto em escadaria, os rios moçambicanos têm características várias:
  • Correm de este para oeste;
  • A maioria dos rios mais importantes nasce nos países vizinhos (Rovuma, Zambeze, Púnguè, Save, Limpopo, Incomáti, Umbelúzi e Maputo).
  • Como a região sul se apresenta sob a forma de planície não se registam cataratas, quedas ou vales profundos. Pelo contrário, os rios atravessam vales largos e pouco profundos, o que facilita as inundações.
  • São pouco navegáveis devido à sua pequena profundidade. Eles formam também meandros nas planícies.
  • A sul, devido ao terreno arenoso, regista-se uma grande infiltração.
  • No centro e norte, os rios correm em vales profundos em forma de «V», atravessando muitas quedas e rápidos, escavando gargantas profundas. Nestas regiões, devido ao relevo, possuem um grande potencial hidroeléctrico.
Devido a estas características, os rios moçambicanos são pouco navegáveis.

Tabela 11: Principais barragens e sua utilidade
Nome
Rio
Cidade próxima
Objectivo
Pequenos Libombos
Umbelúzi
Maputo
Abastecimento urbano, irrigação 
Corumana
Sabié
Moamba
Irrigação e produção de energia
Macarretane
Limpopo
Chókwè
Irrigação
Massingir
Elefantes
Chókwè
Irrigação e produção de energia
Mavuzi
Revué
Chimoio
Produção de energia
Chicamba
Revué
Chimoio
Abastecimento urbano, produção de energia
Chimoio
Mezingaze
Chimoio
Abastecimento urbano
Cahora Bassa
Zambeze
Tete
Produção de energia
Nampula
Monapo
Nampula
Abastecimento urbano
Nacala
Muecula
Nacala
Abastecimento urbano
Chipembe
Montepuez
Montepuez
Irrigação
Locumue
Lucheringo
Lichinga
Abastecimento urbano
Fonte: Ministério para coordenação da Acção Ambiental
Uma cheia inicia-se, em geral, de uma forma brusca e termina lentamente, corresponde a uma verdadeira onda que se propaga de montante para jusante, a uma maior ou menor velocidade.

Principais bacias hidrográficas

Da rede hidrográfica moçambicana podem destacar-se algumas bacias, como, por exemplo, Rovuma, Lúrio, Zambeze, Save e Limpopo, entre outras.

Lagos

Os lagos são extensões de uma massa permanente de água, relativamente ampla e mais ou menos profunda, depositada numa depressão de terreno e, em geral, sem comunicação imediata com o mar.
Limnogeografia – parte da Hidrogeografia que estuda os lagos.

A origem dos lagos
Os lagos têm uma origem muito variada. Em relação á sua génese podem classificar-se em:
  • Lagos de origem interna - são tipos de lagos de abatimento e subdividem-se em:
Lagos tectónicos - os que têm a sua origem em fracturas de terreno, como é o caso do lago Niassa, em inflexões da crusta terrestre, ou ainda no desabamento de cavidades subterrâneas (é o caso dos lagos cársicos).
Lagos vulcânicos - os que estão localizados em crateras vulcânicas ou nos afundamentos provocados por explosões vulcânicas.
  • Lagos de origem externa - resultam de forças externas da crusta. De entre estes lagos destacam-se os de erosão, de barragem e residuais. Os lagos de erosão são originados pelas chuvas, pelo vento ou pelos glaciares que actuam preparando a depressão.
Em Moçambique temos a registar lagos naturais e artificiais, também conhecidos por albufeiras.
Os principais lagos naturais são de origem tectónica, como são os casos de Niassa, Chiúta, Chirua e Amaramba.
As albufeiras localizam-se nos locais onde se construíram barragens. Deste modo, temos as albufeiras de Cahora Bassa, Chicamba, Massingir, Corumana e Pequenos Libombos.
Os lagos e as albufeiras têm importância para a pesca, turismo, transporte irrigação e ainda para o uso doméstico.
O lago Niassa ocupa em superfície 0 10.0 lugar no Mundo, com 28 678 km2. Este lago é partilhado por Moçambique, Malawi e Tanzânia.
As lagoas têm a sua maior expressão no litoral sul e são fruto da erosão, em períodos geológicos recentes. Umas são de água doce, outras de água salgada.

Águas subterrâneas

É sabido que uma parte da água das chuvas se infiltra nas rochas e vai constituir o principal reservatório das águas subterrâneas. Todavia, as águas da escorrência e as águas dos rios também têm a sua parte na massa de água subterrânea.
A infiltração efectua-se nas superfícies permeáveis ou nas rochas fissuradas e a água detém-se desde que encontre camadas impermeáveis, que em geral se encontram mais ou menos a grandes profundidades. A este subsolo «empapado» de água dá-se o nome de toalha subterrânea ou lençol subterrâneo.
Além disso, as águas que se infiltram estão sujeitas ao princípio dos vasos comunicantes, ou seja, podem construir uma circulação interna.
Nos terrenos secos, a água circula pelas diáclases das rochas e concentra-se em camadas de major amplitude, podendo originar verdadeiros rios e lagos subterrâneos.
No nosso pais são de referir também algumas fontes termais, frias e quentes, originadas pela circulação subterrânea e que ocorrem preferencialmente nas zonas montanhosas do centro e norte. São águas com propriedades medicinais e algumas delas estão a ser aproveitadas.

Oceano Índico

Moçambique está situado no litoral, portanto, a fronteira este é formada pelo oceano indico. Este oceano é importante para o nosso pais, pois é através dele que se fazem as ligações marítimas entre o norte, o centro e o sul de Moçambique, e deste com outros países de África e de outros continentes.
Neste oceano pratica-se a pesca artesanal, semi-industrial e mesmo industrial, o que significa que tem impacto na geração de divisas, através da exportação do pescado, e também na alimentação da população. Permite a extracção do sal, o desenvolvimento das actividades turfísticas e a instalação de portos para servirem também os países vizinhos, desempenhando importante papel no âmbito da SADC.
Possui uma salinidade média de 34% que, comparada com a dos outros oceanos, é considerada baixa. Tem uma cor azul, exceptuando na foz dos rios, onde toma uma cor castanho-esverdeada devido aos detritos por eles arrastados.

Conservação e defesa da água

A água representa 3/4 do globo terrestre, mas a maior parte dela, cerca de 97%, é salgada.
Embora seja um recurso renovável, a água potável representa apenas 3% de toda a água disponível, o que significa que o seu uso e conservação devem ser uma grande preocupação para toda a Humanidade.
Ela é utilizada praticamente em todas as nossas actividades do dia-a-dia. Nos últimos tempos, ela tem sido vítima da poluição. Muitas vezes, a poluição da água é originada pela actividade humana, quando se lançam poluentes na água dos rios, mares, lagos e lagoas.
As actividades industriais são as grandes responsáveis pela poluição aquática, ao langarem poluentes para os rios e mares.
Outras formas de poluição da água manifestam-se através de produtos expelidos pelos esgotos das grandes cidades para o mar, rios ou lagos, que matam os recursos pesqueiros e prejudicam a actividade turfística (praias) e a própria agricultura. A água potável é muitas vezes contaminada por produtos químicos que põe em perigo a saúde humana, causando cólera, febre tifóide e outras doenças. Os oceanos são também palco de grandes derrames de petróleo, de «cemitérios» de produtos tóxicos contentorizados (por vezes radioactivos) e da lavagem de petroleiros no alto mar, que fazem perigar o ambiente aquático.
A água é um precioso líquido que deve ser gerido através de acções conjuntas a nível nacional regional e internacional.


Bibliografia
NONJOLO, Luís Agostinho; ISMAEL, Abdul Ismael. G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.

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