Importância, limites e perigos do conhecimento científico

Importância, limites e perigos do conhecimento científico

Importância do conhecimento científico

À medida que as descobertas científicas avançam, a Vida do Homem também muda de ritmo: muda a mentalidade, a maneira de ser, de conceber a realidade e de se relacionar com o mundo exterior. Tais sucessos científicos levaram alguns filósofos a ganhar maior confiança nas ciências físico-matemáticas, depreciando todo o tipo de saber que não é empírico.
Auguste Comte (1798-1857), inspirado pelo ambiente do século XVII, fez um estudo geral do evoluir da história. Com base nos seus estudos, ele sentiu-se autorizado a formular a chamada lei dos três estádios, segundo a qual, a humanidade, assim como o psiquismo humano, atravessa três estádios, a saber: o teológico, o metafisico e o positivo.

O estádio teológico corresponde à infância, o metafisico à juventude e o positivo sua maturidade. No estádio positivo não se admite a justificação teológica, nem a filosófica da realidade, mas a científica. O científico está ligado ao empírico e ao prático.

Fig.15: Augusto Comte (1798-1857)

Não nos admiraremos, então, se os estudos de realidades não empíricas forem negligenciados. O único conhecimento é o positivo. Este critério de cientificidade deita por terra todo o discurso relativo à religião e aos sentimentos que são constitutivos do Homem. A ciência, então, mostra-se como aquela que vem emancipar o Homem do obscurantismo, da tradição, da cultura, etc., tornando-o mais racional, procurando, cada vez mais, o seu bem-estar.

Limites e perigos do conhecimento científico

Desde a segunda metade do século XVII que a cultura ocidental assiste, fascinada, aos primeiros passos dados pela ciência e aos rápidos e francos progressos que esta realiza. São tão surpreendentes as suas realizações que o Homem se convenceu de que, finalmente, tinha nas suas mãos o instrumento necessário sua transformação em «senhor do Universo». Doravante, a ciência permitir-lhe-á o domínio não só da Natureza como também do Homem.
Confiante no poder da ciência, acreditou que ela poderia desenvolver-se desligada de qualquer outro poder e que ela só poderia trazer benefícios para a humanidade. O bem-estar, a melhoria das condições de Vida, a cura de todas as doenças, enfim, a felicidade seria a finalidade da ciência.
«Que tipo de relação é a do Homem com as máquinas que ele criou e com a produção ligada a estas máquinas? Se, por um lado, se pode entender como progresso a construção desta tecnologia, não será que esta é também um factor negativo, destruidor das relações humanas ou das relações entre a sociedade e a Natureza?»

Fig.17: Clonagem

Estas são as questões que podem ajudar-nos a reflectir sobre as consequências que a ciência provoca na humanidade. Com efeito, as limitações da ciência em responder aos problemas concretos do Homem fez com que a confiança outrora dada à ciência se questionasse. Retomando a classificação tripartida da história humana proposta pelo positivismo, observamos que o seu erro fundamental foi hipertrofiar o método das ciências experimentais, desvalorizando todo o tipo de saber diferente do proposto pelo seu método.

De facto, nos últimos decénios do século XIX e nos princípios do século XX estas tendência aventura, principalmente por dois motivos:
a)    O aprofundamento da pesquisa científica, que se tornava cada vez mais consciente dos próprios limites.
b)    A persistência de questões éticas e metafisicas, mesmo depois de o positivismo tentar sufocá-las como expressões da imaturidade do Homem, e a consciência de que somente uma visão espiritualista pode responder de forma adequada a tais questões.

Wolhelm Dilthey (1833-1911), um dos maiores representantes da nova corrente filosófica oposta ao positivismo, observava já que o método positivo das ciências experimentais satisfazia apenas as exigências do estudo dos fenómenos naturais, sendo absolutamente inadequado para o estudo e compreensão dos fenómenos culturais ou espirituais.

Bibliografia
CHAMBISSE, Ernesto Daniel; COSSA, José Francisco. Fil11 - Filosofia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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