Meios ou recursos de Ensino e Aprendizagem

MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução
Qualquer ensino, mesmo o mais tradicional que seja, apoia-se em meios ou recursos; alias, esta é uma particularidade inerente a todas actividades humanas que, para a sua realização, um mínimo de recursos materiais e humanos (para além de financeiros, em certos casos) se torna indispensável.
No caso do ensino trata-se sobretudo de meios que se devem utilizar para despertar a motivar a actividade dos alunos, ao mesmo tempo que poderão representar forma através da qual os conteúdos são representados e concretizados, tornando-os reais e palpáveis, próximos dos alunos.

Conceito, finalidades e critérios de utilização dos meios de ensino-aprendizagem

CONCEITO
Os «meios ou recursos de ensino (também podendo ser designados recursos didácticos) são todos os meios e recursos materiais e humanos utilizados pelo professor e pelos alunos para a organização e condução metódica do processo de ensino e aprendizagem». O ideal seria que toda aprendizagem se efectuasse em situação real de vida. Não sendo isso possível, os materiais/meios ou recursos de ensino tem por fim substituir a realidade, representando-a da melhor forma possível, de maneira a facilitar a sua intuição por parte do aluno.

Por outras palavras, os recursos de ensino são componentes do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno. Esses componentes podem ser o professor, os livros, os mapas, os objectos físicos, as fotografias, as fitas gravadas, as gravuras, os filmes, os recursos da comunidade, os recursos naturais e assim por diante.
material didáctico é uma exigência daquilo que está sendo estudado por meio de palavras, a fim de torná-lo concreto e intuitivo.

FINALIDADES DO USO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A partir deste conceito de «meios de ensino-aprendizagem», como antevíamos anteriormente, facilmente podemos chegar a conclusão de que os meios de ensino-aprendizagem são usados com vista a determinadas finalidades, dentre as quais, você deve ter mencionado as seguintes:
  • Aproximar o aluno da realidade do que se quer ensinar, dando-lhe noção mais exacta dos factos e fenómenos estudados;
  • Motivar e despertar o interesse dos alunos na aula;
  • Facilitar a percepção e compreensão dos factos e conceitos;
  • Concretizar e ilustrar o que está sendo exposto verbalmente (isto é, visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem);
  • Aproximar o aluno da realidade;
  • Desenvolver a capacidade de observação;
  • Desenvolver a experimentação concreta;
  • Economizar esforços para levar os alunos à compreensão de factos e conceitos;
  • Auxiliar a fixação da aprendizagem pela impressão mais viva e sugestiva que o material pode provocar;
  • Dar oportunidade de manifestação de aptidões e desenvolvimento de habilidades com o manuseio ou construção de aparelhos por parte dos alunos.
Em resumo, pode dizer-se que, na escola actual, o material didáctico, mais do que ilustrar, tem por fim levar o aluno a trabalhar, a investigar, a descobrir e a construir. Assume, assim, aspecto funcional e dinâmico, propiciando oportunidade de enriquecer a experiência do aluno, aproximando-o da realidade e oferendo-lhe oportunidade de actuação.

Entretanto, para que o material didáctico seja realmente auxiliar eficiente do ensino, deve obedecer as seguintes condições:
  • Ser adequado ao assunto da aula;
  • Ser de fácil apreensão e manejo;
  • Estar em perfeito estado de funcionamento quando, principalmente, se trata de aparelhos.
E, por outro lado, a utilização dos recursos de ensino deve ter em conta alguns critérios e princípios, nomeadamente:
  • Ao seleccionar um recurso de ensino deve-se ter em vista os objectivos a serem alcançados. Nunca se deve utilizar um recurso de ensino só porque está na moda;
  • Nunca se deve utilizar um recurso que não seja conhecido suficientemente de forma a poder empregar correctamente;
  • A eficácia dos recursos dependerá da interacção entre eles e os alunos. Por isso, devemos estimular nos alunos certos comportamentos que aumentam a sua receptividade, tais como a atenção, a percepção, o interesse, a sua participação activa, etc.
  • As condições ambientais podem facilitar ou, ao contrário, dificultar a utilização de certos recursos. A inexistência de tomadas de energia eléctrica, por exemplo, exclui a possibilidade de utilização de retroprojector, projector de slides ou de filmes.
  • O tempo disponível é outro elemento importante que deve ser considerado. A preparação e utilização dos recursos exige determinado tempo e, muitas vezes, o professor não dispõe desse tempo. Então deverá buscar outras alternativas, tais como: utilizar recursos que exigem menos tempo, solicitar a ajuda dos alunos para preparar os recursos, solicitar a ajuda de outros profissionais, etc.

CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Tradicionalmente os meios de ensino são classificados em: visuais (projecções, cartazes, gravuras), auditivos (rádio, gravações) e audiovisuais (cinema, televisão), apesar de se reconhecer que, na pratica, as expressões verbais, sonoras e visuais se complementam, fazendo com que os recursos/meios visuais, auditivos e audiovisuais muitas vezes sejam funcionais quando se utilizam de forma complementar.
Uma outra classificação de meios de ensino considera existirem:
  • a)   Meios/recursos humanos
  • Professor
  • Alunos
  • Pessoal escolar
  • Comunidade. 
  • b)   Meios/recursos materiais
Do ambiente
  • Natural (água, folha, pedra, etc.)
  • Escolar (quadro, giz, carteiras, etc.
Da comunidade
  • Bibliotecas, indústrias, lojas, repartições publicas, etc.
Para além da classificação acima, uma outra que podemos registar apresenta as seguintes categorias de meios de ensino-aprendizagem:

Categoria/tipo
Exemplos
Meios simples de trabalho
Cadernos, lápis,      esferográficas,          régua, escantilhão, compasso, giz, apagador, etc.
Moveis e equipamento geral das salas de aula
Carteiras e mesa do professor, armários/estantes, etc.
Objectos originais/naturais
Partes de seres vivos ou na sua totalidade, vivos ou mortos, exemplos mineralógicos, matérias primas, etc.
Reproduções ou imitações tridimensionais
Modelos didácticos: modelo do sistema solar, máquinas simplificadas
Aparelhos e aparelhagens para experiências e produção
Aparelhos de demonstração e medição, máquinas e ferramentas de produção, estojos de dissecação, microscópios, aparelhos em vidro (tubos de ensaio, pipetas, provetas, buretas, alambiques, etc.)
Meios visuais, auditivos e audio-visuais
Veja a classificação anterior.

IMPORTÂNCIA DOS MEIOS AUDIOVISUAIS

Os meios de ensino que acabamos de apresentar, podemos destacar aqueles cuja acção se faz mediante o uso da visão (meios visuais), da audição (meios auditivos) e, finalmente, aqueles que estimulam simultaneamente a visão e a audição (meios audiovisuais), colaborando para aproximar a aprendizagem de situações reais.

Quanto a utilização dos meios audiovisuais na sala de aula, devemos ter presente que o homem toma conhecimento do mundo exterior através de cinco sentidos. Pesquisas revelam que aprendemos:
  • o   1% através do gosto
  • o   1.5% através do tacto
  • o   3.5% através do olfacto
  • o   11% através do ouvido
  • o   83% através da vista.
E retemos:
  • §  10% do que lemos
  • §  20% do que escutamos
  • §  30% do que vemos
  • §  50 do que vemos e escutamos
  • §  70% do que ouvimos e logo discutimos
  • §  90% do que ouvimos e logo realizamos.

A partir destes dados concluímos que os cinco sentidos não têm a mesma importância para a aprendizagem. Concluímos também que a percepção através de um sentido isolado é menos eficaz do que a percepção através de dois ou mais sentidos. Por isso é importante utilizar métodos de ensino que utilizem simultaneamente os meios orais e visuais. Para reforçar essa importância dos recursos audiovisuais, apresentamos os dados do quadro abaixo que nos ilustram de que se retêm mais informações/dados por muito mais tempo se tiverem sido assimilados através de métodos de ensino que combinem a estimulação da visão e da audição dos alunos.


Método de ensino
Dados retidos depois de três horas
Dados retidos depois de três dias
Somente oral
70%
10%
Somente visual
72%
20%
Visual e oral simultaneamente
85%
65%

De facto, a partir destes dados surge a ideia de que o professor, para tornar a aula mais dinâmica e com maiores potencialidades de atingir os objectivos, deve combinar os meios auditivos com os visuais, evitando, quanto possível, utiliza-los separadamente.



Bibliografia
NIVAGARA, Daniel Daniel. Didáctica Geral – Aprender a Ensinar. Módulo de Ensino à distância, Universidade Pedagógica.PILETTE, Claudino. Didática Geral. 23ª Edição, editora ática. São Paulo, 2004.LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

Comentários

  1. Foi muito interessante, pois aprendi bastante. Saudações académicas!

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    1. Estamos felizes em poder ajudar Bernardo, obrigado pelo carinho!

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