Migração dos Continentes: Teoria da translação dos continentes, Teoria de Wegener, Teoria da tectônica das placas e Teoria das Correntes de Convecção

Migração dos Continentes

Há muito tempo que se levanta a hipótese de ter havido um super-continente que mais tarde se teria fragmentado, seguido por movimentos de separação e nalguns casos de aproximação entre grandes massas rochosas.

As ideias sobre a translação dos continentes foram motivadas pela quase perfeita justaposição dos contornos das costas atlânticas e da América do Sul, de Moçambique e Madagáscar e outros lugares.

Os estudos mais salientes sobre esta matéria foram desenvolvidos em forma de teorias, nomeadamente: a teoria da deriva dos continentes, a teoria das correntes de convenção e a teoria tectónica de placas.

Teoria da translação dos continentes

O alemão Alfred Wegener (1880-1930) apresentou em 1912 na sua obra a Origem dos Continentes e dos Oceanos «a Teoria da Deriva dos Continentes» ou «Translação dos Continentes», segundo a qual no princípio havia um único continente denominado Pangeia rodeado por um único oceano, o Pantalassa.

A partir do final do Paleozoico, o Pangeia fragmentou-se em Laurásia (América do Norte, Europa e Asia) e o Gondwana (América do Sul, Africa, Antárctida e Austrália).
Este processo consistia no deslizamento de material siálico sobre o sima até å formação dos actuais continentes.

Bases da Teoria de Wegener

As bases da Teoria de Deriva dos Continentes são:
  • Perfeita justaposição ou paralelismo das costas oriental da América do Sul e África Ocidental.
  • Existência de fósseis de hulha e outros minerais no Brasil, Uruguai, Cabo, Angola e Sudoeste Africano.
  • Existência de marsupiais na Austrália e na América que são argumentos zoogeográficos importantes.
  • Vestígios de glaciações idênticas na Austrália, Sul da África e América do Sul o que dê a ideia de que constituíam uma única região.
  • A orientação magnética é semelhante nestas zonas; supõem-se que os óxidos de ferro, lavas e arenito se formam no mesmo lugar e tempo.
  • Existência de provas que demonstram a ocorrência da deriva até aos nossos dias, dando conta de que, entre 1913-1927, Paris e Washington afastaram-se 4,5 m.
  • Afastamento de muitos países do pólo norte; por consequência diminuem as distâncias e África separa-se 5 cm por ano da América do Sul.

Objecções à Teoria de Wegener

Alguns cientistas não concordaram com a ideia de movimento dos continentes na era Mesozoica quando se admite que o manto era rígido, não sendo possível qualquer tipo de movimento. E por que razão teria sido apenas um bloco único e um só oceano? Wegener também não explicou a origem das forças que teriam movimentado os continentes. H. Jeffreys e R. Chamberlim foram os grandes opositores da teoria. De tal modo, que nos anos 30 a teoria contava com poucos apoiantes.

Objecções à teoria de convecção

Estudos recentes mostram que o esquema é demasiado simples para explicar uma realidade bastante complexa. Basta dizer que, neste caso, as placas pequenas deveriam deslocar-se a velocidades maiores do que as placas grandes, o que na realidade não se verifica.

Teoria da Tectónica das placas

A teoria tectónica de placas foi desenvolvida a partir dos finais da década de 1960, graças aos estudos de Mckenzie e R. Parker (1967) e W. J. Morgan (1968).
De acordo com estes cientistas, o movimento das placas pode estar na origem da deriva dos continentes, do alastramento do fundo oceânico e das actividades sísmicas e vulcânicas nas zonas de contacto.

Segundo esta teoria, a litosfera está dividida por placas rígidas com uma espessura provavelmente de 100 a 150 km. Estas placas – 7 principais e outras pequenas - estão assentes sobre o material fluido (astenosfera).

Principais placas
  • Placa Norte-americana – compreende a América do Norte e a metade ocidental do oceano Atlântico Norte, até sua dorsal.
  • Placa Sul-americana – compreende a América do Sul e a metade ocidental do oceano Atlântico Sul, até à sua dorsal.
  • Placa Pacífica – é formada apenas pela crusta do fundo oceânico, compreendendo quase todo o Oceano Pacífico, entre a dorsal existente e o Pacifico oriental.
  • Placa Euro-asiática – na sua maior parte é formada pelo continente euro-asiático, limitada a Sul e a Este pelas placas Africana, Indo-australiana e pacifica.
  • Placa Africana – compreende o continente africano e uma grande extensão do fundo oceânico, limitado pela dorsal Meso-Atlântica.
  • Placa Indo-australiana – é formada pelo subcontinente índico e Austrália, a maior parte do fundo do oceano índico e parte do Pacifico sul-ocidental.
  • Placa da Antárctica – ocupa o Pólo Sul com o continente Antárctico, estando limitada pelas placas Americana, Africana, indica e Pacifica.
As placas crescem por alastramento a partir dos riftes médios oceânicos e são destruídas nas fossas. O processo de crescimento obriga a movimentos relativos das placas, separadas umas das outras pela zona de crescimento ou de destruição, ou por zonas de fracturas transversais.

Com base nesta teoria, explica-se que os riftes e as cristas médias oceânicas são lugares de muita actividade sísmica e ligam-se à zona de fracturas transversais, arco-insulares, fossas marinhas e cadeias orogénicas recentes.

As zonas de contacto das placas dividem-se em zona de divergência, convergência e de falhas transformantes que constituem zonas de muita instabilidade tectónica.

Zona de divergência: à medida que as placas se afastam uma da outra, o material rochoso, mais ou menos fluido, da atmosfera vai preenchendo a zona de separação e arrefecendo, acabando por aderir as placas divergentes.

Zona de convergência: resulta na concentração da crusta continental sob a forma de cadeias montanhosas. No mar, é responsável pela formação de ilhas, em certos casos associa-se aos movimentos sísmicos e vulcânicos ou estruturas de enrugamento.

Zona de falhas transformantes: em numerosas áreas, as placas adjacentes deslocam-se horizontalmente umas em relação as outras. Definem-se, assim, falhas transformantes de vários tipos.
Fig: Limites das placas tectónicas


Teoria das Correntes de Convecção

Esta teoria foi desenvolvida por Arthur Holmes, em 1929, como base para explicar a Teoria da Deriva dos Continentes. Segundo esta corrente, admite-se a existência de correntes de convecção no interior da Terra, com reservatório de calor produzido pela desintegração radioactiva e com sede na astenosfera.

O calor é emitido continuamente para a superfície em forma de correntes quentes ascendentes ao longo dos riftes, divergindo paralelamente à crusta, à medida que arrefecem, acabando por mergulhar na profundidade da Terra ao longo das fossas, onde serão reaquecidos para voltarem a subir e arrastando à sua volta a litosfera, como se fosse um tapete rolante, ou o movimento de uma panela de doce fervente. O fundo é mais quente, a massa sobe, move-se para os lados, esfria, desce, recomeçando o movimento.

Deste modo, a deriva dos continentes seria uma consequência das correntes de convecção. Com base nesta teoria, explica-se a ocorrência de afundamentos e levantamentos, além de que se confirma que as rochas podem ser moldadas ou deformadas ainda no estado sólido quando submetidas a altas temperaturas e pressão.


Bibliografia
WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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