Os Moluscos
3.3. Moluscos
Os moluscos (Mollusca) compreendem animais com uma variedade morfológica bem clara. O filo dos moluscos é, com o dos artrópodes, o maior filo dos invertebrados: existem mais de 130 000 espécies descritas recentemente e outras 35 000 espécies fósseis.
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Fig. 41: Desenho esquemático de um molusco ancestral hipotético com corpo ovóide. |
Características gerais
Tendo evoluído dos seus ancestrais, que possuíam características mais primitivas do filo, os representantes recentes demonstram as seguintes características gerais:
- Corpo mole;
- Sistema nervoso ventral (pertencem aos Gastroneuralia);
- Segmentação espiral (pertencem aos Spiraiia);
- A boca primitiva (embrionária) é mantida no adulto (pertencem aos Protostomia);
- Simetria bilateral, mas o corpo não está segmentado;
- O corpo está claramente dividido em três regiões: cabeça .com a boca, os olhos, as antenas, os tentáculos);
- Pé ou sola rastejante (bastante musculoso e rico em glândulas), saco visceral dorsal, de parede firma, que congrega a grande parte dos órgãos internos;
- Epiderme subjacente à concha, chamada de manto ou pálio, que é responsável pela secreção do material de construção da concha;
- Na cavidade bucal, localiza-se a rádula, que é responsável pela raspagem dos alimentos através de numerosos dentes de formatos diferentes;
- Locomoção baseada na sola rastejante.
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Fig. 42: Peça dentária da rádula: inseridos no odontóforo. |
Os moluscos tom as seguintes características fisiológicas:
- Sistema vascular e sanguíneo aberto;
- Sistema nervoso formado por um anel nervoso em redor do esófago, de onde saem cordões que inervam diferentes órgãos; é ventral;
- Quanto à reprodução, os moluscos são dioicos com fertilização interna, resultando dela uma larva planctónica (faz parte do plâncton);
- O padrão de clivagem é do tipo espiral; a primeira larva que resulta da embriogénese é a larva trocófora, que se desenvolve em larva véliger.
Ecologia e modo de Vida
Os moluscos conquistaram os mais variados habitats, encontrando-se no mar, na água doce (poucos) e na terra. Na terra encontram-se apenas os membros da classe gastrópode que desenvolveram uma espécie de pulmão, além de outras adaptações morfológicas e comportamentais para suportarem a vida na terra seca.
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Fig. 43: Desenho esquemático da larva trocófora. |
Sistemática e filogenia dos moluscos
O esquema seguinte sumariza o sistema natural dos moluscos.
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Fig. 45: Sistemática resumida do filo dos moluscos. |
Os moluscos incluem os gastrópodes ou, no senso comum, os caracóis (classe Gastrópode), os bivalves (Bivalvia) e os cefalópodes (Cephalopoda). Os mais representativos da última classe são as lulas e os polvos. Em relação aos bivalves, conhecemos os mexilhões, as ostras e as amêijoas. Os gastrópodes incluem os caracóis terrestres e aquáticos bem vulgares, mas também os caramujos (sem concha) fazem parte deste grupo de moluscos. Os outros grupos dos moluscos são pouco conhecidos:
- Classe Aplacophora – aplacóforos ou solenogastros, moluscos vermiformes.
- Classe Polyplacophora – poliplacóforos, moluscos cobertos por várias placas.
Fig. 46: Poliplacóforo. |
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Fig. 47: Aplacafóro Neomenia. |
Classe Gastrópode
A classe gastrópode, em que se inserem os caracóis, constitui o maior grupo dos moluscos (perto de 80 000 espécies). Possuem uma cabeça bem destacável do resto do corpo, na qual se localizam a boca, dois pares de antenas, os tentáculos e os olhos.
A concha encontra-se espiralada (forma espiral) em consequência da rotação do saco visceral. Uma das características do grupo é a torção que o corpo sofreu na evolução filogenética.
Fig. 48: Caracol: Hekix pomatia. |
O pé rastejante é muito vasto. Em muitas formas de caracóis, desenvolve-se uma estrutura que serve para fechar a abertura da concha, o opérculo, que tem a função de regulação das águas. O opérculo é uma estrutura córnea.
Quanto à reprodução, tanto existem organismos dióicos, como monoicos. Nos gastrópodes, encontramos todos os hábitos alimentares: herbivoria, carnívora, saprofagia. Existem também detritívoros e alguns parasitas.
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Fig. 49: Anatomia do caracol. |
Classe dos bivalves
Os bivalves surgiram na era câmbrica e constituem actualmente um grupo muito diversificado, com cerca de 15 000 espécies. A separação das diferentes subclasses faz-se pelo tipo e estrutura das guelras nos organismos vivos e pelas características das valvas nos bivalves fósseis. O mexilhão, a amêijoa e a conquilha são exemplos populares de bivalves que servem como alimento ao Homem.
As duas valvas unem-se dorsalmente através de uma estrutura chamada ligamento e articulam entre si, por meio de elementos protuberantes da concha, os dentes, cujo desenvolvimento é diferenciado mesmo dentro do mesmo género.
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Fig. 50: Morfologia geral de um Bivalve. |
Para o fecho e abertura da concha, desenvolveram-se músculos poderosos (adutores e retratores). Este sistema muscular dos bivalves demonstra uma certa complexidade.
As duas valvas demonstram geralmente uma simetria bilateral. Há formas que perderam esta Clara estrutura bivalve (é o caso das ostras).
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Fig. 51: Anatomia de um bivalve. |
Os cefalópodes
Os membros da classe cefalópode possuem literalmente «pés cefálicos» na cabeça. Nesta classe dos moluscos, incluem-se a lula, o loligo, o calamar, a sépia, o náutilo, o polvo, etc. São todos animais com hábitos predadores e com uma capacidade extraordinária para a predação: olhos hem desenvolvidos comparáveis aos dos vertebrados, com músculos e ventosas preênseis.
No acto de predação, para protecção, os cefalópodes podem mudar de cor. Esta mudança de cor deve-se aos cromatóforos, células pigmentares carregadas de cor existentes superfície do corpo.
Muitos deles possuem um dos braços orais transformado em órgão copulador (ectocótilo).
O seu desenvolvimento supera, de longe, o de todos outros moluscos. Acompanha esta evolução do grupo um elevado grande cerebralização.
Fig. 52: Polvo. |
Fig. 53: Calamar. |
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Fig. 55 Estruturas utilizadas no estudo classificativo dos cefalópodes. |
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Fig. 55: Estruturas utilizadas no estudo classificativo dos cefalópodes. |
Bibliografia
PIRES, Cristiano; LOBO, Felisberto. Biologia 11ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
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