Os Sismos (Tudo sobre sismos)

Os Sismos

Os são movimentos vibratórios da superfície terrestre, resultantes de deslocamentos de massas rochosas da crusta ou do manto (Fig. 1).

Fig.1: Propagação de um sismo

Causas dos sismos

Os sismos podem ser originados por causas naturais ou artificiais. Entre causas naturais podem se indicar:
  • Deslizamento de um bloco rochoso em relação ao outro, segundo um plano de falha. 
  • Abatimento de cavernas.
  • Erupção vulcânica.
  • Ruptura em falha activa.
  • Libertação de energia em forma de calor e de ondas que se propagam no interior da Terra.
As causas artificiais podem ser em desabamento de minas, explosões em minas e pedreiras, explosões nucleares, armazenamento da água em barragens e em injeções de fluidos em furos.

A teoria do ressalto elástico, formulada por Harry F. Reid (1910), permite compreender o mecanismo fundamental da geração dos sismos em falhas.

As forças tectônicas acumuladas em profundidade originam um deslocamento progressivo das camadas rochosas em sentido contrário ao da falha, provocando a deformação das rochas que se situam junto a ela. medida que se acentua a deformação, aumenta a energia potencial e quando é ultrapassado o limite de resistência à deformação, os blocos rochosos dos dois lados da falha ressaltam elasticamente.

Os sismógrafos registam anualmente milhares de sismos, mas só uma pequena parte é perceptível e só dois ou três sismos têm efeito destrutivo. Os sismos ocorrem quando as massas magmáticas se movimentam: por forças distintivas, compressivas ou de alinhamento de estruturas. Estas forças, actuando continuamente, acumulam tensões que, a dado momento, ultrapassam o limite da plasticidade do material rochoso, provocando a ruptura com enorme libertação de energia.

Actualmente, há uma rede sismográfica mundial que comporta mais de 2 500 estações, a maioria das quais estão concentradas na Europa, Asia e América e algumas em África.

Em Moçambique, a estação principal encontra-se no Instituto Nacional de Meteorologia (INAM). Em Fevereiro de 2006, foi registado um sismo de 7.5 graus na escala de Richter, na província de Manica.

Estrutura do sismo

A zona de abalo ou de origem tem o nome de foco ou hipocentro, e o ponto de superfície que fica precisamente em Cima é o epicentro como pode ver na figura 20. De acordo com a profundidade do foco podem distinguir-se sismos superficiais entre 0 - 70 km sismos intermédios de 70 - 300 km e sismos profundos de 300 - 700Km.

A energia sísmica dispersa-se a partir do foco, em todos os sentidos por meio de ondas, que ao chegar superfície origina abalos sucessivos que normalmente são registados por sismógrafos. Os sismos de menor intensidade chamam-se microssismos e os de maior chamam-se macrossismos. Os microssismos são frequentes, mas passam despercebidos.

Ondas sísmicas e sua propagação

As ondas sísmicas são movimentos vibratórios de partículas que se propagam a partir do foco, segundo superfícies concêntricas e podem-se distinguir ondas: P, L, S e R.

As ondas P chegam em 1.0 lugar: são de maior velocidade, a sua amplitude é pequena, são longitudinais (pois as oscilações fazem-se paralelamente em direcção ao avanço) e de compressão, propagando-se através dos sólidos, dos líquidos e dos gases.

As ondas S ou de cisalhamento são ondas que chegam em 2.0 lugar, são de menor velocidade, amplitude e transversais; as oscilações fazem-se perpendicularmente em direcção ao avanço, propagando-se nos sólidos.

As ondas L chegam em último lugar; complexas, são conhecidas por ondas «love» com oscilações horizontais e perpendiculares, propagam-se através da crusta a uma velocidade constante e com um enorme efeito destruidor.

Ondas (R) Rayleigh são ondas superficiais e propagam-se em meios sólidos, igualmente com enorme poder destrutivo.

Sismologia é um ramo das ciências geofísicas que trata da interpretação física dos sismos e dos seus efeitos. O seu objectivo é quantificar a energia libertada, de conhecer o modo de propagação das ondas sísmicas e a sua relação com a constituição do globo terrestre.

Intensidade e magnitude dos sismos

A intensidade dos sismos em qualquer região é definida, em termos comparativos, com base nas destruições e na maneira como as vibrações foram sentidas pelas pessoas. Antes do abalo, ocorrem os abalos premonitórios ou preliminares que alertam sobre a ocorrência sísmica.

O abalo sísmico é seguido por abalos de menor intensidade: as réplicas, que duram dias ou mesmo semanas e que correspondem a movimentos de reajustamento ao longo do plano da falha onde se originou o sismo.

A intensidade dos sismos depende da energia libertada do foco, da distância ao epicentro, da natureza rochosa e da estrutura do terreno. A intensidade do abalo na Terra é avaliada pelos efeitos sobre obras, objectos e é com base nisso que se elabora a carta de isossistas, traçando em torno do epicentro linhas curvas que unem os pontos onde o sismo atingiu a mesma intensidade. Estas linhas denominam-se isossistas.

Instrumentos de medição dos sismos

Os instrumentos de medição dos sismos são os sismógrafos que registam a hora e a duração das várias ondas sísmicas provocadas por um sismo.

O primeiro aparelho para medir a intensidade e a duração dos sismos foi inventado pelo cientista italiano Luigi Palmieri, em 1855, e consistia num conjunto de tubos de vidro em forma de U, contendo mercúrio.

Hoje, os sismógrafos são constituídos basicamente por uma bola de ferro suspensa a um arame muito fino. Quando a Terra treme, a massa pesada mantém-se praticamente imóvel devido ao arame, e a estrutura que o suporta dobra-se facilmente, uma vez colocada a agulha de escrita no peso de forma a tocar num rolo com papel enrolado em seu redor; à medida que as vibrações se geram, são traçadas linhas onduladas no referido papel (Fig. 2).

As vibrações fortes produzem ondas de grande amplitude e os tremores débeis darão ondas de fraca amplitude. Quanto maior a frequência, mais numerosas e próximas serão entre si as ondas do traçado P, S, L e R.

Fig.2: Sismógrafo vertical e horizontal.


Escala de intensidade sísmica

Dos vários estudos sobre magnitude e intensidade sísmica foram produzidas várias escalas, sendo as mais importantes a escala de Rossi-Forel (1883), Mercalli (1902), Sieberg (1923) e Wood Newman (1931). Ultimamente, é mais divulgada a escala de Richter, que é o aperfeiçoamento da escala de Mercalli, e que está graduada de 1 – 12.
No quadro a seguir, apresenta-se uma tabela da escala de Mercalli modificada:

Intensidade ou grau
Índice Qualitativo
Descrição dos efeitos
I
Imperceptível
Detectado só pelos instrumentos.
II
Fraco
Sensível para certas pessoas em repouso. Os objectos suspensos oscilam.

III

Ligeiro
Vibração semelhante à de um camião. Carros parados deslocam-se. Sentido por pessoas, em geral de noite.

IV

Moderado
Sentido no interior das casas, algumas pessoas acordam com o barulho semelhante ao de um camião contra um edifício, vibração de pratos e janelas, as portas rangem.

V

Ligeiramente forte
Sentido pela maioria das pessoas: muitas   acordam, o estuque cai, os partem relógios de pêndulo podem parar, as portas rangem.

VI

Forte
Sentido por todos, muitos assustam-se, as chaminés caem, a mobília desloca-se, os sinos tocam.


VII


Muito Forte
Alarme geral: muitas pessoas fogem, edifícios de estrutura precária são danificados. Sentido nos carros em movimento. Algumas chaminés caem. Formam-se ondas nos rios e lagos, a água turva.


VIII


Destruidor
Alarme geral, toda a gente foge, estruturas frágeis são fortemente atingidas, há ligeiras alterações nas estruturas principais, queda de monumentos. Mobília pesada virada, árvores oscilam. Nas vertentes desprendem-se blocos.


IX


Ruinoso
Pânico. Destruição total das estruturas frágeis. Danos importantes nas grandes construções. Fundações afectadas. Canalizações estoiradas. Fissuras no terreno. Vítimas nos escombros.


X


Desastroso
Pânico: só os melhores edifícios se mantêm. Fundações arruinadas. Os carros dobram. O chão é fortemente afectado. Grandes deslizamentos. A água dos rios e lagos é atirada para as margens.

XI

Muito desastroso
Pânico: poucas estruturas resistem. Largas fendas no terreno, com levantamentos e abatimentos.

XII

Catastrófico
Grande pânico: destruição total. Terreno ondula, podendo aparecer falhas. Objectos voam. Os rios mudam de curso, lagos desaparecem e formam-se outros.

Efeitos dos sismos

Os sismos podem alterar a morfologia de uma região, provocando o desmoronamento de montanhas, desprendimento de terras, aluimentos, deslizamentos ao longo das encostas, avalanches de neve, podem provocar desvio de rios, originar quedas, formar lagos, fendas e desnivelamentos, dar origem a vulcões, formação de ondas Tsunami, nas zonas urbanas podem destruir cidades, provocar mortes de milhares de pessoas, incêndios, roturas nas canalizações de água e de combustíveis.

Distribuição geográfica dos sismos

As zonas de maior intensidade sísmica são:
  • Zona Circumpacifica
  • Zona Alpino-HimaIaia
  • Zona sísmica Médio-oceânica
  • Zona sísmica do vale do Rifte Afro-arábico.
Zona Circumpacífica é uma vasta zona com muitos abalos sísmicos compreende a península de Kamchateca e passa pelas Curillas até às ilhas do Japão. Depois subdivide-se em dois ramos, um passando pelas ilhas Formosa e Filipinas e outro pelas Marianas, Nova-Guiné, ilhas Fiji e Nova Zelândia. Esta zona engloba também toda a costa ocidental da América desde a Terra do Fogo até ao Alasca e liberta 80% de toda a energia sísmica.

Zona Alpino-Himalaia esta zona representa 15% de toda a energia sísmica e engloba o sistema Himalaio-AIpino: inclui o norte de Africa, Península Ibérica e passa pela Itália, Grécia, Turquia, Irão, Tibete até à Indonésia.

Zona sísmica Médio-oceânica situa-se na zona atlântica, desde as ilhas Spitsbergen até à Antártida, na crista central, abarca os Açores e inclui também a zona oceânica do índico.
Zona sísmica do vale do Rifte Afro-arábico.

Importância dos sismos

Os sismos não podem ser vistos apenas sob o ponto vista destrutivo porque são fenómenos que permitem estabelecer o equilíbrio de forças na Terra ao dissipar as tensões no seu interior e acelerar as transformações geomorfológicas, tais como, a criação de fendas, deslocação de blocos e rejuvenescimento do seu aspecto exterior da superfície.

Bibliografia
WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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