Os tetrápodes

3.6.2. Os tetrápodes

Este grupo dos vertebrados compreende animais com quatro extremidades (patas) locomotoras, independentemente das transformações que estas tenham sofrido em adaptação ao tipo de locomoção nos diferentes meios. Os anfíbios são os únicos tetrápodes anamniotas (Anamniota), isto é, com um embrião que não apresenta âmnio; todos os outros são anamniados.

O grupo dos tetrápodes poderá ter evoluído a partir de um peixe com nadadeiras lobadas (Sarcopterygii).

Classe dos anfíbios

Os anfíbios são animais poiquilotérmicos. São os tetrápodes mais antigos da Terra; foram descritas mais de 4000 espécies. Dominam a Vida nos ambientes de terra seca e aquática.

Características principais

A sua pele é lisa, fina, húmida e glandular, coberta de muco, bastante vascularizada, sem escamas ou placas, apta para a respiração cutânea, que nesses animais chega a ser mais importante do que a respiração pulmonar.

Os anfíbios têm o crânio largo e achatado, quando comparado com a maioria dos peixes.

Como não existe palato secundário, as coanas abrem-se na região anterior do tecto da boca. Em alguns, pode não haver nenhum dente, enquanto noutros podem estar ausentes apenas na mandíbula.

O número de vértebras é bastante variável (10 a 200). O esterno não se liga às vértebras.

Fisiologia

Para a Vida anfíbia, estes animais desenvolveram respiração pulmonar e cutânea; no estágio larval, ocorre respiração branquial.

O seu coração tem três cavidades: duas aurículas e um ventrículo. O sangue arterial, que entra na aurícula ou átrio esquerdo, e o sangue venoso, que chega à aurícula ou átrio direito, vão juntar-se no nível do ventrículo único. Por isso, diz-se que a circulação desses animais é fechada, dupla, porém incompleta (há mistura de sangue arterial com sangue venoso).

Ao nível do sistema nervoso e sensorial, pode dizer-se que a maioria dos anfíbios desenvolveu como particularidade um ouvido médio e membrana timpânica.

Os anfíbios evitam temperaturas extremas e muito secas porque não têm regulação da temperatura do corpo. Durante o Inverno, rãs e salamandras aquáticas hibernam no fundo de lagos e rios que não congelam; sapos e salamandras terrestres enterram-se ou vão até abaixo da linha de congelamento.

Durante a hibernação, todos os processos vitais são extremamente reduzidos.

Para a sua reprodução, a maioria das espécies de anfíbios deposita ovos: na água, na terra ou podem eclodir em larvas aquáticas ou em miniaturas dos adultos terrestres. O desenvolvimento ocorre por metamorfoses: a larva chama-se girino, com brânquias (inicialmente externas e depois internas) e com barbatana caudal. Os adultos adquirem pernas e pulmões. A cauda desaparece. A fecundação é externa, na água, onde se dá a fertilização, não havendo há copula verdadeira. Os anfíbios possuem capacidade de regeneração de órgãos externos desprendidos (por exemplo, a cauda). Esta capacidade denomina-se autotomia.

Fig. 85: Desenvolvimento embrionário de salamandra.


Sistemática dos anfíbios

Os anfíbios derivam de um ancestral semelhante a um peixe. Estão descritas três ordens.

  • Ordem Urodela ou Caudata: são as salamandras; com cauda bem desenvolvida; membros sempre presentes, mas podem estar reduzidos; o corpo é alongado; quase todas elas são aquáticas.

As salamandras são conhecidas por manterem as características larvais no adulto (pedomorfose): linha lateral funcional, ausência de pálpebras e presença de brânquias externas.

  • Ordem Anura: os anuros compreendem os sapos, as rãs e as pererecas. A característica principal é a locomoção por salto. Outra é o desaparecimento da cauda larval no adulto, dai o nome anura, que significa sem cauda. Anuros são cosmopolitas (estão praticamente em todo globo terrestre), com cerca de 3500 espécies. Muitas espécies de anuros são comestíveis e entram na gastronomia internacional (Rana esculenta).
  • Ordem Gymnophiona ou Apoda: parecidos com as cobras, sem patas locomotoras («ápode» significa desprovido de pernas, patas). Inclui as cobras-cegas.

Fig. 86: Formas de anfíbios: urodela (A), anura (B) e ápode (C).


 Bibliografia

PIRES, Cristiano; LOBO, Felisberto. Biologia 11ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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