Plantas angiospérmicas

2.9.3. Plantas angiospérmicas

Esta subdivisão é conhecida também como MagnoliophytinaAngiospermae ou, vulgarmente, angiospérmicas (do grego “angios” — urna e «spenna» — semente). São plantas espermatófitas, cujas sementes estão protegidas por uma estrutura denominada fruto. Trata-se do maior e mais recente grupo de plantas, com cerca de 230 mil espécies, com este número elas superam em cerca de 90% o número de todas as plantas verdadeiras. Mesmo assim, existem ainda espécies não identificadas (sobretudo nos trópicos).

As angiospérmicas colonizaram todos os habitats, podendo ser encontradas na água e na terra.

Suportam quase todos os habitats possíveis. Podem ser herbáceas ou lenhosas e chegam a atingir alturas superiores a 150 m, como é o caso do eucalipto.

A flor

Nas angiospérmicas, destacam-se folhas estéreis e folhas reprodutoras as flores.

As flores são primariamente monóicas e possuem um perianto (conjunto de peças florais que constituem o da flor e que pode estar diferenciado em corola e cálice).

Nas flores destacam-se os estames, que são órgãos reprodutores masculinos – microesporofilos – e os carpelos, órgãos reprodutores femininos – megaeseorofilos. Uma das regiões do carpelo é o ovário, um compartimento fechado onde estão os óvulos.

A flor é constituída por:

  • um pedicelo curto com vários nós e com entrenós muito curtos;
  • um receptáculo; o cálice é constituído pelas sépalas, em número variado;
  • urna corola formada pelas pétalas, cujo número é igualmente variado.

Cálice e corola são peças florais estéreis. No conjunto, designam-se por perianto. As folhas florais férteis são os estames, que, no seu conjunto, formam o androceu (masculino) e os carpelos, que, por seu turno, constituem o gineceu (feminino). A todas as estruturas morfológicas florais chamamos verticilos.

Fig. 37: Constituição das peças florais.


Fig. 38: Morfologia externa da flor.


Ciclo de Vida de uma planta angiospérmica

pólen germina no estigma. Após a polinização e subsequente fecundação, forma-se o fruto: a parede do ovário origina o pericarpo (endo, meso e exocarpo). Dos óvulos fecundados desenvolvem-se as sementes, que ficam encerradas no interior do pericarpo.

Fig. 39: Ciclo de vida das plantas angiospérmicas.


Quanto à polinização, ela pode ser directa (na mesma flor) ou cruzada (agentes polinizadores: insectos, aves, pequenos mamíferos). Apos ter ocorrido a fecundação, a flor começa a transformar-se em fruto. As pétalas murcham e caem. A partir do ovo, desenvolve-se o embrião. As suas voltas formam-se as reservas alimentares. Este conjunto constitui a semente.

A parte que protege a semente pode conter reservas e é formada a partir do ovário, originando o pericarpo.

A constituição da semente é a seguinte:

  • Tegumento ou casca. com função de protecção e disseminação;
  • Amêndoa: tecido de reserva utilizado na formação do embrião;
  • Embrião: constituído por um eixo embrionário dividido em duas partes – radícula e caulículo.

Estruturas da semente.
Fig. 40: Estruturas da semente.


Fig. 41: Processo de frutificação


A partir da radícula vai originar-se a raiz da nova planta. O caulículo é responsável pelo caule da nova planta. Das gémulas nascem as futuras folhas da nova planta.

Fig. 42: Processo de germinação do feijão


Frutos

Os frutos são as estruturas que, nas angiospérmicas, contem as sementes. Resultam do desenvolvimento de folhas carpelares fechadas, encontrando-se os óvulos encerrados dentro de um ovário. O termo fruto é utilizado para designar as estruturas que contém as sementes provenientes de um ovário súpero, utilizando-se o termo pseudofruto, ou pseudocarpo, para designar aquelas provenientes de um ovário ínfero. Em princípio, podemos dividir a parede do fruto (pericarpo) em: exocarpomesocarpo e endocarpo.

Classificação dos frutos

Fig. 43: Tipos de frutos.


A folha

As folhas nascem geralmente nos caules ou nos ramos. Numa primeira fase, o primórdio foliar (o início da formação foliar) tem crescimento apical originado por um meristema apical e alongamento apical.

Uma folha completa possui, além do limbo, um pecíolo e uma parte basal que, muitas vezes, se desenvolve numa bainha e em estipulas. A planta pode apresentar folhas de diferentes formatos (heterofilia).

As folhas são classificadas tendo em conta três critérios essenciais: nervaçãocontorno do bordo e divisão do limbo.

Morfologia de uma folha séssil.
Fig. 44: Morfologia de uma folha séssil.


Classificação das folhas quanto ao contorno do bodo.
Fig. 45: Classificação das folhas quanto ao contorno do bordo.


Fig. 46: Classificação das folhas quanto à posição do caule


Fig. 47: Classificação das folhas quanto à forma.


Fig. 48: Classificação das folhas quanto à nervação.


As funções da folha são, sobretudo, de protecção (espinhos dos cactos, catafilos da cebola, brácteas de muitas plantas para a protecção das flores), mas também servem para atrair animais para polinização, e para nutrição (cotilédones). Também existem folhas insectívoras e folhas suculentas.

A raiz

A raiz é um órgão geralmente subterrâneo, aclorofilado (sem clorofila) e especializado na fixação da planta e na absorção de água e sais minerais, sendo estas as suas principais funções. Mas existem várias outras que resultam das adaptações ao meio.

Estrutura da raiz

Os constituintes da raiz são os seguintes:

  • Coifa – uma estrutura em forma de cone, constituída por um tecido resistente, cujas células são substituídas continuamente e que protege O meristema primário. E, por assim dizer, a região de penetração no solo;
  • Região lisa, ou região de crescimento, protegida por um tecido epidérmico, onde ocorre a absorção de alimentos;
  • Zona pilosa, com pêlos absorventes, os quais servem para aumentar a área de absorção de alimentos;
  • Região suberosa, constituída por células com suberina, uma substância protectora, onde se localizam as ramificações da raiz (região de ramificação).

Fg. 50: Esquemas gerais da morfologia externa da raiz.


Classificação das raízes

Há vários critérios para a classificação das raízes. As grandes classes referem-se a:

  • Raízes fasciculadas, típicas das angiospérmicas monocotiledóneas, formando um conjunto de raízes finas que têm origem num único ponto (não se percebe nesse conjunto de raízes uma raiz nitidamente mais desenvolvida do que as restantes),
  • Raiz aprumada, distinguindo-se a raiz principal, que tem uma penetração vertical ao solo; ocorre nas angiospérmicas dicotiledóneas.

Fig. 51: Raiz fasciculada (a esquerda) e raiz aprumada (a direita)


Existem outras classes de raízes:

  • Raízes respiratórias – encontradas nos mangais, designadas também por pneumatóforos;
  • Raízes tuberosas – servem para reservar nutrientes (beterraba, cenoura, etc.);
  • Raízes de suporte – crescem a partir do caule e auxiliam a sustentação da planta (milho);
  • Raízes tabulares – raízes secundárias, espessas, que auxiliam a sustentação e fixação da planta, que encontramos, por exemplo, na árvore de borracha, Ficus SP.

Fig. 52: Diversos tipos de raízes: respiratória, tuberosa, de suporte e tabular.


O caule

Uma planta angiospérmica tem o corpo dividido em estruturas vegetativas (raízes, caules e folhas) e estruturas reprodutoras (flores, frutos e sementes)

O caule tem como funções:

  • Suportar as folhas, flores e frutos;
  • Conduzir a seiva elaborada (substâncias orgânicas) e a seiva bruta (água e sais minerais);
  • Armazenar reservas alimentares e água.

O caule é constituído por:

  • Nó – o local de onde saem as folhas ou os ramos;
  • Entrenós – a parte compreendida entre dois nós;
  • Gema lateral – estes podem desenvolver-se, originando ramos com tolhas e flores;
  • Gema terminal – origina novos brotos no vegetal.

Classificação dos caules

Localização/habitat

Tipo

 

 

 

 

Aéreo

Tronco (caule das árvores). Ex.: eucalipto, mangueira e cajueiro.

Haste (caule das ervas, verde, mole e fino). Ex.: feijoeiro.

Estipe (cilíndrico sem meristemas secundários) Ex.: palmeiras.

Colmo (dividido em gomos). Exs.: gramíneas, bambu, caniço.

Trepador (trepadeira) - (que se agarra por gavinhas). Ex.: videira.

Estolão (rastejante, que se vai alastrando pelo chão). Exs.: morangueiro, cacana, gramas.

 

 

Subterrâneo

Rizoma (caule subterrâneo, armazena amido). Ex: gengibre, iris e bananeira.

Tubérculo (ramo de caule que intumesce para armazenar reservas). Exs.: mandioca, caládio, tinhorão e dália.

Bolbos tunicados (apresentam catáfilos suculentos dispostas de maneira concêntrica). Exs.: cebola.

Bolbos compostos (formado por vários bolbos tunicados). Ex.: alho.

Colma (semelhantes aos bolbos, bolbos maciços). Ex.: açafrão.

Aquático

Com parênquimas aeríferos, que servem para respiração e flutuação. Ex.: aguapé.

 Fig. 53: Da esquerda para a direita: amarílide (bolbo); espada-de-são-jorge, rizoma de batata e tubérculo.

Há algumas adaptações especiais do caule:

  • Gavinha: órgão de fixação que se enrola como mola. Ex.: videira, maracujeira, planta de cacana;
  • Gspinho: estrutura endurecida e pontiaguda originada directamente do caule. Ex.: limoeiro e laranjeira;
  • Gcúleo: apêndices do caule. Ex.: roseira e amoreira.

Classificação do caule quanto à consistência

Tipo

Características

Herbáceo

Temos, geralmente clorofilados. flexíveis, mão lenhificados, característico das ervas. Ex: videira.

 

Sublenhoso

Lenhificados apenas na região basal, mais velha, junta às raízes, e tenros no ápice. Ocorrem em muitos subarbustos. Ex: em muitas eufórbias.

 

Lenhoso

Bastante lenhificados, rígidos, geralmente de grande porte e com um considerável aumento em diâmetro, coma por exempla. os troncos das árvores. Ex: canhoeiro, embondeiro.

 

Outras classificações

  • Ervas: geralmente pouco desenvolvidas, de consistência herbácea, tenras devido à ausência de crescimento secundário.
  • Subarbustos: plantas que alcançam cerca de 1,5 m de altura, cujos ramos são sublenhosos.
  • Arbusto: plantas de altura média inferior a 5 m, resistentes, com ramos lenhosos, sem um tronco predominante, porque o caule se ramifica a partir da base. Ex.: ixora.
  • Arvore: plantas de altura superior a 5 m, geralmente com um tronco nítido que apresenta crescimento secundário, sendo que a parte erecta constitui a haste e a ramificada constitui a copa.
  • Arvoreta: árvore de pequeno porte ou com tronco principal muito curto.

 

Bibliografia

PIRES, Cristiano; LOBO, Felisberto. Biologia 11ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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