Reino Plantae

2.8. Reino Plantae

Animais e plantas constituem o patamar mais evoluído no desenvolvimento dos seres vivos.

Devido sua multicelularidade, estes grupos taxonómicos são aqueles que major impacto evidenciam nos ecossistemas terrestres ocupados pelo Homem,

As plantas e o meio terrestre

A grande maioria das plantas vasculares é terrestre, mas algumas ocupam zonas húmidas. Estas plantas, as mais evoluídas na 'Terra, surgiram possivelmente a partir de um ancestral aquático, talvez de uma alga verde há já mais de 400 milhões de anos. Apresentam elevada diferenciação tecidular, originando Órgãos como caules, raízes e folhas. Os tecidos vasculares transportam água e alimento para toda a planta.

As plantas apresentam importantes adaptações ao meio terrestre devido às seguintes propriedades:

  • Cutícula ou cutina – cobertura cerosa das folhas e alguns caules que impedem a excessiva perda de água;
  • Estomas – aberturas na superfície dos órgãos aéreos das plantas, sendo mais abundantes nas folhas e caules jovens, por onde se realizam as trocas gasosas, que podem ser reguladas, evitando a excessiva perda de água;
  • Raízes verdadeiras – estruturas especialmente adaptadas fixação e recolha de água e nutrientes do solo;
  • Caules com lenhina e folhas verdadeiras – órgãos aéreos com elevada resistência, o que permite maior tamanho e superfície fotossintética;
  • Vasos condutores – tecidos de transporte especializados em deslocar seiva bruta e elaborada a grandes distâncias;
  • Estruturas estéreis de protecção aos gâmetas;
  • Esporos e sementes resistentes.

2.8.1. Classificação das plantas

Devido sua grande diversidade, tornou-se necessário dividir as plantas em grupos mais pequenos. Podemos utilizar a seguinte classificação, bastante simplificada.

 

Plantas não vasculares

Plantas Vasculares (Tracheobionta)

Sem semente

Com semente

Pteridófitas

Gimnospérmicas (plantas sem flor)

Angiospérmicas (plantas com flor)

Divisão

Bryophyta

Tracheophyta

Coniferophyta

Cycadophyta

Ginkgophyta

Gnetophyta

Magnoliophyta

Classe

Musci

Filicinae

 

Liliopsida (monocotiledóneas)

Magnoliopsida (dicotiledóneas)

Existem diferentes características que importa considerar na classificação das plantas. E o caso da reprodução sexuada, que inclui sempre alternância de gerações – são seres haplodiplóides.

Em Botânica, chama-se alternância de gerações ao ciclo de Vida de muitas plantas e algas, que apresentam duas formas multicelulares diferentes:

  • Geração gametófita ou fase haploide — estruturas cujas células possuem núcleos haploides (o gametófito);
  • Geração esporófita ou fase diploide — estruturas cujas células possuem núcleos diploides (o esporófito).

Estas «gerações» produzem esporos como produtos reprodutivos, mas, no gametófito, os esporos denominam-se gâmetas — esporos haploides, que se conjugam para dar origem a um zigoto. As estruturas onde são produzidos os esporos chamam-se esporângios.

A alternância de gerações tira o máximo partido dos dois tipos de reprodução: a geração gametófita aumenta a variabilidade genética e a esporófita facilita a dispersão, pela produção de esporos. Nas plantas, as gerações são heteromórficas, ou seja, ao contrário de algumas algas haplodiplontes, o gametófito e o esporófito têm aparências totalmente diferentes.

Existem igualmente vários tipos de reprodução sexuada:

  • Isogâmica – gâmetas morfologicamente iguais, geralmente flagelados, que são libertados para o meio, onde ocorre a fecundação;
  • Anisogâmica – gâmetas morfologicamente diferentes, sendo o feminino maior, em que ambos são libertados, existindo fecundação externa;
  • Oogâmica – caso particular da anisogamia, ocorre quando o gâmeta feminino é tão grande que se torna imóvel, enquanto o masculino é pequeno e móvel. Neste caso, a fecundação é interna, ocorrendo no interior do gametângio feminino.

Uma planta denomina-se monóica quando apresenta os dois sexos no mesmo corpo e dióica quando apresenta sexos separados.

2.8.2. Tendências evolutivas no ciclo de Vida das plantas

Do estudo dos diferentes ciclos de Vida das plantas, pode inferir-se uma série de tendências evolutivas:

  • Apresentam um ciclo de Vida haplodiplonte;
  • As plantas apresentam sempre alternância de fases nucleares no seu ciclo de Vida;
  • A meiose pré-espórica produz esporos que, ao germinar, originam um gametófito haploide, o qual produz gâmetas por mitose;
  • Há uma nítida tendência para a dominância da diplófase, pois a recombinação genética que ocorre na sua formação permite uma major capacidade de adaptação a condições em alteração;
  • As estruturas reprodutoras são cada vez mais especializadas;
  • Ao longo da evolução surgiram estruturas estéreis a proteger os gâmetas (anterídeos e arquegónios);
  • Há uma tendência para que a determinação sexual seja feita no esporófito (heterospórea);

Há uma tendência para a fecundação ser independente da água e existem reservas na semente, permitindo ao embrião permanecer num estado de latência durante períodos menos favoráveis.

2.8.3. Plantas não vasculares – as briófitas

As briófitas são plantas simples e não possuem tecidos vasculares. Crescem geralmente em locais húmidos (divisão Bryophyta) e sombrios, sob a forma de vastos tapetes verdes onde a água fica retida, facilitando a sua absorção. Os musgos pertencem a este grupo. As hepáticas, embora com caracteristicas semelhantes, incluem-se na divisão Hepaticophyta.

Classe Musci

A classe Musci compreende mais de 12 mil espécies de musgos. Abundam em áreas relativamente húmidas, onde uma variedade de espécies e grande número de indivíduos podem ser encontrados. Tal como os líquenes, os musgos são sensíveis à poluição do ar, especialmente ao dióxido de enxofre, estando praticamente ausentes em áreas altamente poluídas ou apenas representados por um pequeno número de espécies. Várias espécies conseguem manter-se vivas durante anos na ausência de água, reiniciando o seu crescimento imediatamente se forem molhadas.

Estas pequenas plantas são constituídas por rizoides e os seus ramos sexuados encontram-se diferenciados em caulóide e filídios (ou filóides), dispostos de forma radiada, estruturas morfologicamente distintas da raiz, caule e folhas das plantas vasculares. Os rizoides permitem apenas a fixação da planta e não a absorção de água e nutrientes.

Musgo
Fig. 25: Exemplo de musgo

Ciclo de Vida dos musgos

No seu ciclo de Vida, os esporos são produzidos numa cápsula, que se abre quando o opérculo cai. O esporo haplóide germina, formando um protonema filamentoso emaranhado, do qual se desenvolve um gametófito folhoso. Os anterozóides são produzidos no anterídio maduro e alcançam um arquegónio, sendo atraídos quimicamente para este por uma substância açucarada, atingindo a oosfera. Dentro do arquegónio, um dos anterozóides funde-se com a oosfera produzindo o zigoto, que se divide mitoticamente formando o esporófito e, mais tarde, um esporogónio adulto. O esporogónio é constituído por uma cápsula ou esporângio, suportado por um pedículo, a seda ou seta, e recoberto por uma cápsula, a coifa. A meiose ocorre no interior da cápsula, resultando na formação e libertação de novos esporos haploides.

Vamos relembrar...

Os musgos são seres haplodiplontes (meiose pré-espórica) com alternância de gerações.

geração gametófita é mais evoluída do que a geração esporófita.

geração esporófita ocorre sobre o gametófito, dependendo nutricionalmente deste.

Os gâmetas desenvolvem-se no interior de gametângios, protegendo-os da dissecação. Possuem esporos resistentes às baixas temperaturas e à dissecação. São plantas isospóricas e anisogâmicas.

A fecundação é dependente da água.

 

2.8.4. Plantas vasculares – as traqueófitas

As traqueófitas encontram-se mais bem adaptadas à Vida terrestre do que as briófitas. Possuem verdadeiros tecidos de fixação, as raízes, folhas com camadas estratificadas providas de cutícula, estomas e órgãos de reserva. Do ponto de vista evolutivo, são muito antigas. Possuem verdadeiros sistemas vasculares; em alguns circula água e substâncias dissolvidas e noutros substâncias orgânicas, desde os órgãos fotossintéticos onde são produzidas até aos órgãos onde serão consumidas ou armazenadas. As plantas vasculares podem ou não produzir sementes.

Fetos e avencas (Classe Filicinae)

As filicineas são plantas vasculares nas quais não ocorre produção de sementes. Os fetos e as samambaias são os seus principais representantes, estando identificadas mais de 12 mil espécies.

Estão sobretudo em regiões tropicais, que apresentam condições favoráveis de luminosidade, temperatura e humidade para o seu desenvolvimento. Possuem um rizoma subterrâneo com raízes de fixação. As suas folhas são normalmente muito recortadas e nascem enroladas, recebendo o nome de báculo, permitindo-lhes resistir mais facilmente à dissecação e desenrolando-se à medida que crescem. Durante a fase de reprodução, na face inferior das folhas desenvolvem-se os soros (grupos de esporângios, estruturas pluricelulares que contém as células-mães dos esporos).

2.8.5. Ciclo de Vida do polipódio

polipódio é uma espécie de feto da ordem das traqueófitas. No ciclo de Vida do polipódio, as células-mães dos esporos sofrem uma mitose, originando esporos morfologicamente idênticos – planta isospórica. Após a dispersão dos esporos por abertura do esporângio, forma-se um protalo monóico, já que possui simultaneamente gametângios masculinos — anterídios — e femininos — arquegónios.

Os anterozóides (gâmetas masculinos), formados na presença de água, nadam até aos arquegónios, fecundando a oosfera, e dando origem a um zigoto que cresce inicialmente sobre o protalo. Por sua vez, dá origem a uma planta adulta.

Fig. 26: Ciclo de vida do polipódio.
Fig. 26: Ciclo de vida do polipódio.


Vamos relembrar...

  • polipódio é um ser haplodiplonte (meiose pré-espórica), com alternância de gerações.
  • geração esporófita é mais evoluída do que a geração gametófita.
  • A planta adulta é um esporófito.
  • E uma planta isospórica, na qual ocorre anisogamia com um gametófito monóico.
  • A fecundação ainda é dependente da água.

 Bibliografia

PIRES, Cristiano; LOBO, Felisberto. Biologia 11ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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