Urbanismo: A Cidade e o Urbanismo
6. Urbanismo
6.1. A cidade e o urbanismo
Dada a relação que os conceitos de cidade e urbanismo têm entre si, torna-se imperativo iniciarmos a análise desta temática pelo estudo do conceito de urbanismo.
O urbanismo é uma ciência que surgiu no final do século XIX para o estudo, organização e intervenção no espaço urbano, como medida para realizar as transformações necessárias na realidade caótica das condições de habitação e salubridade em que viviam os habitantes das grandes cidades europeias, na época da revolução industrial.
Há várias versões sobre o surgimento do termo urbanismo, porém, a mais difundida é de origem francesa, onde se refere que este termo surgiu por volta de 1910, na França, no Bulletin de La Societé Geographique. Alfred Agache, arquitecto-urbanista, que se auto-denomina como sendo o criador da palavra, define urbanismo como sendo: uma ciência, e uma arte e, sobretudo, Filosofia social. Assim, entende-se por urbanismo o conjunto de regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do arruamento, da circulação e do descongestionamento das artérias públicas.
É a remodelação, a extensão e o embelezamento de uma cidade, levados a efeito mediante um estudo metódico da geografia humana e da topografia urbana, sem descurar as soluções financeiras.
Contrapondo a esta versão, teóricos há que defendem que o termo urbanismo teria sido criado em 1867, quando Cerdá escreveu A Teoria Geral da Urbanização. Apesar de jamais ter usado o termo urbanismo, Cerdá usou o termo urbe para designar de modo geral os diferentes tipos de assentamentos humanos e cunhou o neologismo urbanização, designando a acção sobre a Modernamente está sendo divulgado o conceito de urbanismo sustentável, termo este igualmente associado noção de ecobairros, que é a nova concepção de urbanismo, surgida no século XIX, para significar novas formas de sociabilidade, vivência e respeito pelo meio ambiente.
A urbanização designa o processo em que está envolvida a população urbana e o seu crescimento desproporcional em relação à população rural, que migra em função da fraca mecanização do campo, inexistência de perspectiva de melhoria financeira e, sobretudo, pela grande atracção promovida pelos centros urbanos. É um fenómeno moderno da sociedade industrializada e decorrente da Revolução Industrial, que transformou os centros urbanos em grandes aglomerações de fábricas e escritórios, circundadas de habitações condensadas e precárias.
Etimologicamente, o termo urbanismo provém do latim urbes ou urbis, que significa cidade, tendo como objecto de estudo as cidades e o estabelecimento humano e suas necessidades. Nestes termos, o urbanismo evolui com a cidade. Da urbanização surge o termo brasileiro de urbanificação, que consiste no processo de correcção da urbanização (crescimento desordenado), no sentido de renovação urbana.
Assim podemos raciocinar do seguinte modo: Urbanização – está associado ao mau crescimento urbano (crescimento desordenado); Urbanificação — está associado reorganização e reestruturação das Cidades.
Para que um centro habitacional seja considerado urbano, é necessário que o mesmo preencha certos requisitos, como por exemplo, densidade demográfica especifica, existência de profissões urbanas, economia permanente..., mas nem todo o núcleo urbano constitui uma cidade.
6.1.1. O conceito de cidade
Teoricamente, o conceito de cidade parece ser claro, mas ao pretender-se defini-lo claramente começam as inquietações e dificuldades. No passado, identificar as cidades não criava dificuldades: eram o lugar escolhido pelos artesãos, comerciantes e militares. As cidades antigas ocupavam, comparando com as actuais, muito pouco espaço. Estas cidades estavam muitas vezes encurraladas por detrás das suas muralhas defensivas, distinguindo-se facilmente das povoações rurais.
Parece claro que a cidade será o local de forte densidade humana, com muita mobilidade das suas gentes, com ruas e veículos, com muitos prédios compactos, altos ou não, com muito comércio, escritórios, casas de cinema, de espetáculos e de diversão, escolas, hospitais, sede do poder político ou administrativo, entre outras. E não parece difícil aferir o que é a cidade. Porém, tal como Antunes (2000) refere, se descermos na escala de valores destas características, estas entroncar-se-ão em aglomerações que nos põem em dúvida quanto sua qualificação como cidade. Então como definir cidade? Que critérios se adopta para responder ao que uma cidade poderá ser? Vejamos a opinião de alguns estudiosos e os conceitos por eles propostos:
A cidade é o lugar geográfico onde se instala a superestrutura política administrativa de uma sociedade (M. Castells).
A noção de cidade é para os estatísticos mais aritmética do que funcional e a distinção do rural e do urbano está cheia de erros muito graves (Max Derruau).
A cidade tem o seu carácter individual, a sua biografia (Orlando Ribeiro).
Uma localidade pode ser considerada cidade, quando ela cumpre pelo menos uma das seguintes condições: não ter ou ter poucas actividades agrícolas, marcas de crescimento. diversificação dos bairros segundo as suas actividades (Pierre Gourou).
A cidade é algo mais que um conjunto de indivíduos e de vantagens sociais; mais do que uma série de ruas. edifícios. luzes, telefones, etc. algo mais também do que uma mera constelação de instituições e corpos administrativos: tribunais, hospitais, escolas. política e funcionários civis de toda a espécie. A cidade é principalmente um estado de espírito (a state of mind). um conjunto de costumes, que se transmitem pela tradição. A cidade, por outras palavras, não é apenas um mecanismo físico ou uma construção artificial. Está implicada no processo vital da população que a compõe; produto da natureza humana (Robert E. Park).
Uma cidade é como um animal. Possui um sistema nervoso. urna cabeça, ombros e pés. Não há duas cidades iguais: cada urna difere de todas outras (John Steinbeck).
A cidade é um número de cidadãos (Aristóteles).
Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.
Comentários