Vulcanismo: aparelho, causas, todos tipos de erupção, impacto, importância e Distribuição geográfica dos vulcões
Vulcanismo
A palavra «vulcão» deriva do nome do deus do fogo na mitologia romana, Vulcano, e designa uma estrutura geológica criada quando o magma, os gases e as partículas quentes (como cinzas) escapam para a superfície terrestre. Os vulcões emitem para a atmosfera grandes quantidades de poeira, gases e aerossóis, podendo causar resfriamento climático temporário. São frequentemente considerados causadores de poluição natural.
O vulcão é um corpo natural, de aspecto morfológico cônico e montanhas que resulta da acumulação de material magmático saído do interior e forma o aparelho vulcânico.
Na idade contemporânea existem cerca de 800 vulcões activos. Em várias partes do mundo, existe um grupo de vulcões «adormecidos», que podem actuar a qualquer momento e outro grupo de vulcões está praticamente desmantelado pela erosão não voltando a entrar em actividade.
Aparelho vulcânico
Com a actividade inicial do vulcão constrói-se um cone vulcânico composto por cratera vulcânica, chaminé vulcânica, câmara magmática, entre outros elementos. O cone vulcânico é o relevo resultante da acumulação de materiais vulcânicos em torno da chaminé por onde foram expelidos. A cratera é a abertura do cone vulcânico. A chaminé vulcânica é o canal por onde sobem os produtos que este lança através da cratera. O magma é a massa pastosa de minerais em fusão dotada de fluidez notável, proveniente do interior da Terra (Fig. 01).
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| Fig.01: Constituintes do aparelho vulcânico |
Durante a actividade vulcânica são expelidos materiais sólidos, líquidos e gasosos. Os materiais líquidos são lavas básicas e ácidas acompanhadas por blocos, bombas vulcânicas, pedras-pomes, fragmentos lapili e cinzas. No grupo de gases são expelidos combustíveis como o hidrogénio, o monóxido de carbono e hidrocarbonetos, assim como gases não combustíveis, tais como N2, CO2, HCI e compostos de enxofre.
Em função da composição, as lavas podem ser ácidas, básicas e intermédias. As lavas ácidas têm mais de 65% de sílica e são mais viscosas, enquanto que as lavas básicas têm menos de 45% de sílica e as lavas intermédias têm entre 50 e 60% de sílica.
O magma básico tem fluidez major e é rico em ferro e magnésio. As lavas fluidas solidificam-se a uma temperatura elevada, enquanto que as viscosas solidificam-se a temperaturas mais baixas.
Causas do vulcanismo
O fenómeno do vulcanismo está associado a vários factores que ocorrem no interior da Terra.
A fusão das rochas sólidas em determinadas zonas profundas da Terra cria condições para a ocorrência de vulcões. Estudos recentes, baseados em ondas sísmicas, indicam que a astenosfera é uma zona de baixa rigidez, sendo provável que uma pequena fracção de rocha nessa zona esteja fundida, mantendo-se a maior parte dos minerais no estado sólido. A fusão parcial origina uma fracção liquida, menos densa que as rochas envolventes e muito fluida, ascende através dos interstícios e concentra-se em certas zonas, formando bolsas de magma ou câmaras magmáticas a uma profundidade de 4 a 6 quilômetros.
Admite-se também que os vulcões se formam pela fusão de rochas oriundas da superfície da Terra, que devido a movimentos de afundamentos encontram condições diferentes de pressão e de temperatura que provocam a fusão dos seus minerais. Contudo, o magma só pode ascender quando encontrar interstícios, espaços entre falhas ou ao longo de movimentos sísmicos.
Tipos de erupção
A natureza dos vulcões pode ser determinada pelo seu estilo eruptivo (efusivo, explosivo ou misto), em função da composição química do magma, da temperatura da lava e do teor dos gases voláteis presentes na lava que determinam o tipo de cone. As novas tecnologias e observações pormenorizadas têm fornecido dados que anteriormente eram desconhecidos ou negligenciados.
Atendendo complexidade que envolve os estilos eruptivos, Alwyn Scarth em 1994 distinguiu 6 tipos de vulcões nomeadamente: havaiano, estromboliano, surtseiano, vulcaniano, peleano e pliniano.
a) Tipo havaiano
É um vulcão de lava muito fluidal basáltica e efusiva.
As erupções são relativamente silenciosas e a lava transborda numa espécie de lago de lava e escoa-se para uma distância considerável, formando rios de lava. O vulcão tem a forma de um cone baixo, vertentes suaves e é constituído por camadas de lavas sobrepostas. O termo «havaiano» deriva das ilhas Hawai, onde predomina este tipo de vulcão (Fig. 2).
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| Fig 2: Vulcão Havaiano |
b) Tipo estromboliano
Tem uma actividade mista, isto é, efusões geralmente menos fluidas do que as do tipo havaiano, alternando com períodos explosivos, de pouca violência, com projecção de materiais piroclásticos, geralmente bombas.
O vulcão estromboliano é também cônico, mas com maior declive que os cones havaianos e é edificado com camadas alternantes de lavas e piroclastos. O termo «estromboliano» vem do nome Stromboli, vulcão das ilhas Lipárias Sicília (Fig. 3).
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| Fig 3: Vulcão estromboliano |
c) Tipo surtseiano
Este tipo de erupção é representativo nos Capelinhos (Açores) e Surtsey (Islândia): são erupções submarinas muito explosivas com emissões de nuvens de vapor e cinzas e às vezes pedras-pomes (Fig. 4).
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| Fig 4: Vulcão Surtseiano (surtseyano) |
d) Tipo vulcaniano
De lava bastante viscosa que dificulta a erupção, fazendo-se esta com projecção de bombas e cinzas que permanecem longos períodos em suspensão no ar, sendo por isso um vulcão de tipo explosivo. O nome «vulcaniano» provém do monte Vulcano, numa das ilhas Lipárias, cuja última erupção se verificou em 1888 (Fig. 5).
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| Fig 5: Vulcão vulcaniano |
e) Tipo peleano
É um vulcão de lavas muito viscosas com explosões de extrema violência, seguidas de libertação de uma nuvem ardente espessa e densa, carregada de cinzas incandescentes (nuvem ardente e veloz: 500 km/h). É um vulcão do tipo explosivo, cujo aparelho vulcânico é um maciço de lava cuja viscosidade dificulta qualquer escoamento. O material magmático, impedido de derramar-se, origina cúpulas ou agulhas que emergem da própria chaminé.
O nome provém da montanha pelada (Martinica-Antilhas), cujo vulcão entrou em actividade em 1902 (Fig. 6).
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| Fig 6: Vulcão peleano |
f) Tipo pliniano
É o caso do Monte Santa Helena (EUA) e Pinatubo nas Filipinas. Este tipo de vulcões é o mais violento de toda a actividade vulcânica. A lava é muito fragmentada e espalha-se por uma área muito grande (cerca de 500 km2) e atinge grande espessura, libertando muitos gases e cinzas que podem ter alguns quilômetros de altura (Fig. 7).
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| Fig 7: Vulcão Pliniano |
Fenómenos secundários do vulcanismo
Apos as erupções, a actividade vulcânica pode continuar ainda por muito tempo com manifestações secundárias que se realizam na cratera, flancos e lugares próximos.
As emanações recebem nomes diversos conforme as suas características: fumarolas, mofetas, geiseres, nascentes, etc.
Fumarolas: emanações de vapor de água, com produtos gasosos ou de substâncias volatilizadas, ricas em ácido clorídrico. Carregadas de substâncias sulfatadas que, em contacto com o oxigênio do ar, podem transformar-se em dióxido de enxofre (SO2).
Mofetas: fumos acompanhados de libertação de dióxido de carbono (CO2), já com o cone vulcânico e temperaturas muito baixas.
Geiseres: quando as fracturas do solo permitem a ligação das águas subterrâneas com a superfície, podem formar repuxos espectaculares, abundantes como no Parque Yellon Westone (EUA) e nos Açores.
Nascentes: calor dissipado na região onde o vulcão se situa, pode limitar-se a aquecer as águas subterrâneas, aumentando-lhes assim o poder dissolvente, tornando-se mineralizadas.
Distribuição geográfica dos vulcões
Os vulcões distribuem-se em determinadas zonas que correspondem às margens instáveis dos maciços continentais. Actualmente, contam-se 800 vulcões activos em quatro zonas. As zonas de maior ocorrência de vulcões são:
- Zona Circumpacífica;
- Zona Mediterrânea e Trans-Asiática;
- Zona da crista média Atlântica;
- Zona da Africa Oriental e Médio-Oriente.
Zona Circumpacífica, também conhecida por Anel de Fogo, compreende: Aleutas, Alasca, Cascatas Rochosas, México, América Central, Antilhas, Nova Zelândia, Fiji, Novas Hibridas, Salomão, Nova Guiné, Filipinas, Japão e Kamchateca.
Zona Mediterrânea e Trans-Asiática é uma zona que inclui vulcões activos da zona alpina, Monte Atlas, Grécia, Itália, Cáucaso, Asia e outros vulcões extintos.
Zona da Crista Média-Atlântica, também conhecida por dorsal mediana do Atlântico.
É uma vasta área desde o Ártico até ao Atlântico Sul, passa por Islândia, Irlanda, Escócia, Açores e Canárias.
São vulcões activos e imersos no Atlântico correspondentes à crista central: Juan Mayer, Islândia, Ascensão, Santa Helena, Tristão da Cunha, Canárias e Cabo-Verde.
Zona da Africa Oriental e Médio Oriente estende-se por uma faixa bastante fracturada na África Oriental, prolongando-se até ao Médio Oriente: Líbano, Arábia, Etiópia, Fossas Africanas, Comores e Madagáscar.
Impacto do vulcanismo
Segundo certas estimativas, a actividade vulcânica nos últimos Cinco séculos vitimou mais de 200 mil pessoas, causando muito sofrimento e perdas materiais.
Quando ocorre uma erupção, uma das consequências mais imediatas é a ocorrência de torrentes de lava e detritos vulcânicos que percorrem vales de montanhas a grande velocidade.
Nas maiores erupções conhecidas, a causa da grande maioria das vítimas mortais não se deveu aos efeitos dos produtos do vulcão, mas sim, a consequências secundárias que advém dos tsunamis, nuvens ardentes e inundações de lavas.
Os vulcões são responsáveis pela destruição de obras humanas, morte de milhares de seres humanos (afogamentos), cobertura de aldeias com lava, entre outros fenómenos destrutivos.
Importância do vulcanismo
Os vulcões podem exercer influências construtivas para a humanidade.
Ao alterar as lavas formam-se solos muito férteis, como são os casos de Java, do planalto do Decão e das planícies do Etna. Estas regiões de elevado valor agrícola estão associadas à actividade vulcânica.
Por vezes, formam-se minerais e pedras preciosas. Como os diamantes de Kimberley (RSA), depósitos de níquel (Canadá) e ainda fontes termais usadas para aquecimento de casas (Islândia).
Os magmas podem trazer ainda um recurso adicional: o aumento do calor da atmosfera aumenta. Os geisers são utilizados como recursos energéticos; fazem girar turbinas geradoras de electricidade. A actividade vulcânica pode associar-se também ao turismo.
Bibliografia
WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.
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