1. O inquérito

Na óptica de Rei (Op. cit., 2000, pág. 169), inquérito é uma forma de «descobrir a verdade» ou de fazer o ponto de situação sobre determinada problemática, pessoa ou grupo de pessoas. No entender do mesmo autor, este texto difere da reportagem, uma vez que esta mostra, enquanto o inquérito demonstra.

O inquérito por questionário distingue-se da entrevista, porque a aplicação do inquérito exclui, em alguns casos, a relação de comunicação oral entre inquiridor e inquirido (entrevistado), característica da situação de entrevista – é o que se passa nos questionários de administração directa (ou autoadministrados), em que o próprio inquirido regista as suas respostas.

Além disso, o autor supracitado considera que a ideia-chave deste tipo de texto é a de confrontação, presente nos passos a serem seguidos, nomeadamente:

• Reunir o estado dos conhecimentos (documentação) sobre a questão;
• Encontrar a boa pergunta;
• Levantar hipóteses;
• Verificar as hipóteses levantadas;
• Apresentar a conclusão.

Rei (Op. cit.) defende a existência de quatro objectivos principais de um inquérito.

• Estimar grandezas absolutas: por exemplo, a quantidade ou número de pessoas que lê jornais.
• Estimar grandezas relativas: por exemplo, a distribuição dos leitores de jornais diários por cada um deles.
• Descrever uma população ou subpopulação: consiste, neste exemplo, em determinar as características dos leitores compradores de determinada marca de carros.
• Verificar hipóteses: sob a forma de relações entre duas ou mais variáveis, por exemplo, entre a frequência de determinado hábito e a idade, como no caso concreto da frequência dos campos de futebol.

Estilo do inquérito

Um inquérito deve apresentar um vocabulário simples, embora, em alguns casos, não seja fácil alcançar esta simplicidade, pelo facto de o redator tender a ser muito «culto» ou muito «popular».

Quando da elaboração de um inquérito, é necessário evitar o uso de termos como: «muitos», «bastantes» e «frequentemente», uma vez que cada inquirido lhes irá atribuir um significado diferente, tendo em conta que cada um deles fará a sua interpretação, a qual poderá ser verdadeira ou falsa. J. Esteves Rei, Op. cit., advoga que, para evitar que isto aconteça, é preciso apresentar quantidades muito bem definidas.

O autor defende ainda que, ao elaborar um questionário, é preciso que sejamos mais claros possível na abordagem da matéria, de modo a evitar o surgimento de qualquer dúvida.

Como elaborar um inquérito?

Rei (Op. cit.) considera ainda que para se proceder à elaboração de um inquérito, é necessário respeitar a construção do questionário e a formulação de questões, pois esta é uma fase determinante no desenvolvimento deste tipo de texto, que deve ser concebido de forma a dispensar o pedido de qualquer informação.

Num inquérito, as questões são colocadas a cada uma das pessoas de igual maneira, sem adaptações nem explicações suplementares. Uma boa pergunta é aquela que apela a uma resposta que vá ao encontro da pergunta colocada.

Um bom inquérito é aquele que apresenta uma sequência lógica de questões, isto é, questões que são apresentadas em cadeia, partindo das mais determinantes e evitando repetições e despropósitos.

Tipos de perguntas a ser colocadas num inquérito

Quanto ao conteúdo, distinguimos duas grandes categorias de questões:

a) Aquelas que se debruçam sobre factos – cuja resposta é objectiva e verificável de outra forma.

Ex.: A que novela assistiu ontem?

b) Aquelas que se debruçam sobre opiniões, atitudes, preferências, isto é, questões carregadas de uma certa subjectividade.

Ex.: Acha que a linguagem usada neste teste é objectiva?

Quanto à forma, as questões podem dividir-se em dois grupos:

a) Questões abertas – questões em que a pessoa responde como quer, fazendo uso do seu vocabulário pessoal e tecendo os comentários que julgar pertinentes.

b) Questões fechadas – neste caso, depois de colocada a questão, o inquirido deve escolher uma resposta de entre um conjunto de respostas que o inquiridor lhe fornece.

Quando a resposta é fechada, convém sempre prever a introdução de duas respostas: «não sei» e «outra resposta».

Segundo o ponto de vista do autor supracitado, as questões fechadas são as mais cómodas.

Outra abordagem ao inquérito — Gases de preparação e realização de um inquérito por questionário, segundo J. F. Almeida et alii

1. Planeamento do inquérito: nesta fase, procurara-se delimitar o âmbito de problemas a estudar e, consequentemente, o tipo de informação a obter. Definidos tão claramente quanto possível os objectivos do inquérito, impõe-se a formulação de hipóteses teóricas que irão comandar os momentos fundamentais da sua preparação e execução. Procede-se então à delimitação rigorosa do universo ou população do inquérito, bem como à construção de uma sua amostra representativa.

2. Preparação do instrumento de recolha de dados: procede-se nesta fase à redacção do projecto de questionário, tentando compatibilizar os objectivos de conhecimento que o inquérito se propõe com um tipo de linguagem acessível aos inquiridos; através de um pré-teste ou inquérito-piloto, serão previamente ensaiados o tipo, forma e ordem das perguntas que, a título provisório, se tenham incluído num projecto de questionário.

3. Trabalho no terreno: certos pormenores de execução material do questionário deverão ser ponderados (aspecto gráfico, problemas relacionados com o envio e a devolução dos questionários, etc.).

4. Análise dos resultados: esta fase inclui a codificação das respostas, o apuramento e tratamento da informação e a elaboração das conclusões fundamentais a que o inquérito tenha conduzido.

5. Apresentação dos resultados: concretiza-se normalmente na redacção de um relatório de inquérito.»

Exemplo de um Inquérito

Fg.1: Exemplo de um Inquérto

Bibliografia

FERNÃO, Isabel Arnaldo; MANJATE, Nélio José. Português 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.