Evolução da população mundial

 Evolução da população mundial

Fazer afirmações precisas sobre a evolução da população mundial, em épocas bastante remotas, torna-se difícil, pois os dados disponíveis são escassos e resultam de estimativas elaboradas a partir de documentos cujo rigor não é possível ou fácil confirmar. Contudo. é do conhecimento de todos que a população mundial tem aumentado ao longo do tempo, embora em ritmos de crescimento desiguais. É também certo afirmar que nem todas as regiões do globo registam ou registaram uma evolução demográfica idêntica.

Actualmente, o aumento de efectivos humanos continua à verificar-se de uma forma heterogénea e nem sempre é acompanhado de um crescimento adequado da produção nos respectivos países. Esta discrepância entre o crescimento populacional e produção de bens e serviços, acarreta sérios problemas de varia ordem, que iremos abordar ao longo desta temática.

É comum os livros analisarem a evolução da população mundial em tiés momentos ou fases. Outros autores preferem não delimitar o espaço-temporal da evolução da população, devido aos aspectos destacados anteriormente.

A observação atenta do gráfico seguinte permite-nos considerar várias fases na evolução da população mundial.
Fig.: 15 Evolução da mundial.

Principais fases da evolução demográfica

A população mundial atravessou várias fases de evolução, que se reflectiram numa dinâmica meramente heterogénea. Assim, as principais fases são: regime demográfico primitivo, revolução demográfica e explosão demográfica.

Regime demográfico primitivo (até início do século XVIII)

Esta fase estende-se desde os primórdios da Humanidade até meados do século XVIII (1750), em que a população conheceu regimes demográficos que se traduziram por um crescimento bastante lento, como consequência de altas taxas de natalidade e mortalidade. Com efeito, até essa altura, o crescimento populacional dependia fundamentalmente das condições naturais.
    Aos bons anos agrícolas e de paz correspondiam aumentos da população que eram, no entanto, pouco duráveis, porque quase sempre se lhes sucediam períodos de fome, catástrofes naturais, errância das tribos, trabalhos penosos, doenças (peste negra, bubónica, antonina e justiniana), precárias condições médicas, higio-sanitárias, guerras que dizimavam grande parte da população.
  Relativamente às elevadas natalidades, assentavam sobre a necessidade de um contingente populacional para anexação, conquista e expansão de territórios durante as guerras dos reinos e impérios. A falta de informação sobre os métodos anticoncepcionais, os casamentos prematuros, etc. contribuíam para o aumento da fecundidade e natalidade.

Revolução demográfica (dos meados do século XVIII – XX)

Neste período histórico, os ritmos de crescimento demográfico mundial conhecem uma aceleração. Se até ao século XVIII, o crescimento era lento, a partir do século XIX a situação modifica-se, isto é, verifica-se um crescimento rápido dos efectivos populacionais.
Numa primeira fase actuaram factores de natureza fortemente expansionista:
  • Revolução Industrial criou numerosos empregos, permitindo melhorar a situação de uma boa parte da população que Vivia da agricultura em condições deploráveis.
  • agricultura melhorou a sua produtividade e produção mercê do emprego de novas técnicas que possibilitaram a redução de número de trabalhadores e do número de horas de trabalho. Aliado a isso, os grandes episódios de fomes que até então se registavam, desaparecem consideravelmente.
  • investigação no campo da medicina obteve avanços consideráveis que conduziram ao uso generalizado de vacinas e outros medicamentos que contribuíram muito no combate e redução de algumas doenças que dizimavam vidas humanas. Ainda nesta perspectiva, há que salientar, por exemplo, a descoberta dos raios X, os antibióticos, a célula, etc. que contribuíram de grosso modo para a supressão das enfermidades.
  • Os progressos no domínio da higiene individual e pública permitiram uma acentuada melhoria nas condições de Vida, reduzindo deste modo as doenças contagiosas.
A conjugação destes factores permitiu uma forte redução nas taxas de mortalidade. As pessoas em idade de procriar foram menos atingidas pelas doenças e proporcionaram um aumento das taxas de natalidade.

Explosão demográfica (2ª metade do século XX e princípios de século XXI)

A primeira fase do século XX foi dominada pelas crises económicas e políticas que se traduziram em dois conflitos armados (I e II Guerras Mundiais) envolvendo diferentes facções.

As consequências destes conflitos foram desastrosas sobretudo no domínio demográfico, com urna drástica redução da população jovem nalguns países europeus e africanos, o que se traduziu numa baixa taxa de fecundidade.
No período do pós-guerra verificou-se um cenário inverso, que se traduziu num novo surto demográfico (baby boom) que estabeleceu o equilíbrio afectado pelo conflito.

Contudo, a característica mais importante deste período reside no facto de os fenómenos demográficos deixarem de ter o seu centro geográfico na Europa. Na segunda metade do século XX são os países em vias de desenvolvimento (África, Ásia e América Latina) que governam a evolução da população mundial.

Nos princípios do século XXI, verifica-se, de um modo geral, uma tendência de estabilidade demográfica, sobretudo nos países desenvolvidos. Entretanto, é nos países em desenvolvimento que se nota um crescimento exponencial da população que se traduz na pressão sobre a exploração dos recursos naturais e consequente expansão dos problemas ambientais daí decorrentes.

Tendências actuais do crescimento demográfico nos países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento

  • Nos países desenvolvidos (PD)
Os avanços progressivos da ciência e da tecnologia nos PD e países industrializados, permite que a maior parte da população (se não toda) disponha de possibilidades e capacidades de controlar a natalidade e mortalidade.

Este facto é decorrente da difusão da informação no domínio de disponibilidade e uso de diversificados métodos de planeamento familiar, acesso educação e direito à saúde, entre outros factores. Alguns casais entendem que ter muitos filhos significa enormes encargos sociais para a educação, saúde, lazer, decidindo deste modo a limitação de nascimentos.

Ameaçados com este cenário de redução drástica de nascimentos e consequente envelhecimento da sua população, alguns países como a França e a Suíça, adoptaram políticas de estímulo à procriação oferecendo aos futuros pais melhores condições de trabalho e salário, habitação, garantias no acesso educação e saúde dos seus filhos.
  • Nos países em vias de desenvolvimento
Nos países em vias de desenvolvimento, a taxa de natalidade tem sido relativamente alta e mostra tendência para aumentar. Esta tendência justifica-se pelo facto da maior parte destes países se deparar com sérios problemas no que concerne ao acesso à educação, saúde, informação sobre os diferentes meios de planeamento familiar e sobretudo aspectos socioculturais.
     O crescimento económico destes países não acompanha o seu crescimento demográfico. A maior parte da população destes países é jovem e com índices de fecundidade bastante altos.



Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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