Elementos da Cultura
Elementos da Cultura
Na lição anterior
fizemos referência ao facto de a cultura ser algo complexo que inclui um
conjunto de saberes que dizem respeito a uma determinada sociedade ou grupo
humano. Nesta lição, faremos referência aos elementos que corporizam a cultura,
pois, ela não é um simples emaranhado de costumes e normas soltas na sociedade.
Assim, de acordo com
MARCONI e PRESOTTO (2006), constituem-se como elementos da cultura: as
ideias, a crença, os valores, as normas, as atitudes ou comportamentos, a
abstracção do comportamento, as instituições, as técnicas e os artefactos.
As ideias são
os conhecimentos, os saberes e as filosofias de vida. A crença que
consiste em tudo aquilo que se crê ou se acredita em comum. Os valores,
ou seja, a ideologia e a moral que determinam o que é bom e o que é ruim. As
normas que englobam tanto as leis, os códigos, como os costumes,
aquilo que se fazem por tradição. As atitudes ou comportamentos,
isto é, maneiras de cultivar os relacionamentos com as pessoas do mesmo grupo e
com aquelas que pertencem a grupos diferentes. A abstração do comportamento,
a qual consiste nos símbolos e nos compromissos colectivos. As instituições
que funcionam como uma espécie de controle dos comportamentos,
indicando valores, normas e crenças. As técnicas ou artes e
habilidades desenvolvidas coletivamente. Os artefatos que são os
instrumentos e utensílios usados para aperfeiçoarem as técnicas e os modos de
vida.
Assim, podemos então
afirmar que a essência da cultura está basicamente em três
elementos: as ideias, as abstrações e os comportamentos.
As ideias são
concepções mentais das coisas concretas ou abstractas. As abstrações são
a capacidade de contemplaras ideias e traduzi-las em sinais e símbolos. Os comportamentos
são os modos de agir dos grupos humanos, a partir das ideias e das abstrações.
Portanto, é possível concluir que a cultura “consiste em uma série de coisas
reais que podem ser observáveis, ser examinadas num contexto extra-somático”,
Enquanto coisas
reais e observáveis, a cultura pode ser classificada em três tipos:
- i. Cultura material: quando ela é formada por coisas ou objetos materiais, desde os machados de pedra das antigas civilizações até os moderníssimos computadores;
- ii. Cultura imaterial: também chamada de não material ou espiritual, quando não tem substância material, mas, assim mesmo, é algo real, como no caso das crenças, dos hábitos e dos valores;
- iii. Cultura ideal: aquela que é apresentada verbalmente como sendo a perfeita para um determinado grupo, mas que nem sempre é praticada. Pode-se tomar como exemplo disso a cultura religiosa, a qual nem sempre é assumida integralmente pelos que se dizem adeptos dela.
Normalmente numa
cultura os conhecimentos são mais de ordem prática, ligados à questão da
sobrevivência. Todavia o conhecimento engloba também a organização social, as
estruturas sociais, os costumes, as crenças, bem como as técnicas de trabalho e
os conhecimentos acadêmicos. Por crença entende-se “a aceitação como verdadeira
de uma proposição comprovada ou não cientificamente. Consiste em uma atitude
mental do indivíduo, que serve de base à acção voluntária. Embora intelectual,
possui conotação emocional”.
Segundo MASSENZIO
(2005) as crenças “são representações coletivas que definem a natureza das
coisas sagradas e profanas”.
Os antropólogos
costumam classificar as crenças em três categorias:
- A. pessoais, isto é, aquelas que são
aceitas por cada indivíduo, independentemente das crenças do seu grupo;
- B. declaradas, ou seja, aquelas que são
aceitas, pelo menos em público, com a finalidade apenas de evitar constrangimentos;
nas sociedades contemporâneas poderia ser exemplo disso a crença na igualdade
entre as pessoas, especialmente entre homem e mulher;
- C. públicas são aquelas crenças aceitas e declaradas
como crenças comuns. Exemplo disso é a crença na ressurreição por parte dos cristãos
na reencarnação por parte dos espíritas. Existem antropólogos que falam de
crenças científicas (que podem ser comprovadas), supersticiosas (fruto do medo)
e extravagantes (quando fogem do comum e do que é considerando normal, como é
ocaso da crença de que pode acontecer alguma coisa numa sexta-feira, dia 13 do
mês).
Dentro da cultura os
valores são muito importantes. Eles são definidos pelos
antropólogos como sendo “objetos e situações consideradas boas, desejáveis, apropriadas,
importantes, ou seja, para indicar riqueza, prestígio, poder, crenças, instituições,
objetos materiais etc. Além de expressar sentimentos, o valor incentiva e
orienta o comportamento humano”.
Já as normas são
definidas como “regras que indicamos modos de agir dos indivíduos em
determinadas situações”. De um modo geral consistem “num conjunto de ideias, de
convenções referentes àquilo que é próprio do pensar, sentir e agir em dadas
situações”. As normas podem ser ideais (aquelas que os membros do grupo devem
praticar) e comportamentais que são aquelas reais, pelas quais, em determinadas
situações, os indivíduos fogem das ideais. Exemplos disso são as normas de
trânsito.
Outro elemento
importante para a cultura é o símbolo. Símbolos são
realidades físicas ou sensoriais às quais os indivíduos que os utilizam lhes
atribuem valores ou significados específicos”. Normalmente os símbolos costumam
representar coisas concretas ou também abstratas.
Bibliografia
MASSENZIO, Marcello. A história das religiões na cultura moderna. São Paulo: Hedra, 2005.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. 6ª ed., São Paulo: Atlas, 2006.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo, Brasiliense, 2003.
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