Intervenção para alunos com NEE em turmas inclusivas

Abordagem de rede na intervenção para alunos com necessidades educativas especiais

2.1. Intervenção para alunos com NEE em turmas inclusivas

Está lembrado do conceito de inclusão? O conceito de inclusão abordado na unidade I remete-nos à ideia de comunidade, de uma organização que valoriza a acção colectiva em prol do bem do aluno com NEE. Partindo da ideia de adaptação da escola de modo a acolher de maneira condigna o aluno, podemos dizer que a implementação de um modelo inclusivo, ao exigir mudanças educacionais significativas, não se desenrola segundo um padrão previsível. A actuação da escola inclusiva fundamenta-se na flexibilização de algumas práticas e critérios que a escola regular adopta.

Todavia, nenhuma estratégia educacional funciona perfeitamente em todas as situações educacionais. No caso de alunos com NEE a resposta ideal parece ser a adequação curricular, baseada em ajustamentos e adaptações curriculares. Para tal, o professor deve ser apoiado por outros agentes educativos, de modo a conceber respostas educativas eficazes, assentes nas necessidades de aprendizagem específicas, nas competências e nos interesses de cada aluno.

Neste contexto, como é que você acha que deveria ser a actuação do professor com vistas a criar um ambiente mais inclusivo?

Nas aulas anteriores vimos que algumas das estratégias a usar em salas de aulas inclusivas passam pela criação de um ambiente de interacções positivas, estimulando o sentimento de pertença, a liberdade, a valorização, a segurança (o prazer/entusiasmo); promoção de amizade entre as crianças com e sem NEE, sensibilizar as crianças para a inclusão, promover a aquisição de comportamentos desejados, implementar práticas educativas flexíveis, promover uma aprendizagem em cooperação, apoiar-se em tecnologias de informação e de comunicação, promover ajustamentos e adaptações curriculares, etc.

Uma resposta eficaz para o problema da diversidade na escola deve ser inevitavelmente uma abordagem de rede/parceria de actores que têm em mente a plena inclusão académica e social da criança (antes de ser um aluno, o sujeito com NEE é uma criança inserida numa família/comunidade). O envolvimento parental na educação de alunos com NEE é uma necessidade vital, conforme afirmam autores como Nielsen (1999) e Correia (2008).

A seguir descrevemos um esquema que em nossa opinião resume melhor a ideia de abordagem de rede.

Figura 2: Abordagem de rede no atendimento a alunos com NEE

A figura 2 tem o aluno com NEE e sua família no centro. Quanto mais nos afastarmos destes, mais nos aproximamos de actores que têm menor contacto directo com o aluno, nas situações do dia-a-dia, na sala de aula. O último anel da cadeia é intersectado por outros círculos e representa a possibilidade de integração de novos actores que, embora com contacto pedagógico-didáctico menos directo, também cooperam para o bem-estar do aluno com necessidades educativas especiais.

Outro aspecto interessante que ressalta do esquema é o facto de este colocar próximo do aluno recursos e pessoas que fazem parte do ambiente normal da escola (grupo de estudos, turma, escola), os quais serão complementados por outros relativamente distantes do ambiente escolar (Serviços de saúde, serviços de apoio social, SDEJT, por exemplo). Parte dos recursos e das pessoas distantes são geralmente especializados (psicólogos, assistentes sociais, tradutores, etc.) e exercem uma função de apoio ao professor, ao aluno e à sua família.

Ao professor cabe o papel de coordenar os esforços dos demais actores, a partir da definição de objectivos pedagógicos para o aluno. Em função destes objectivos, os demais actores e serviços emprestarão as suas competências para a materialização dos objectivos. Assim, embora, por exemplo, o profissional mais qualificado para o tratamento da dislexia seja o psicólogo, este deverá ter em mente os objectivos estabelecidos para a classe do aluno no que diz respeito à leitura. Neste caso, o professor poderia indicar a aproximação ou não do aluno em relação às metas previstas no plano.

Lembrete: o professor e a família convivem mais tempo com o aluno. Por isso, estão em melhores condições de descobrir eventuais NEE do aluno. Assim, o atendimento/acompanhamento de alunos com NEE nunca pode excluir a família.

Bibliografia

CORREIA, Luís de Miranda (2008). Inclusão e necessidades educativas especiais. Um guia para educadores e professores, 2ª ed., Porto Editora: Porto.

NIELSEN, Lee Brattland (1999), Necessidades educativas especiais. Um guia para professores, Porto Editora: Porto.

FAIFE, Jofredino. Módulo de Necessidades Educativas Especiais. Centro de Educação Aberta e à Distância – Universidade Pedagógica, Maputo: 2016.

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