Motivação na Sala de Aulas
Motivação na Sala de Aulas
1. Motivação
O ponto de
partida para a
definição de motivos está
nas necessidades. O organismo
humano tem tendência a estar em equilíbrio no seu funcionamento, por exemplo, o
organismo requer uma certa quantidade de líquidos e de outros alimentos. A
falta de líquidos e outros alimentos provoca no organismo um desequilíbrio e,
por conseguinte, uma necessidade. Quando o indivíduo toma conhecimento da falta
de líquidos e alimentos no seu organismo, sente a sede e fome surge o motivo.
O motivo é a tomada de consciência da necessidade. O motivo faz surgir o objectivo. No caso do nosso exemplo, o indivíduo coloca
como seu objectivo a
obtenção de água e alimentos. Para a satisfação da sua necessidade (alcance do
objectivo) exige-se que o indivíduo tenha que agir. Tem que procurar água e alimentos. Daí que o motivo seja um impulso para a acção.
A palavra motivo vem do latim movere que significa “mover”
(Matamala, 1980: 158). As acções humanas caracterizam-se por serem
guiadas por motivos e, por isso, serem conscientes. Porém, não se pretende
afirmar que todos os actos humanos sejam conscientes.
A motivação designa a predisposição de realizar
acções componentes de actividades
para alcançar o objectivo.
O aluno que estuda com motivação é
pontual, faz perguntas, é voluntário para realizar tarefas, faz os trabalhos de casa, revê
diariamente a matéria, coloca dúvidas ao professor e colegas.
A motivação também designa o “acto de motivar” pelo professor e pelos educadores.
O professor motiva os alunos
quando, ao introduzir uma nova matéria, começa por explicar a importância da matéria a ser tratada e, ao longo do tratamento da matéria, coloca perguntas
aos alunos de modo a partir das suas experiências na
caracterização do novo assunto.
A motivação ocupa um lugar central na
Psicologia, pois explica as condições de início e de realização das actividades e, neste caso, do processo
de ensino-aprendizagem. Deste
modo, diferentes teorias de motivação da aprendizagem apareceram na Psicologia de Aprendizagem para explicar a motivação para a aprendizagem.
2. Teorias de Motivação da Aprendizagem
As teorias principais que se esforçam por explicar os mecanismos
da motivação são as behavioristas, cognitivas e humanistas (Pisani
et al 1990: 102-105).
As teorias behavioristas explicam a motivação
como
sendo provocada pelo reforço. O reforço positivo, as recompensas,
a aprovação, o elogio na solução correcta
das tarefas, a estimulação dos alunos que erram através de encorajamento e acompanhamento na solução
de tarefas, enfim, a criação de vivências
positivas no processo de
ensino-aprendizagem
na escola,
bem como a aprovação, o elogio e encorajamento da criança e do jovem pelos
pais e encarregados de
educação são condições de motivação para a aprendizagem.
As teorias cognitivas de aprendizagem defendem que a compreensão da importância dos conteúdos bem como dos conteúdos é uma condição fundamental para a criação do interesse e, consequentemente, da motivação. Piaget, um cognitivista da aprendizagem eminente, define a motivação do seguinte modo:
Motivação é um produto de um desnível
(desequilíbrio) entre o processo de assimilação
e o processo de acomodação, de tal forma que esse contínuo desnível vai criando uma desejabilidade de novas assimilações (satisfações), dirigida, sobretudo, para aqueles objectos capazes de produzir um desnível maior
(Cabral & Nick,1997, p. 239).
Os humanistas, representados por Maslow, apresentam uma hierarquia de necessidades designadamente as necessidades fisiológicas, de segurança, de afiliação, de estima e de auto-realização, das quais podemos deduzir as motivações para a aprendizagem (Abrunhosa e Leitão, 1980: 196-199). Com efeito, a criança do Ensino Primário estuda para agradar aos pais, para ocupar um lugar privilegiado na turma e agradar ao professor.
O jovem estuda com a consciência de seguir um determinado curso, formar-se profissionalmente numa determinada área.
A motivação para a aprendizagem pode ser classificada em intrínseca e extrínseca (Mwamwenda, 2005:227).
- A motivação intrínseca refere-se aos factores interiores que predispõem o indivíduo a aprender de forma persistente e dirigida, tais como as necessidades de aprender a matéria, o procedimento, a atitude, o interesse e o ideal.
A aluna do Ensino Secundário que estuda com persistência Matemática, Física, Química e
Biologia e obtém boas notas porque quer seguir o ramo de Medicina como futura profissão.
- A motivação extrínseca refere-se aos factores externos que predispõem o indivíduo a aprender de
forma persistente e dirigida, tais como prémios, elogios, aprovação social,
benefícios materiais.
O aluno do Ensino Secundário por exemplo, estuda afincadamente todas
disciplinas da 9ͣ classe e obtém boas notas, porque o pai prometeu-lhe uma
viagem de avião à cidade da Maputo.
3. Condições de Motivação na Sala de Aulas
O Professor poderá motivar seus alunos observando as seguintes
condições:
- Apresentação do tema da aula, indicando
a sua importância;
- Reactivação da matéria, que consistirá na
colocação de perguntas sobre conhecimentos anteriores relacionados com o tema a ser tratado;
- Apresentação
do conteúdo novo, através da promoção da aprendizagem significativa e por descoberta;
- Apresentação
dos conteúdos através de acções
com os objectos e coisas, com base nas representações de imagens e, finalmente, através de sua descrição linguística;
- Uso do reforço,
através do acompanhamento
da
realização das instruções de solução de tarefas e avaliação individual
dos alunos, estimulando-os a encontrar alternativas de ultrapassar suas dificuldades;
- Colocação de
tarefas de avaliação
do alcance dos objectivos, por meio de exercícios realizados no
fim de cada aula;
- Atribuição de tarefas para realizar em casa.
Bibliografia
ABRUNHOSA, M. A. e LEITÃO, M. Introdução à Psicologia. Porto, Edições ASA, 1980. págs. 168-205.
CABRAL, A. e NICK, E. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo. Editora cultrix, 1997.
MWAMWENDA, T. S. Psicologia Educacional, Uma Perspectiva Africana. Maputo, Texto Editores, 2005, págs. 222-233.
TAVARES, J.; ALARCÃO, L. Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Coimbra, Livraria Almedina, 1990.
RODRIGUES, A. & BILA, L. V. Módulo de Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Maputo. Universidade Pedagógica. S/d.
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