O processo da informação no cérebro
O processo da informação no cérebro
Estudos realizados
por vários cientistas têm mostrado que diferentemente nos animais inferiores
nos animais superiores a maior parte da informação captada pela via dos órgãos
dos sentidos é processada em diferentes regiões do córtex cerebral. Durante
vários anos fisiologistas estudaram a reacção dos diferentes estímulos visuais
básicos em experiências realizadas com os animais tais como gatos e macacos.
Inseriram em certas
células corticais eléctrodos e fizeram o registo das respostas.
Descobriram nestes
animais (gatos e macacos) a existência de três tipos diferentes de células
corticais visuais dentro dos lóbulos occipitais. As chamadas células simples
cuja a função é responder a um tipo de linha tais como risco de luz ou
extremidade, numa determinada direcção que pode ser vertical ou obliqua. Este
tipo de linha move-se lentamente através de uma dada região (campo perceptivo)
da retina.
Outro tipo de
células existentes nos lóbulos occipitais são as chamadas células complexas. O
seu modo de operação é semelhante ao das células simples. A diferença entre
elas é que estas – as complexas – detectam estímulos de movimentos rápidos e o
seu campo perceptivo é mais amplo.
O terceiro tipo de
células corticais visuais detectoras são as chamadas células hipercomplexas que
reagem aos estímulos muito curtos bem como a ângulos (cantos). Pensa-se que
estes neurónios processam a informação a partir de células complexas.
Existe uma
concordância entre os cientistas de que os córtices dos diferentes mamíferos
são organizados da mesma forma que os córtices de outro tipo de animais. O
córtex cerebral parece ser composto de células dispostas em forma de coluna
vertical como de uma colmeia se tratasse.
As células que
pertencem a uma certa coluna têm a função de processar a informação de um certo
sentido específico bem como de uma área particular do corpo. A maior parte das
colunas dos lobos occipitais do córtex lidam com informação visual. As células
simples, complexas e hipercomplexas de uma única coluna encarregam-se de uma
região restrita da retina.
Cada célula da
coluna tem especificamente a função de detectar um determinado estímulo numa
dada orientação e move-se a uma certa velocidade. As colunas verticais de
células de outras regiões corticais trabalham do mesmo modo com outros tipos de
informação sensorial.
Cada coluna tem suas
linhas de comunicação de entrada e de saída. Entretanto todas se entrelaçam
entre si e com outras regiões do cérebro.
O córtex também
possui neurónios específicos e especializados cuja função é detectar um certo
tipo de informação visual mais complicada.
Por exemplo, numa
experiência com gatos foi detectado que estes possuíam no córtex células que
detonavam depois da realização de um determinado número de eventos específicos
e outros que reagiam a experiências pouco conhecidas. Numa outra experiência
com macacos foi descoberta a existência de neurónios que reagem com todo o
vigor a factores específicos e complexos, tais como uma mão.
Na opinião de alguns
cientistas existem duas classes de células corticais especializados em análise
de dados visuais. Os detectores de características universais. Como
exemplo encontramos as células simples as complexas e as hipercomplexas.
Estes detectores
extraem os elementos separados da informação incluindo o tempo, o espaço, a
orientação, a direcção do movimento e a cor de um estímulo qualquer. Neurónios
desta natureza podem ser encontrados em qualquer tipo de animal.
Depois temos os detectores
de características espécie-específicos como por exemplo os detectores das
mãos dos macacos. Estes detectores analisam as imagens através da procura de
informações crucialmente importantes ou que se encontram frequentemente. Essas
células parecem especificas para cada grupo de animal.
No entanto, é muito
difícil estudar o sistema visual humano porque não se pode introduzir nela os
eléctrodos pois estes podem causar danos ao sistema. Ao invés disso os
psicólogos imaginaram tarefas muito complexas para determinar como o cérebro
humano pode responder à estimulação visual.
Os resultados apoiam
a ideia de que os seres humanos possuem detectores corticais para informações
sobre orientação, intensidade, movimentos e provavelmente a cor.
As células
especificas em todo o córtex alternam seus padrões de detonação cada vez que
olhar traz novas imagens. Estas representações são de certo modo armazenadas e
depois integradas com outras informações recebidas de outros sistemas
sensoriais e imediatamente comparadas com lembranças de experiências
anteriores. Estes processos constituem o fundamento da capacidade de um
individuo extrair informação visual sobre si e sobre o meio que o rodeia.
Organização da percepção visual
No tema anterior debruçamo-nos
sobre a parte fisiológica do sistema visual. Falamos precisamente da constituição
anatómica do olho e da função de cada um dos elementos que o constituem.
Continuando, ainda no processo da percepção visual debruçar-nos-emos sobre como
a percepção se organiza e quais as estratégias que o ser humano usa para
interpretar a informação visual de objectos.
Os nossos olhos
captam várias imagens simultaneamente. Algumas dessas imagens não nos
apercebemos delas. O processo é tao rápido e automático que algumas vezes inconsciente
dele. Aprenderemos neste capítulo algumas das regras que se aplicam aos
aparelhos perceptivos.
Essas regras podem
também serem aplicados a outros aparelhos perceptivos.
A Percepção dos
objectos
Para o processamento
da informação o homem utiliza diversas estratégias. Entre essas estratégias
figuram:
- A constância
- A figura-fundo e
- Agrupamento.
De certeza terá
notado que olhando o objecto de perto ou de longe ou mesmo com luz menos
intensa ele continua a manter a mesma forma (cilíndrica se for um copo,
circular se for um prato). Quer dizer o objecto não mudou de forma continua com
a forma constante.
Em termos gerais constância significa
a maneira com que os objectos olhados de diferentes ângulos, de várias distâncias
ou sob condições diferentes de iluminação, continuam sendo percebidos como
tendo a mesma forma, tamanho e cor. Se não houvesse constância na nossa
percepção, os objectos mudariam de forma, tamanho e cor constantemente. A
constância permite a que o mundo perceptivo do individuo seja estável.
Figura-fundo
Se olhares
atentamente em letras negras escritas sobre uma folha branca notará que estas
se destacam mais do que a própria cor branca ou um quadro pendurado sobre uma
parede. Isso acontece frequentemente em placardes publicitários. O que vemos
mais são as letras nelas estampadas mais do que no próprio fundo do cartaz.
Se olhamos ao nosso
redor vemos objectos que se colocam contra um fundo. O objecto da atenção pode
simultaneamente ser visto como um fundo ou como figura dependendo da forma como
o individuo dirige a sua atenção. Esta reversibilidade é mais nítida quando
olhamos para a figura de Escher. Olhando atentamente para a figura nos parece
de certo modo a flutuar.
Por vezes a parte
branca toma o lugar de figura de destaque e outras alterna-se com a parte preta
passando esta a ser figura principal e a branca o fundo. É de destacar que
enquanto os nossos sentidos e o cérebro estiverem a operar normalmente, esta reversão
não acontece. Isto, é o mesmo estímulo não pode ser visto como fundo e figura
ao mesmo tempo.
A reversão das
figuras é um fenómeno que ocorre espontaneamente e praticamente difícil de
controlar. Embora haja essa reversão não significa que a interpretação das duas
figuras ocorra simultaneamente. Aparece uma de cada vez.
Enquanto de um modo
geral vemos figuras a emergirem do fundo, já quando se trata de cenas distantes
ou objectos camuflados a sua interpretação não é imediata. A questão de
figura-fundo é muito essencial para que o individuo tenha percepção dos
objectos. O facto é que um objecto só pode ser percebido se estiver separado do
seu fundo. Esta regra é tida como inata.
Agrupamento
A maneira como
agrupamos os elementos de informação visual obedece certos princípios tais
como:
A semelhança,
proximidade, simetria, continuidade, e o fechamento. Semelhança – os elementos
objectos da nossa percepção que tenham cor, forma ou textura são agrupados em
mesma categoria. Veja as figuras abaixo. A primeira figura embora seja composta
por quarenta e nove quadradinhos iguais não apercebemo-la como sendo composta
de quarenta e nove quadradinhos escuros mas sim composta de fileiras de quadradinhos.
O mesmo acontece com a figura ao lado. Percebemo-la como sendo composta de
fileiras de quadradinhos e rectângulo mais do que de quarenta e nove
quadradinhos e rectângulo.
Proximidade – os elementos visuais próximos
entre si são percebidos como pertencendo à mesma categoria. Repare nas figuras
abaixo. A nossa percepção leva-nos a organizar a primeira figura à esquerda em
colunas, a da direita em fileiras e a de baixo em diagonais.
Figura 2: Formas de agrupamento. |
Percepção de Profundidade e distância
Continuando a falar
da percepção, agora vamos discutir um pouco sobre com o processo da percepção
humana se realiza. Se prestar muita atenção aos objectos que são focos da sua
atenção notará que as imagens são registadas na retina em duas dimensões
fundamentais. A dimensão esquerda-direita e a dimensão em cima- em baixo. Isto
quer dizer que ao apreciarmos o objecto que constitui o nosso foco de atenção
os nossos olhos percorrem-no nestas direcções e as imagens captadas ficam
registadas na retina nestas duas dimensões.
Para entendermos
como se realiza o processo de percepção de profundidade e distância vamos
recorrer ao que chamamos de indicadores de fisiológicos, indicadores de
movimento e os indicadores de imagens (indicadores pictóricos).
Indicadores de
profundidade
É do seu domínio de
que os mamíferos incluindo o ser humano possuem dois olhos e a percepção da
profundidade depende do funcionamento dos dois. Se você estiver a caminhar ou a
viajar de autocarro olhando em linha recta para a estrada o que lhe parece? De
certeza à medida que vai andando parece que a estrada vai se afunilando,
tornando-se menos larga.
Este fenómeno, é
causado pelo facto de que cada um dos nossos olhos (a retina) regista uma
imagem um pouco diferente e quando os olhos se fixam num objecto eles se viram
um para o outro criando uma convergência. É esta convergência que cria a imagem
de profundidade.
Quando estamos em
movimento, as imagens do nosso campo visual mudam sempre. De certeza que já reparou
que quando estiver a viajar de carro os objectos parecem estar a deslocar-se
uma grande velocidade alguns deles. Aqueles que estão próximos parecem ser mais
velozes enquanto que os distantes se deslocam mais devagar. Esta indicação da
distância é conhecida como paralaxe do movimento. Este fenómeno ocorre
quando alguém se desloca de um veículo.
Referências
bibliográficas
ALÍPIO, Jaime da Costa; VALE, Manuel Magiricão. Psicologia Geral. EaD – Universidade Pedagógica, Maputo: S/d.
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