Pensamento e linguagem
Pensamento e linguagem
Conceito de
pensamento
Naturalmente é
difícil determinar exactamente se as pessoas pensam em palavras ou imagens.
Contudo resultados de estudos conduzidos por psicólogos tem demonstrado que o
desfile das imagens na mente das pessoas parece a forma mais habitual de pensar
de muitas pessoas.
Estudos recentes na
área de psicologia parece também confirmar o facto de que o pensamento das
pessoas ocorre em forma de imagens mentais.
Experiências
recentes corroboram com a ideia de que as pessoas ao pensarem utilizam mais
quadros mentais que as descrições verbais. Isto quer dizer que, não pensamos
geralmente em palavras embora isso aconteça, mas sim através de imagens que
desfilam no nosso cérebro.
Os psicólogos
parecem concordar em que no processo do pensamento desfilam diferentes tipos de
imagens visuais, auditivas, tácteis, gustativas que acompanham o processo.
O pensamento é
muitas vezes caracterizada como uma fala interior. O indivíduo fala consigo
mesmo mas não duma forma coerente. As frases são incompletas sem as vezes
nenhum sentido gramatical. Experiências realizadas confirmam a ideia de que as
pessoas falam consigo mesmas enquanto pensam.
Como se desenvolve o pensamento lógico?
Algumas correntes
advogam que o pensamento é condicionado socialmente e está estritamente ligada
a linguagem. Entende-se por linguagem a forma de exteriorização do pensamento.
A abordagem de
Vigotsky sobre o pensamento baseia-se na teoria marxista na qual refere que as
mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na
natureza humana. Este teórico vê o desenvolvimento do pensamento
(desenvolvimento cognitivo) como condicionado pelas relações sociais.
Para Vygostsky não é
possível separar o desenvolvimento do contexto social e o pensamento é afectado
pela cultura onde o indivíduo se encontra inserido. Neste processo a linguagem
assume um papel importante no desenvolvimento das capacidades cognitivas da
criança.
Cada criança possui
o seu próprio desenvolvimento havendo diferenças entre uma criança e outra.
Um outro psicólogo
bem conhecido que se dedicou sobre o desenvolvimento do pensamento, o
desenvolvimento cognitivo, portanto, foi PIAGET. Na sua óptica considerava o
desenvolvimento do pensamento como sendo condicionado pela maturação biológica
e que as mudanças que possam ocorrer no pensamento da criança são apenas
mudanças qualitativas e não quantitativas.
Para determinar o
desenvolvimento da criança Piaget usava diversos métodos os quais penso que
você também usa com as suas crianças, seja com os seus alunos ou seus filhos.
Piaget usava as seguintes perguntas: “De onde vem o vento”? “ O que faz você
sonhar”. Para além deste método usava o de observação das actividades do
indivíduo (da criança).
Piaget observou como
as crianças lidam com os conceitos de número, espaço, velocidade, tempo e
outros e a partir dos resultados obtidos formulou a sua teoria de desenvolvimento
do pensamento.
Para ele o
pensamento se desenvolve em etapas diferentes que ele próprio designou de
estágios.
Os estágios que
caracterizam o pensamento da criança segundo Piaget são quatro a saber:
Estádio
sensório-motor (do
nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve um conjunto de "esquemas
de acção" sobre o objecto, que lhe permitem construir um conhecimento
físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o conceito de permanência do
objecto, constrói esquemas sensório-motores e é capaz de fazer imitações,
construindo representações mentais cada vez mais complexas.
Estádio
pré-operatório (ou
intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a construção da relação
causa e efeito, bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do
faz-de-conta.
Estádio
operatório-concreto (dos
6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir conceitos, através de
estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito
de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos
concretos, não fazendo ainda abstracções.
Estádio
operatório-formal (dos
10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o pensamento
abstracto, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os
diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente.
Apesar de Piaget ter
dado grande contributo no estudo do pensamento da criança a sua teoria não era
de todo perfeito. Ele tem sido criticado por as tarefas usadas para determinar
o desenvolvimento do pensamento da criança serem muito complexas e envolverem o
uso das aptidões verbais.
Piaget não deu
importância o aspecto social (a cultura) e baseou-se mais nas mudanças
qualitativas que quantitativas.
O seu mérito reside
em que a sua teoria permite captar as grandes tendências de desenvolvimento da
criança e também permite encarar as crianças como sujeitos activos na
aprendizagem.
A teoria de Piaget teve influência
na educação através dos princípios de:
- a) Aprendizagem por descoberta;
- b) Prontidão para aprendizagem e
- c) diferenças individuais.
A teoria de Piaget
parte de uma abordagem construtivista onde o papel do professor é o de
facilitar e não o de direccionar.
Elementos do pensamento
O pensamento
caracteriza-se por três elementos a saber:
- Imagem;
- Acção;
- Representação.
A imagem refere-se a
aparência física dos objectos e fenómenos. Por ex.: se quiser descrever a
aparência física de seu pai você formará uma imagem visual do seu pai.
A acção acompanha o
pensamento. As pessoas geralmente limitam os seus movimentos a gestos como
franzir a cara, morder o lápis, coçar a cabeça. Estas acções ocorrem quando
estamos a pensar. Quando isso acontece as pessoas que estão perto de nós nos perguntam:
“o que estás a pensar”? “aconteceu alguma coisa” A acção refere-se a movimentos
relacionados com a linguagem, atitudes, manifestações e comportamentos.
A representação
constitui a componente básica do pensamento. O pensamento envolve a
representação de itens que não estão imediatamente presentes. Ao conversar ou
escrever compartilhamos os nossos conceitos com as pessoas.
Referências
bibliográficas
ALÍPIO, Jaime da Costa; VALE, Manuel Magiricão. Psicologia Geral. EaD – Universidade Pedagógica, Maputo: S/d.
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