Textos jornalísticos: a reportagem e a crônica

 Textos jornalísticos: a reportagem e a crónica

A reportagem e a crónica são textos jornalísticos que vão além da simples noticia.

Pelo modo como tratam um facto verídico, embora em modelos diferentes, estimulam as emoções do leitor ou do ouvinte, informando-o com maior profundidade sobre o assunto em causa. Portanto, são textos que aproximam o autor (normalmente, um jornalista) do público-alvo (leitor ou ouvinte) relativamente ao tema em questão.

Nesta unidade temática, iras estudá-los em paralelo, o que te possibilitará compará-los e assimilar as suas características.

1. Regência verbal

Em geral, as palavras de uma oração são interdependentes. Essa relação necessária que se estabelece entre duas palavras, em que uma serve de complemento outra, tem o nome de regência. A palavra dependente denomina-se regida, e o termo a que ela se subordina chama-se regente.

A regência verbal diz respeito relação de dependência existente entre um verbo e os seus complementos. Está, pois, relacionada com o tipo de transitividade de um verbo e com as preposições que lhe estão associadas.

Quanto à predicação, como sabes, os verbos classificam-se em intransitivos e transitivos.

Os verbos intransitivos expressam uma ideia completa.

Exemplos:

O povo sofreu.

O rapaz viajou.

Os verbos transitivos exigem sempre, em sua companhia, uma palavra de valor substantivo: o complemento directo ou o complemento indirecto.

Exemplos:

O velho perdeu uma casa.

O Governo ofereceu uma casa ao velho.

Estes exemplos mostram-nos, respectivamente, que a regência verbal pode fazer-se:

  • Directamente, sem uma preposição intermédia. O complemento é directo (uma casa);
  • Indirectamente, mediante o emprego de uma preposição (a). O complemento é indirecto (ao velho).

NOTA: Alguns verbos transitivos exigem obrigatoriamente um complemento directo e um complemento indirecto. São os verbos transitivos directos e indirectos.

A regência dos verbos obedecer, desobedecer e responder

Estes verbos, na língua culta, fixaram-se como verbos transitivos indirectos.

Exemplos:

Obedeceste ao teu pai?

Desobedeceste-lhe?

Respondeste ao Valdemiro?

Os constituintes sublinhados assumem a função sintáctica de complemento indirecto. Por este motivo, os verbos obedecer, desobedecer e responder são transitivos indirectos.

A regência dos verbos dar e dizer

Normalmente, estes verbos assumem-se como transitivos directos e indirectos, como se pode confirmar nos exemplos:

Dei três pares de sapatos aos refugiados.

Disse um segredo ao João.

Os constituintes sublinhados em cada frase são complementos directos e indirectos.

NOTA: excepto quando tem forma de um pronome pessoal, o complemento indirecto é sempre regido pela preposição a, que pode aparecer sob forma contraída: ao(s) e à(s).

2. Evolução da língua portuguesa no tempo

Analisando as línguas faladas na Europa, os linguistas concluíram que os antigos povos do Centro da Europa terão tido como língua o indo-europeu, de que não chegaram até nos registos. Uma das línguas com raízes no indo-europeu foi o latim, que deu origem às línguas novilatinas ou românicas, de que faz parte o português. Embora seja hoje uma língua morta, o latim exerce ainda um papel importante na explicação da evolução das línguas românicas. Vejamos a origem da língua portuguesa.

O latim popular

O latim foi divulgado pela Europa com a romanização.

O português, como as outras línguas românicas, não é proveniente do latim culto – o literário, cultivado pelos grandes escritores romanos –, mas do latim popular ou vulgar – falado pelo povo, pelos funcionários públicos, comerciantes e soldados que expandiram o Império Romano até à Península ibérica.

Os povos da Península tiveram de aceitar a língua latina, modificando-a de acordo com as caracteristicas fónicas das suas línguas nativas. Foram, pois, estas adaptações que fizeram com que o latim desse origem a línguas diversas.

Fases da formação do português

Período de tempo

Fase

Manifestação

 

Anterior ao século IX

 

Pré-história

Fase de formação. Não há documentos históricos comprovativos.

 

 

Séculos IX – XII

 

 

Proto-história

Documentos em latim bárbaro (muito adulterado, com palavras de várias Línguas) redigidos por tabeliões em contratos, testamentos e doações.

 

Séculos XII – XIV

 

Época arcaica

Comprovada pela redacção de poesias trovadorescas e pelas crónicas de Fernão Lopes.

Do século XVI à primeira metade do século XX

Época moderna

Justificada pela escrita dos autores do Renascimento (iniciadores da época), com destaque para Luís de Camões.

Da segunda metade do século XX até hoje.

Época contemporânea

A língua portuguesa dos nossos dias.

 

Evolução do léxico

Numerosas palavras portuguesas são provenientes do latim vulgar, ou seja, chegaram até nos por via popular, tendo sido transformadas pelo povo. São exemplo deste tipo de evolução as palavras: agulha, com origem em acucula; pulga, de pulica; chuva, de pluvia.

Contudo, outras palavras chegaram por via do latim erudito, através de escritores e tradutores de grandes obras romanas. Estes introduziram no português algumas palavras latinas a que deram apenas uma terminarão portuguesa. São exemplos: oculu > óculo; macula>mácula; cogitare>cogitar.

Houve situações em que o povo recebeu directamente vocábulos semicultos dos escritores, transformando-os. São semicultos, por exemplo, os vocábulos: praga<plaga; mágoa<macula; artigo<articulu.

Vocábulos divergentes e convergentes

Chamam-se divergentes os vocábulos diferentes que provieram do mesmo étimo latino.

Latim

Português

Vocábulo popular

Vocábulo semi-erudito

Vocábulo erudito

Plaga

Chaga

Praga

Plaga

 

Outros vocábulos divergentes:

Latim

Português

Vocábulos populares

Vocábulo erudito

 

Régua

regra

regular

 

Planu

chão

plano

 

consiliu

conselho

consílio

 

legale

leal

legal

 

Solitariu

solteiro

solitário

 

factu

feito

facto

 

cathedra

cadeira

cátedra

 

 

Chamam-se convergentes os vocábulos que derivam de étimos diferentes, assumindo a mesma forma, mas significados diferentes. São, portanto, palavras homónimas.

Latim

Português

sunt (verbo)

são (forma do verbo ser)

sanu (adjectivo)

são (adjectivo)

 

Outros vocábulos convergentes:

Latim

Português

baleat (verbo)

baleia (forma do verbo balear)

balleana (nome)

baleia (nome)

rideo (verbo)

rio (forma do verbo rir)

rivu (nome)

rio (nome)

vadunt (verbo)

vão (forma do verbo ir)

vanu (adjectivo)

vão (adjectivo)

 

Bibliografia

MACIE, Filipe Virgílio. Pré-universitário – Português 11ª Classe. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2009.

Comentários