A Continuação da Exportação Mão-de-obra e da Dependência em Relação ao Capital Estrangeiro
A Continuação da Exportação Mão-de-obra e da Dependência em Relação ao Capital Estrangeiro
Introdução
O
Nacionalismo Económico de Salazar definia como proposta de actuação a redução
da dependência em relação ao capital estrangeiro. Não obstante este
posicionamento, no concernente a exportação de mão-de-obra, o Estado Novo tomou
sempre medidas que contrastavam com esta ideia. Porque será que o Estado
colonial ao mesmo tempo que falava na diminuição da dependência em relação ao
estrangeiro estimulava a exportação da Mão-de-obra?
O Prosseguimento da Exportação de
Mão-de-obra
Dadas
as condições objectivas em que se encontrava a burguesa portuguesa, a política
do nacionalismo económico ao contrário de enfraquecer as ligações económicas de
Moçambique com os centros mais desenvolvidos da África austral, sob forma de
fornecimento de trabalhadores migrantes e de prestação de serviços ferro-portuários,
como vinha acontecendo, intensificou-as renovando e aperfeiçoando em 1928 os
acordos com a África do Sul.
Embora
para os interesses da burguesia e pequena burguesia dos colonos tais ligações
entravassem a sua capacidade de atrair trabalhadores para as suas empresas
pagando-lhes salários competitivos a burguesia portuguesa não tinha capacidade
para evitar e dispensar esta actuação do capital estrangeiro. Mais ainda, para
Moçambique, a ligação com a África do Sul constituía principal fonte de
rendimento do governo e o sistema de pagamento diferido obrigatório de parte
considerável do salário dos trabalhadores migrantes moçambicanos assegurava a
entrada de divisas em Moçambique.
Pela
convenção de 1928 revista em 1934 e 1940, 50 a 55% das importações do Transvaal
por mar deviam ser feitas através de Lourenço Marques; o mineiro moçambicano
era contratado por 12 meses para trabalhar no Transvaal, contrato renovável por
mais seis meses mas findo os quais era obrigado a regressar a terra; uma parte
do salário do mineiro era entregue à autoridades portuguesas que pagariam ao mineiro no seu regresso a Moçambique.
Vemos
que devido a natureza relativamente atrasada do capitalismo português a
economia colonial de Moçambique ficou integrada no complexo e continuou integrada
no complexo económico capitalista da África austral prestando dois serviços
essenciais:
- a) Fornecimento de saídas para o mar através do desenvolvimento de linhas de caminho-de-ferro ligando parte das economias sul-africanas e rodesianas aos portos de Lourenço Marques e Beira;
- b) Fornecimento de trabalhadores para as minas e agricultura sul-africanas e rodesianas.
As
receitas de transportes e de trabalho migratório constituíam a mais importante
fonte de divisas para a economia colonial de Moçambique.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 8 de História: O Colonialismo Português a Partir de 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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