As Sociedades Moçambicanas Após a Expansão Bantu

As Sociedades Moçambicanas Após a Expansão Bantu

Introdução

Às primeiras sociedades de comunidades de caçadores e recolectores seguiu-se a implantação de sociedades de agricultores e pastores. Nesta lição vai estudar como é que os agricultores e pastores chegaram a Moçambique e outras regiões da África austral. Siga a lição com atenção!

As Sociedades Moçambicanas Após a Fixação Bantu

Durante a expansão, atendendo ao tipo da sua economia, os bantu preferiram localizar as suas aldeias em terras férteis junto de cursos permanentes de água.

A sua base económica era a Agricultura (mapira e mexoeira). Por isso, eram sedentários. A caça, a pesca, a olaria tecelagem e metalurgia do ferro, eram actividades complementares da agricultura.

A terra, meio de trabalho principal, era património da comunidade. Todos tinham acesso a ela, mas cabia aos membros séniores a distribuição e o controlo da sua correcta utilização.

O exercício de tarefas não produtivas por um grupo reduzido da população e o aparecimento do excedente, contribuíram para o surgimento da exploração do homem pelo homem. Estas relações de produção, expressas em tributos quer em trabalho quer em espécie, porque exercidas no quadro das relações de parentesco, eram conscientemente assumidas pelos produtores directos como manifestação de reconhecimento pelas valiosas actividades propiciatórias que os chefes desempenhavam. O sistema de parentesco, assente em linhagens e clãs, desempenhava um importante papel na esfera política, económica, religiosa e social.

Era como parente que o indivíduo tinha acesso aos recursos económicos e demais direitos da comunidade.

Os parentes mais velhos, herdeiros e guardiões das experiências e tradições da comunidade, portanto os únicos detentores do saber, monopolizavam o exercício das tarefas técnico-administrativas e mágicoreligiosas.

São eles que orientavam as cerimónias de invocação da chuva, que pediam aos antepassados a fertilidade do solo, a estabilidade política e o sucesso das actividades económicas. Detinham igualmente, o poder de decisão sobre as alianças matrimoniais e política. Estes membros séniores, como chefes religiosos, eram considerados elos de ligação entre os vivos e os mortos.

Os Grupos Etno-Linguísticos Moçambicanos: as Diferenças Norte/Sul

Em Moçambique, identificamos dois tipos de linhagens: A linhagem Matrilinear e a linhagem Patrilinear.

Grosso modo, a linhagem Matrilinear pode ser encontrada a norte do rio Zambeze; ao passo que a patrilinear está a sul do mesmo rio.

O mapa a seguir ilustra os grupos etnolinguísticos de Moçambique e respectivos tipos de linhagem:

Caracterização de cada uma das Linhagens

Linhagem matrilinear: neste sistema, o filho nascido de um casamento pertence à família da mãe; pratica-se a uxorilocalidade, isto é, depois do casamento o homem transfere-se da casa de seus pais, sua povoação para a da sua mulher ou esposa.

O dote (mahari em emákua) de maior significado é entregue pelo homem à mulher. A educação dos filhos não é assegurada pelo pai, mas sim pelo tio materno, já que estes crescem entregues aos cuidados da família materna.

A transmissão do poder, obedece mais ou menos à mesma lógica: com a morte de um chefe o poder não passa para o filho mais velho, mas sim para o sobrinho, filho da irmã mais velha.

A caça a pesca e a construção de casas eram as únicas actividades masculinas relevantes. As mulheres, praticando a agricultura, é que asseguravam o sustento das comunidades.

Linhagem Patrilinear: o filho nascido de um casamento pertence à família do pai. Pratica-se a virilocalidade, isto é, a transferência da mulher (esposa) para a povoação do marido por ocasião do casamento, é um indicador do papel preponderante que os homens desempenhavam na vida económica e social.

O dote (lobolo) pago pelo noivo aos sogros, aparece como um mecanismo de estabilização dos casamentos e de subordinação da mulher em relação ao homem.

A transmissão da herança é de pai para o filho mais velho.

A prática da pastorícia, actividade masculina por excelência, conferia aos homens o acesso a um bem duradoiro, principalmente expresso em gado bovino. O gado era o principal meio de pagamento de lobolo e simbolizava o poder económico, ou melhor, representava a capacidade de adquirir esposas.

Referências bibliográficas

MINEDH. Módulo 5 de História: Moçambique – Das Comunidades de Caçadores e Recolectores às Sociedades de Exploração. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.

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