A Conquista e Resistência no Norte de Moçambique
A Conquista e Resistência no Norte de Moçambique
Introdução
A
conquista do norte foi especialmente marcada pela diversidade política da
região. Com efeito, ao longo da costa encontravam-se formações islamizadas. Nas
terras do interior existiam as confederações makua, em Nampula; os estados
ajaua, no Niassa e ainda as formações linhageiras, no planalto dos maconde.
Veja,
a seguir, quais foram os territórios tomados pelos portugueses e as principais
figuras e/ou instituições envolvidas em todo o processo de conquista e
ocupação.
A Situação Política nas Vésperas da
Ocupação
No
fim do século XIX o norte de Moçambique apresentava o seguinte quadro político:
• De
Moma a Memba
- Reinos afro-islâmicos da costa
aliados as chefaturas macua dos Imbamela, Marravona e Mulai e algumas tribos do
interior mais próximo. Estes chefes, aliados entre si, procuravam manter a todo
o custo a sua autonomia.
• No
interland da Ilha de Moçambique
- Nos confins de Matibane
localizava-se uma confederação de chefaturas dos makua Namarrais, chefiada por
Mucutumunu.
• De
Memba a Messalo (vale do Lúrio) - Chefaturas makua: Chaca, Eráti e Meto
• Planaltos
do interior de Cabo Delgado;
- Encontravam-se os macondes
vivendo em linhagens e sem grandes chefes territoriais. As aldeias eram
independentes e ligadas por laços de parentesco.
• Actual
província do Niassa
-
Estados yao ocupando a maior perte do território;
Camponeses nyanja nas margens do Lago;
chefaturas Makua Lómuè e Chirima;
Neste período, os portugueses viviam instalados ao
longo da costa: Ibo, Mussoril, Ilha de Moçambique e Quelimane.
A Resistência e Conquista
A
ocupação militar do norte pelos portugueses teve como base de partida as
possessões costeiras: a ilha de Moçambique, o Mussoril e a ilha do Ibo.
A
ocupação efectiva do território teve início em 1895, tendo como palco a região
do interior frente a ilha de Moçambique, onde depararam com a resistência
armada dos guerreiros namarrais.
Estes
guerreiros tinham a guerrilha como técnica de combate, usando o meio ecológico
como arma e evitando o confronto em campo aberto.
Conheciam
duas técnicas militares consoante os objectivos ou o advesário:
- Wita: ataque de surpresa a pessoas isoladas ou pequenos grupos executado por bandos de caçadores de escravos ou por um grupo de homens jovens para aquisição de esposas, gado ou alimentos.
- Otiman (razia): ataque devastador a uma ou várias povoações, onde se voltava por uma segunda vez para pilhagem.
Desde
o século XVI os guerreiros do norte conheciam as armas de fogo que as adquiriam
em troca de escravos, contudo a sua utilização era limitada pela dificuldade de
obter munições.
A Ocupação de Nampula
As
primeiras tentativas de ocupar Nampula foram conduzidas por Mouzinho de
Albuquerque, contra a região da makuana em 1896 e 1897.
Estas
primeiras acções fracassaram por várias razões:
_ Face
a ofensiva colonial todos os chefes, de Moma a Memba, procuraram adoptar uma
estratégia comum contra a ocupação.
_ Os
grandes amuene makua (chefes dos chefes de linhagens) tais como Mucutu-munu,
Komala e Kuphula e os xeiques Molid-Volay, Faralay, Suali Bin Ibrahimo (o
“Marave”), souberam como classe dominante dirigir uma guerra popular, devido a
grande coesão social que a estrutura social e ideológica e linhageira conferia
a essas confederações guerreiras.
Em
1905, os portugueses esboçaram um novo plano de ocupação que consistia na
penetração em profundidade, seguindo os vales dos rios, por linhas
perpendiculares à costa.
Assim
os portugueses obtiveram o apoio de alguns chefes tradicionais do interior que
estavam em conflito com os reinos esclavagistas da costa.
Assim
processou-se a ocupação de Nampula, partindo da costa para o interior e do
norte para o sul.
A Ocupação de Niassa e Cabo Delgado
A
ocupação das actuais províncias de Cabo Delgado e do Niassa efectivou-se em
quatro fases:
1.
Os portugueses partem do Ibo para o continente e tentam assinar tratados de
vassalagem dos chefes locais, de modo a reclamar diante dos seus concorrentes o
norte como seu. Com o avanço dos alemães a norte do Rovuma os portugueses
lançaram uma expedição militar contra Mataca que, apesar de derrotada permitiu
aos portugueses a confirmação da fronteira norte, em 1891.
2.
Após a entrega formal dos territórios de Niassa e Cabo Delgado à Companhia de
Niassa (1891), tendo programado o início da ocupação para 1899, a Companhia
lançou neste ano expedições militares para ocupar várias regiões do interior.
Assim:
- Em 1899 a Companhia destruiu a povoação do chefe Mataca e ergueu um posto militar em Metarica;
- Entre 1900 e 1902 a companhia ocupou Messumba e Metangula.
Esta
fase foi contudo interrompida pela forte resistência popular que levou a
expulsão dos representantes da Companhia de várias regiões entre o rio Lugenda
e o Lago Niassa.
3.
Depois de 1910, quando a Companhia consegiu mais dinheiro, reiniciou as acções
militares de ocupação, atacando sistematicamente o território do chefe Mataca e
destruindo aldeias. Foi intalado um posto militar em Oizulu e, em 1912,
tentou-se a ocupção total de Cabo Delgado e Niassa.
4.
Depois da I Guerra Mundial e aproveitando os meios e as infraestruturas
utilizados durante aquele conflito os portugueses conseguiram penetrar no
planalto de Mueda e submeter os Macondes.
Assim
terminava a resistência no norte de Moçambique e consumava-se a ocupação da
região.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 7 de História: O Colonialismo Português em Moçambique de 1890 a 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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