A Conquista Militar no Sul de Moçambique
A Conquista Militar no Sul de Moçambique
Introdução
A
conquista e ocupação de Moçambique teve início no sul de Moçambique onde o
estado de Gaza pontificava como obstáculo para a implantação do domínio
colonial não só nesta região como em todo o país.
Nesta
região as acções de conquista foram conduzidas pelos portugueses liderados por
Mouzinho de Albuquerque. Veja os principais momentos desse processo.
Tentativas de Implantação
Político-Militar Portuguesa
Até
1885 a autoridade política portuguesa no Sul de Moçambique estava limitada a
região de Lourenço Marques.
Com
a descoberta do ouro em Witwatersrand e o desenvolvimento do tráfego de
trânsito e da actividade mercantil no interior torna-se justificável o
investimento pela implantação política e administrativa, que era também uma
imposição da Conferência de Berlim.
Principais acções
- 1886 – Indicado um Comissário-Residente no reino de Gaza
- 1888 – Os portugueses reafirmam os “termos de vassalagem” com os estados situados entre Lourenço Marques e o Limpopo e o reino Maputo.
- Abertura de um posto militar em Angoane
- 1889 – Comissário Residente de Gaza elevado à categoria de Intendente- Geral
- Nomeado Comissário-Residente para o reino Maputo.
Estas
medidas eram, porém, insuficientes para permitir aos portugueses o controlo do
sul de Moçambique, principalmente devido ao número reduzido de soldados
portugueses na região. Assim, apesar dos tratados assinados incluirem a
cobrança de impostos, os porugueses não conseguiram cobrá-los, pelo menos até
1892. Por outro lado, o trabalho migratório e o trânsito de mercadorias criaram
novos problemas administrativos e políticos para os portugueses.
A Competição Pela Mão-de-obra
A
exportação da mão-de-obra provocou a escassez desta no sul de Moçambique,
originando uma forte concorrência pelo seu controlo.
Incapazes
de concorrer com os salários pagos nas minas da África do Sul, os comerciantes
e autoridades coloniais portuguesas procuravam formas não económicas para
garantir o fornecimento de mão-de-obra aos empreendimentos locais.
Algumas Medidas
- Recurso aos chefes amigos para o fornecimento de mão-de-obra;
- Uso da autoridade política para normalizar o fornecimento da mão-de-obra. Angoane tornou-se um verdadeiro posto de recrutamento.
A
partir de 1889 as dificuldades de recrutamento aumentaram pois os homens
começaram a faltar, para além de não existir uma organização central de recrutamento
que pudesse controlar a concorrência. Para minimizar o problema foram adoptadas
algumas medidas, tais como:
- Colaboração entre os recrutadores e os cantineiros;
- Fornecimento de armas e munições;
- Rusgas.
Resistência e Conquista no Sul de
Moçambique
O
Plano de António Enes
Investido
de plenos poderes para estabelecer a imagem portuguesa e o domínio efectivo
dominando as chefaturas que pretendiam manter-se independentes, António Enes
baseou a sua acção no seguinte:
- Fazer surgir pela força o prestígio português nos pequenos regulados;
- Fazer alianças com os chefes submetidos ou amedrontados para cercar Gaza e dominar Ngungunhane, mas não romper as hostilidades até estabelecer um dispositivo militar que permitisse agir com segurança.
A
primeira etapa da conquista colonial foi Marracuene, que como muita dificuldade
conseguiram vencer. Em seguida Moamba e Matola aliaramse aos portugueses e
atacaram Zilhalha e Magaia que se refugiaram em Gaza.
A
Conquista de Gaza
O
estado de Gaza era a principal ameaça ao plano de ocupação dos portugueses,
pelo que tornou-se alvo prioritário da conquista portuguesa.
Para
materializar este objectivo, António Enes elaborou um plano para a ocupação de
Gaza que envolveu demarches diplomáticas e militares.
A
nível diplomático, o plano de Enes consistiu no envio de emissários para
estabeleceram contactos com Ngungunhane com os seguintes objectivos:
- Convencer o rei de Gaza de que não haveria ataques ao seu território de modo a impedir que se preparasse militarmente;
- Impedir a aliança do rei de Gaza com a Companhia de Moçambique, para a cobrança de impostos no seu território;
- Evitar o estabelecimento de negociações com a British South África Company.
Enquanto
decorriam os esforços diplomáticos os portugueses foram também se preparando
militarmente para o ataque.
Quando
todos os preparativos para a intervenção militar se achavam concluídos os
portugueses decidiram atacar. Justificando o ataque como represália pela recusa
de Ngungunhane em entregar os chefes fugitivos, os portugueses lançaram o
ataque em três frentes:
- 07 de Setembro de 1895 - uma coluna que partiu do sul travou com as tropas de Ngungunhane a batalha de Magul, onde se encontrava Nhmantibjana.
- Outubro de 1895 – quadrilha de embarcações entra pelo Limpopo e submete Bilene e Xai-Xai;
- 07 de Novembro de 1895 – uma coluna parte de Inhambane e trava a batalha de Coolela, com as tropas de Gaza, próximo da capital Mandlakazi que foi incendiada.
Na
sequência deste ataque o estado ficou desorganizado e Ngungunhane refugiou-se
em Chaimite com os seus chefes fiéis. A maioria dos outros chefes aliou-se aos
portugueses.
Em
Dezembro de 1895, Mouzinho de Albuquerque, foi nomeado governador do distrito
militar de Gaza.
No
final do mês de Dezembro, Mouzinho descobriu o esconderijo de Ngungunhane e
prendeu-o, levando-o para Lisboa, de onde foi deportado para os Açores, onde
morreu em 1911.
A
prisão de Ngungunhane não pôs fim definitivo a resistência no estado de Gaza. O
exército de Gaza continuou a resistir sob a liderança de Maguiguane Cossa com o
objectivo de restaurar a monarquia e eliminar a dominação colonial.
A
luta de Maguiguane que decorreu sob o lema “m’buiyseni” (tragam-no -
Ngungunhane- de volta) consistiu em emboscadas aos portugueses e a incitação da
populção para a desobediência a todas exigências dos portugueses. Passado cerca
de um ano e meio, a 27 de Julho de 1897 as tropas de Maguiguane foram
derrotadas pelo exército português chefiado por Mouzinho de Albuquerque.
Mais
a sul o reino Maputo foi conquistado em Fevereiro de 1896 e o seu rei, Nguanaze
refugiou-se na África do sul.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 7 de História: O Colonialismo Português em Moçambique de 1890 a 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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