As Organizações Nacionalistas no Pós-guerra
Introdução
Pouco
depois da II Guerra Mundial, surgem em Moçambique várias organizações com
motivações nacionalistas como o Movimento dos Jovens Democratas de Moçambique
(MJDM) ou o Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM).
Outras
associações e personalidades deram igualmente o seu contributo neste período.
As Organizações Nacionalistas no
Pós-guerra
Os
factores descritos levaram ao surgimento, pouco depois da II Guerra Mundial, de
organizações com motivações nacionalistas. Foi nesse contexto que se formou em
Moçambique o Movimento dos Jovens Democratas de Moçambique (MJDM).
Seus
objectivos:
- Fazer uma intensa propaganda contra o Estado Novo, através da distribuição de panfletos de propaganda política clandestina;
- Combater as grandes injustiças sociais de que estavam a ser vítimas os trabalhadores por parte dos patrões; e
- Promover a unidade de todos os africanos.
Alguns
dos seus dirigentes foram Sobral de Campos, Sofia Pomba Guerra, Raposo Beirão,
João Mendes, Ricardo Rangel e Noémia de Sousa.
Vigiado
pela polícia e limitado pelas divisões impostas ap movimento associativo, este
movimento viria a ser reprimido no período de 1948-49, quando os seus
principais foram presos e condenados.
Mas
a semente da contestação havia sido lançada. Assim, em princípios de 1949,
formou-se em Lourenço Marques, com cerca de vinte membros o Núcleo dos
Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM), que funcionava dentro do Centro
Associativo de Moçambique (CAM), o novo nome do Instituto Negrófilo.
O
objectivo do Núcleo era fomentar a unidade e camaradagem entre os jovens
africanos através do desenvolvimento da sua capacidade intelectual, espiritual
e física, para melhor servir a sociedade.
Nos
primeiros anos da sua existência foi considerada pelas autoridades coloniais
como uma organização nacionalista embrionária. Daí ter sido policiada e sob
influência da direcção colaoracionista do Centro Associativo, passou a restringir
a sua actividades e acções sócio-culturais entre a pequena camada estudantil
negra constituída pelos filhos das famílias dos membros do Centro.
Na
segunda metade da década de 1950, a contradição entre o colaboracionismo do
Centro e a tendência nacionalista do NESAM, agudizou-se. O NESAM voltou a ser
uma plataforma de discussão e comunicação não só sobre o problema da educação
discriminatória, mas também do nacionalismo e independência.
Alguns
dos seus dirigentes foram: Eduardo Mondlane, Joaquim Chissano, Armando Guebuza,
Luís Bernardo Honwana, Augusto Hunguana, Josina Muthemba, Pascoal Mcumbi, Jorge
Tembe, entre outros. Por causa das suas ideias o NESAM viria a ser banido em
1965.
Outras
associações apareceram um pouco pelas principais cidades de Moçambique. Mas
quase, se inicialmente tentaram ser forma organizada de reivindicação de
direitos cívicos para os assimilados e mulatos, dentro do império, acabaram por
servir os interesses dos grandes empregadores de mâo-de-obra, que eram os seus
financiadores e de estar sob o controle das autoridades que estavam preocupadas
que elas se convertessem em centros de desenvolvimento da consciência
nacionalista.
Sintomático
é o surgimento em 1935 da Associação dos Naturais de Moçambique, constiuída por
brancos nascidos em Moçambique, considerados como “brancos de segunda”. De
início servindo os interesses do colonialismo, mas a partir da década de 50, um
pequeno grupo de brancos anti-fascistas toma o controle da Associação e abre as
portas indivíduos de outras raças. Colabora, a paritr de então com o NESAM e
vai ministrando nas suas instalações cursos que o sistema não facultava aos
negros.
Também
em Lisboa, onde se encontravam a estudar assimilados e mulatos de todo império
português, a Casa dos Estudantes do Império e o Centro de Estudos Africanos,
desempenharam intensas campanhas contra o sistema colonial português.
Formada
em Lisboa, a Casa dos Estudantes do Império tinha como objectivo enquadrar as
actividades sociais dos jovens assimilados das colónias que iam estudar para
Lisboa, desenvolvendo neles o sentimento de lusitanidade.
Estes
estudantes africanos, começaram desde finais da década de 1940 a questionar a
sua assimilação e a revalorizar a nível conceitual a cultura africana, através
de palestras e produção literária.
Esse
mesmo objectivo, levou a formação, em Outrubro de 1951, do Centro de Estudos
Africanos que, ao invés de simples reclamações de direitos cívicos no império
questinavam a essência do sistema colonial.
Alguns
dos participantes deste Centro foram Agostinho Neto, Mário de Andrade, Amílcar
Cabral, Marcelino dos Santos e Noémia de Sousa.
A
PIDE não ficaria alheia à actividade do Centro, pelo que muitos dos seus
membros tiveram que fugir no início dos anos 50, para outros países.
Este
centro lançaria as sementes do que viria a ser mais tarde a Conferência das
Organizações Nacionalistas das colónias Portuguesas (CONCP), em 1961, em
Casablanca.
Se
nas cidades surgiram movimentos de contestação, também no campo, contra o
sistema colonial de produção as populações revoltaram-se cozendo as sementes,
diminuindo o ritmo daprodução, fugindo para os países vizinhos, entre outras
formas de resistência.
No
planalto de Mueda, por exemplo, desenvolveu-se um movimento rural que conseguiu
aproveitar, temporariamente, do sistema económico colonial e das
cirscunstâncias específicas locais, para elaborar um sistema de produção que
trazia vários benefícios aos produtores, tendo constituído na prática, uma
ameaça potencial ao regime colonial, no distrito, e contribuído para as tensões
do planalto, nos inícios de 1960.
Este
movimento foi muito influenciado pelos acontecimentos ocorridos na Tanganhica.
Neste
contexto, em 1957, surge, em Cabo Delgado, a Sociedade Algodoeira Africana
Voluntária de Moçambique, (SAAVM) dirigida por Lázaro Nkavandame (presidente),
João Namimba (vice presidente), Cornélio João Mandanda e Raimundo Pachinuapa
(secretários).
Inicialmente
constituída por doe membros, com o passar do tempo este número foi se alargando,
tornando-se uma potencial ameaça política, uma base para possíveis contestações
ao regime.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 8 de História: O Colonialismo Português a Partir de 1930. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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