As Primeiras Comunidades em Moçambique
As Primeiras Comunidades em Moçambique
Introdução
Uma
das questões que qualquer principiante do estudo de história de Moçambique tem
relaciona-se com as primeiras comunidades de Moçambique. Pois bem será esse o
assunto a abordar ao longo desta lição.
O
terrritório que é hoje Moçambique foi inicialmente habitado por comunidades
pertencentes a dois grupos – os khoi- khoi e os San, conjuntamente designados
Khoisan. Em virtude de terem na caça e na recolecção as suas actividades
económicas principais são também conhecidos como comunidades de Caçadores e
Recolectores. Trata-se de comunidades com formas de vida económica, política e
sócio-cultural bastantes simples.
Vejamos
a seguir como viviam os Khoisan!
Economia
A
base da economia das comunidades Khoisan era a caça e recolecção. Portanto os
Khoisan limitavam-se a caçar ou recolher frutos, mel, ovos, folhas e outros
produtos disponíveis no meio em que viviam. Significa isto que estas
comunidades não desenvolviam qualquer actividade produtiva.
Na
comunidade, todos os membros envolviam-se na vida económica e social, mas cada
um ocupava-se de tarefas que estivessem de acordo com a sua capacidade física.
Assim as mulheres, os velhos e as crianças realizavam tarefas relativamente
menos pesadas e menos perigosas como a recolecção, a limpeza dos acampamentos,
e outras enquanto aos homens cabiam as tarefas mais pesadas e perigosas em
especial a caça.
A
esta forma de organização do trabalho chama-se Divisão natural do trabalho.
Para
a realização das suas actividades eram usados instrumentos pouco aperfeiçoados
geralmete feitos de pedra, madeira, ossos, chifres. Uma vez que a pedra
constituía o principal material para o fabrico de instrumentos de trabalho
considera-se que uma das características destas comunidades é o uso da técnica
líctica, ou seja, da técnica da pedra.
Tanto
a caça como a recolecção são actividades cujo produto serve para o consumo
imediato, por isso a economia destas primeiras comunidades caracterizou por
aquilo a que se chama Imediatismo de produção/consumo. Não havia qualquer
acumulação de excedente.
A
caça e recolecção são actividades que podem ser realizadas individualmente. Uma
pessoa, sózinha, pode caçar um pássaro ou um animal de pequeno porte ou ainda
apanhar um fruto ou qualquer produto no mato. Portanto, neste tipo de economia,
não existe uma estrita necessidade de as pessoas se juntarem para conseguir
alimento. Sendo assim, nestas comunidades não foram constituídas formas de
organização social permanentes. As pessoas viviam em bandos instáveis. Também eram
nómadas, uma vez sempre que os animais ou plantas começavam a escassear num
certo lugar as pessoas eram obrigadas a procurar novos sítios com maior
disponibilidade de alimentos.
A Expansão e Fixação Bantu
Depois
de milhares de anos de predominância da comunidades Khoisan, a partir do século
III começaram a chegar a Moçambique novos povos provenientes da África
Ocidental, especialmente da orla noroeste da Grande Floresta Equatorial – os
povos de língua bantu.
Vários
autores debruçaram-se sobre a expansão Bantu apresentando as mais diversas
ideias sobre as origens dos bantu, as razões da sua expansão e percurso até a
África Austral incluindo Moçambique.
Analisando
as diversas ideias, Martin Hall resume em três aspectos fundamentais as grandes
discussões que linguistas, arqueólogos e historiadores têm realizado sobre a
expansão bantu:
1º
Aspecto
Os
povos bantu eram uma nova raça que teria emigrado para o sul, substituindo e
absorvendo as comunidades primitivas que habitavam a África Austral – Esta é
uma concepção rácica da expansão. Ela foi prontamente criticada e
posteriormente abandonada.
2º
Aspecto
Os
povos bantu não eram uma nova raça, mas sim, povos falantes de línguas
aparentadas entre si – o bantu. É a chamada teoria linguística.
O
termo bantu passou a ser utilizado a partir de 1862, graças ao trabalho do
linguista alemão Bleek, que descobriu o grande parentesco em cerca de 300
línguas faladas na região Austral
Esta
teoria, tem várias vertentes para explicar a expansão bantu:
- i) Para
GREENNBERG, Joseph, a migração bantu deu-se em direcção ao sul, a partir da
zona de fronteira entre os Camarões e a Nigéria;
- ii) GUTHRIE,
Malcom, defende que o centro da expansão teria sido a região de Luba na
Província de Shaba, na República Democrática do Congo;
- iii) OLIVER, Roland,
concordou com ambos, defendendo que suas teorias se complementavam e acrescenta
um novo dado – a expansão obedeceu a quatro fases distintas.
- iv) PHIPLLIPSON,
David, defende que a origem da expansão encontra-se na floresta dos Camarões,
com dois movimentos distintos: um que contornou a Grande Floresta para a região
dos Grandes Lagos (a Oriente) e outro que seguu atravessando a Grande floresta
em direcção a República Democrática do Congo e Angola;
- v) EHRET,
Cristopher, acredita que as línguas bantu espalharam-se através da zona
tropical com um período de diferenciação local nas regiões de floresta de
Savana antes da sua expansão final para oriente e região sul-oriental.
3º
Aspecto
A
expansão bantu estaria ligada à domesticação das plantas e animais, à cerâmica
e ao trabalho do ferro. O desenvolvimento desta economia mista (agricultura,
pastorícia e metalurgia), permitiu a sedentarização das populações, a especialização
no trabalho e o surgimento da desigualdade social.
A Expansão Bantu
Em
Moçambique, as evidências da fixação bantu, foram gradualmente reveladas, em
diversas estações arqueológicas. Estamos a falar das estações de Matola,
Xai-Xai, Vilanculos, Marrape, Hola-Hola, Mavita, Chongoene, Bilene, Zitundo,
Serra Maúa, Monte Mitukwe, etc.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 5 de História: Moçambique – Das Comunidades de Caçadores e Recolectores às Sociedades de Exploração. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
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