África e o mundo no Século XV

África no século XV

No século XV, a Africa a sul do Saara era habitada por vários povos, a maior parte dos quais isolados pelos desertos, pela floresta tropical e pelo relevo.

A África apresentava, no século XV, uma grande diversidade, a nível de organização sociopolítica. Com efeito, a Africa do século XV apresentava desde comunidades de caçadores e recolectores nómadas até Estados e impérios bastante prósperos.

Os maiores estados africanos dessa época eram:

  • Songhai, Mali, Bornu e Etiópia: entre o sul do Saara e a Floresta Equatorial, outrora designada Sudão;
  • Congo, na África Central;
  • Mwenemutapa, mais a sul, integrando parte do actual território de Moçambique.

Fig. 7 – Estados africanos do século XV

A Vida económica dos estados africanos caracterizava-se pela coexistência de uma agricultura de auto-subsistência e do grande comércio a longa distância. A comunidade aldeã era o centro de uma actividade predominantemente agrícola. Ela era o lugar onde habitava um conjunto de famílias ligadas por laços de parentesco, pertencendo a mesma linhagem.

O trabalho era colectivo a nível familiar ou de aldeia. No primeiro caso havia uma divisão do trabalho entre homens e mulheres, entre jovens, adultos e velhos. O trabalho colectivo a nível da aldeia fazia-se em alguns casos nas terras comuns.

Na comunidade aldeã existiam poucas diferenças sociais. A distribuição das terras, a divisão do trabalho e a atribuição do poder obedeciam a normas de parentesco, reminiscência da comunidade primitiva.

Nos estados africanos destacavam-se duas classes sociais:

O povo: composto por camponeses, homens livres sujeitos a pagamento de tributos e à prestação de serviços.

O aparelho do estado confundia-se com a casa real e a ordem dominante. Ele sobrepunha-se as comunidades aldeãs a quem era exigido o pagamento de tributo, para a manutenção do Estado.

Certos estados africanos eram teocráticos, pois o rei tinha um poder divino. Para além de ser o chefe supremo do estado, era também o chefe religioso. No reino do Benin, por exemplo, a genealogia do rei juntava-se à dos deuses. A população acreditava que os reis não tinham as necessidades de um homem normal como comer, beber, dormir, por isso, esses comportamentos eram escondidos.

Nos outros estados, o rei devia mostrar que estava ligado às forças sobrenaturais para garantir a prosperidade do reino, por isso as pessoas esperavam que o rei mostrasse vigor (por exemplo através da luta contra os rivais) ou que realizasse cerimónias mágico-religiosas.

África e o mundo no Século XV

No século XV, a África não era um continente fechado. Neste século já existiam relações mais ou menos profundas entre África e o continente asiático. De uma forma geral, as relações entre Africa e Ásia no século XV estabeleciam-se no domínio comercial. Os estados africanos trocavam ouro, marfim e escravos por produtos asiáticos como tecidos, louças, missangas e objectos de porcelana.

No antigo Sudão, o comércio era feito através de caravanas de camelos que atravessavam o deserto, enquanto na África Oriental, os árabes navegavam até às costas do indico, onde instalavam os seus entrepostos comerciais.

As trocas comerciais levaram à penetração da religião e da cultura islâmica no Sudão e na Costa Oriental de África.

No nosso pais, os restos materiais (missangas, louças e outros objectos asiáticos) comprovam a existência deste comércio foram encontrados no Bazaruto e em Manyikene (província de Inhambane).

Bibliografia

Sumbane, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.

Comentários