Expansão portuguesa em Moçambique
Expansão portuguesa em Moçambique
A expansão portuguesa em Moçambique aconteceu quase que
por acaso. Quando os portugueses se langaram na expansão, tinham como destino a
Índia. Mas, para chegar India, os navegadores portugueses tinham de contornar
toda a costa do continente africano, até dobrar o Cabo da Boa Esperança,
seguindo depois pela costa oriental até ä India. Portanto, o trajecto rumo à Índia
coloca Moçambique na rota.
O primeiro contacto entre portugueses e moçambicanos teve
lugar quando uma expedição comandada por Vasco da Gama atingiu a costa de Moçambique,
em 1498.
A escala dos portugueses em Moçambique, foi devido,
segundo se conta, a uma avaria na sua embarcação, quando se encontravam na foz
do rio dos Reis, algures em Inhambane.
Lê o texto:
Documento
Vasco da Gama,
julgando achar-se na presença do rei desta terra fez-lhe presente de uma
jaqueta, um calção, um barrete e uma mitra. O chefe da tribo ofereceu aos portugueses
fruta, milho, galinhas, cabritos e mel. Houve grande contentamento de parte a
parte, divertimentos e danças (…).
Embora totalmente estranhos ao local, os portugueses
foram bem recebidos pelo rei e pelo povo de Inhambane.
A recepção que os portugueses tiveram levou a que Vasco
da Gama chamasse aquela região Terra da Boa
Gente.
Depois da passagem pelas terras de Inhambane, entre Março
e Abril de 1498, os portugueses escalaram a Ilha de Moçambique e o Arquipélago
das Quirimbas.
Fixação dos portugueses em Moçambique
Na sua passagem por Moçambique, os portugueses
aperceberam-se do intenso e prospero comércio, principalmente de ouro, que se
praticava entre os árabes e os reinos de Moçambique. Este facto despertou o
interesse dos portugueses por Moçambique e, em 1505, iniciaram a sua fixação no
país, com a ocupação de Sofala, seguida da ocupação da Ilha de Moçambique em
1507. Nos anos 30 do século XVI avançaram para o interior ocupando Sena e Tete.
Muitos outros lugares seriam ocupados de seguida.
À medida que os portugueses se fixavam, foram criando
feitorias ao longo da costa que serviam de entrepostos comerciais. Criaram,
também, fortalezas na costa e no interior para se defenderem a si e aos locais
de trocas comerciais.
Observe o mapa atentamente:
Fig. 24 – Fixação dos portugueses em Moçambique |
A pilhagem colonial
Durante a expansão europeia, Moçambique foi explorado por
mercadores portugueses, tanto na primeira fase como na segunda.
Em cada uma destas etapas, os portugueses desenvolveram
comércio com os reinos moçambicanos, primeiro adquirindo ouro, depois marfim e
escravos em troca de tecidos, bebidas alcoólicas, armas e outros produtos que
traziam. Aparentemente a actuação portuguesa, foi benéfica para os moçambicanos,
entretanto não foi o que aconteceu. O referido comércio era feito de forma
desigual. Os portugueses aproveitando-se do desconhecimento dos moçambicanos
sobre o valor das suas mercadorias, para trocá-las por produtos abaixo do seu
valor real. Por exemplo, trocar uma garrafa de aguardente, por uma barra de
ouro, ou uma ponta de marfim por um tecido, ou ainda um escravo por algumas
armas de fogo.
Os europeus dedicaram-se, a uma actividade ainda mais condenável
– o tráfico de escravos. Durante o período da expansão europeia, especialmente
a partir do século XVIII, centenas de milhares de moçambicanos foram vendidos
como escravos pelos chefes moçambicanos aos mercadores europeus que os levavam
principalmente para a América onde trabalhavam nas plantações e minas dos
europeus.
A pilhagem colonial e o tráfico de escravos constituíram,
na fase da expansão europeia, as principais formas de exploração de Moçambique
e de outros territórios africanos contribuindo para o empobrecimento dos territórios
africanos e para acumulação de riqueza na Europa.
Uma das principais marcas da presença portuguesa em Moçambique
durante a fase da expansão europeia é a fortaleza da Ilha de Moçambique, hoje
elevada a Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Ciência
e Cultura (UNESCO).
Bibliografia
Sumbane, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.
Comentários