Europa e o mundo no século XV
Europa e o mundo no século XV
Período de transição ou Antigo Regime
Entre os séculos V e XV, durante a Idade Média
desenvolveu-se na Europa um regime político e económico a que se chamou
Feudalismo. Entre os séculos XV e XVIII, tiveram lugar, na Europa, transformações
económicas, políticas e sociais que levaram passagem do regime feudal, característico
da Idade Média, para o Capitalismo. É pois, a esta fase de passagem do Feudalismo
ao Capitalismo que se chama período de transição.
Em que é que reside a diferença entre Feudalismo e
Capitalismo?
O Feudalismo foi uma forma de produção económica na qual
os camponeses cultivavam nas terras do senhor feudal.
Capitalismo é uma outra forma de produção económica
caracterizada pela propriedade privada dos meios de produção e pela existência
de mercados livres. Neste sistema de produção, o capitalista, que é o proprietário
das terras ou de outros meios de produção (máquinas...), emprega as pessoas
pagando-lhes um salário, normalmente em dinheiro.
Economia europeia no Século XV
Apos a grande crise económica e demográfica do século
XIV, a Europa floresceu, nos meados do século XV, através do desenvolvimento da
agricultura e comércio. A melhoria das condições económicas potenciou o aumento
demográfico.
Agricultura
A agricultura era a actividade mais importante, pois dela
provinham os alimentos (cereais, vinho...), ocupava a maior parte da população
trabalhadora, fornecia quase todas as mercadorias envolvidas no comércio e as
matérias-primas (fibras, têxteis, couros, etc.) usadas na indústria eram,
principalmente, de origem agrícola.
Apesar de ser uma actividade fundamental na economia da
época, a agricultura era pouco desenvolvida:
- Usava instrumentos tradicionais.
- Os adubos eram de origem animal ou vegetal.
- A produtividade era baixa.
- A maior parte das terras pertencia minoria constituída pelo clero e pela nobreza.
Indústria
No século XV, a indústria encontrava-se num nível
bastante primário (a designação mais correcta seria artesanato). A produção
neste sector era integralmente em moldes artesanais. A sua influência na
economia era muito baixa devido ao seu baixo rendimento,
Vejamos algumas características...
- Era praticada em pequenas oficinas espalhadas pelas zonas rurais.
- Envolvia um reduzido número de trabalhadores (muitas vezes, membros da mesma família) por oficina.
As oficinas dos centros urbanos organizavam-se em associações
de artes e ofícios (constituídas por mestres, companheiros e aprendizes).
Comércio
O comércio era uma actividade económica importante, pois
permitia aos europeus obter especiarias, ferro, cobre, ouro, tecidos asiáticos
e vidros.
Além da obtenção de riquezas, o comércio tornou as
relações entre as várias regiões da Europa mais regulares.
Neste período, as principais regiões comerciais eram os
portos do mar Mediterrâneo e, no norte, a Flandres e as cidades hanseáticas.
Apesar da sua importância, o comércio enfrentava
dificuldades devido a alguns aspectos:
- Mau estado das vias terrestres
- Escassez e fraca circulação da moeda.
Sociedade europeia no século XV
População
Nos meados do século XV, a população europeia estava em
crescimento, mas a um ritmo muito lento pois, apesar da alta taxa de
natalidade, a taxa de mortalidade era também elevada e a esperança de Vida era
baixa, cerca de 40 anos.
A população europeia era na época maioritariamente rural.
Estrutura social
A sociedade do Antigo Regime era uma sociedade
estratificada, constituída por três ordens ou estados: Clero, nobreza e
terceiro estado ou povo. Esta estratificação social era semelhante à da Idade
Média.
Contudo, ao longo do tempo, foram surgindo estratos
dentro da nobreza e do povo, com funções e direitos próprios.
Clero
O clero era o primeiro estado, ou ordem, que tinha mais
privilégios devido às suas funções religiosas. Não pagava impostos e tinha leis
e tribunais próprios. Tinha grande número de terras e possuía muitas riquezas
devido à doação de bens e ä recolha do dízimo. Dividia-se em Alto e Baixo
clero. O primeiro era constituído por cardeais, bispos, arcebispos e abades e o
segundo era constituído por curas e frades.
Nobreza
A nobreza ocupava cargos na administração, no governo ou
no exército. Tinha também privilégios, como não pagar impostos e, em caso de condenação,
beneficiava de penas mais leves do que as aplicadas ao povo. Muitos dos seus
membros possuíam grandes propriedades. Esta ordem social dividia-se em dois
estratos, a nobreza de espada e a nobreza de toga.
A «nobreza de espada» era consistida pelas famílias
nobres mais antigas que sempre se tinham dedicado guerra. Dai a espada ser o
seu símbolo. Estava dividida e hierarquizada em «nobreza de corte», que Vivia
junto ao rei com grande luxo e «nobreza de província», menos importante e que
Vivia nas suas propriedades. A «nobreza de toga» era constituída por juízes e
altos funcionários que se ocupavam da administração do reino.
Terceiro Estado
O Terceiro Estado, que era a maior parte da população, vivia
miseravelmente, estando sujeito a pesadas taxas, inúmeros encargos e trabalhos.
A este grupo pertencia a burguesia, ligada às actividades
mercantis e financeiras, mas å qual eram vedados os cargos políticos.
As funções desta ordem social eram produzir bens para o
seu sustento e para a classe dominante. Também exercia profissões liberais e
cargos na administração pública.
Contrariamente nobreza e ao clero, que tinham muitos
privilégios, o terceiro Estado era a classe menos privilegiada. Estava sujeita
ao domínio da nobreza e do clero, aos quais devia prestar serviços, e pagar
rendas.
Clero |
Nobreza |
3.o
Estado |
– Alto-clero (cardeais,
bispos, arcebispos e abades) – Baixo-clero (curas e
frades) |
– Membros da família real – Nobreza de toga – Nobreza de espada – Nobreza provincial |
Mercadores, financeiros, profissões
liberais, artesãos, administrativos, rurais, vagabundos e mendigos. |
Funções: – Ministrar os cultos e o ensino – Fazer a administração |
Funções: Administração do território, funções
militares, aconselhar o rei e dirigir a economia. |
Funções: – Produzir para si, para a nobreza e
para o clero. –Exercício de actividades liberais. |
Privilégios: – Posse de terra – Cobrar o dízimo – Não pagar impostos – Direito Canónico |
Privilégios: – Posse de terra – Receber rendas ou tributos – Isenções jurídicas – Direito ao uso de títulos |
Privilégios: – A maioria da população não tinha
nenhum privilégio. – A alta burguesia gozava de
privilégios de uso com títulos e posse de propriedades. |
Entre meados do século XIV a meados do século XV a Europa Vivia uma situação de crise demográfica, económica e social caracterizada por maus anos climatéricos (muita precipitação) más colheitas, fome, pestes (peste negra) e guerras (Guerra dos Cem Anos e Guerra das Duas Rosas).
Fig. 6 Henrique VII (1457-1509). Foi o primeiro Rei de Inglaterra da casa de Tudor, entre 1485 e 1509. A sua subida ao poder e o seu casamento com Isabel de York puseram fim a Guerra das Rosas e à instabilidade política.
Documento
Guerra dos cem anos
A Guerra dos Cem
Anos foi um conflito entre a Franca e a Inglaterra, motivada pela crise política
em França após a morte de Filipe, O Belo, em 1328. No início, os ingleses
impuseram derrotas aos franceses até que em 1415 as tropas inglesas tomaram
parte do território francês, prenderam o rei Carlos VI e dominaram Paris.
Entretanto, em 1429,
Joana D'Arc, uma camponesa desconhecida, liderou a viragem no conflito. À
frente de um pequeno exército organizado pelo monarca Carlos VII, Joana D'Arc
conseguiu reconquistar Orleans e Reims, criando pânico entre os ingleses.
Aprisionada por acção
do duque de Borgonha, Joana D'Arc foi entregue aos tribunais eclesiásticos,
acusada de bruxaria. Julgada e condenada, a heroína francesa foi queimada viva
na cidade de Rouen, no ano de 1431.
Não obstante, os
feitos daquela guerreira inspiraram a população francesa para novas batalhas
contra a Inglaterra, impondo sucessivas derrotas aos exércitos britânicos. Em
1453, os ingleses reconheceram a derrota, dando fim Guerra dos Cem Anos.
A guerra civil pela
conquista do trono inglês, travada entre 1453 e 1485, foi designada por Guerra
das Duas Rosas porque as partes em conflito, a casa real de Lancaster e a casa
dos York, tinham como símbolos um brasão com uma rosa vermelha e um brasão com
uma rosa branca, respectivamente.
(Adaptado)
Guerra das Duas Rosas
A origem do conflito
foi a disputa entre senhores feudais ingleses para compensar a perda de seus territórios
em França, na Guerra dos Cem Anos. Assim, ao longo de cerca de 30 anos, a Coroa
britânica alternou entre as duas casas, o que provocou um enfraquecimento da
nobreza.
A guerra terminou em
1485, quando Henrique Tudor derrotou Ricardo III na Batalha de Bosworth, subiu
ao trono da Inglaterra com o nome de Henrique VII e restaurou a autoridade
real. Para evitar outro possível confronto entre a rosa vermelha (a família
Lancaster) e a rosa branca (a família York), Henrique VII casou-se com Isabel
de York. Com isso, a dinastia Tudor passou a ser representada com a sobreposição
das duas rosas, o que indicava o fim do confronto.
(Adaptado)
• Após leitura atenta dos dois documentos indica duas das razões que originaram conflitos na europa entre os séculos XIV e XV.
Bibliografia
Sumbane, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.
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