Movimento operário: Classes sociais no Capitalismo

Movimento operário

Classes sociais no Capitalismo

Tal como acontece em todas as sociedades de classes, na sociedade capitalista os cidadãos não ocupam a mesma posição social.

Na sociedade capitalista existem, por um lado, os capitalistas, homens ricos, que são donos de fábricas, bancos, grandes lojas, grandes extensões de terras, etc. Estes formam a chamada alta burguesia. Por outro lado, existem os operários das fábricas, os trabalhadores das terras, das machambas dos grandes agricultores. Estes formam o proletariado.

Os pequenos comerciantes, industriais e proprietários de terras, bem como os funcionários do Estado, empregados bancários e do comércio, membros das profissões liberais (advogados e médicos), não são nem membros da burguesia, nem do proletariado. Constituem, portanto, uma classe média.

No século XIX, a classe média registou um grande crescimento, tanto no número dos seus membros como na sua importância, devido a vários factores:

  • Expansão da economia: neste século desenvolveram-se alguns sectores importantes da economia como a indústria, o comércio, a banca e os transportes.
  • Difusão do saber e desenvolvimento do ensino: a partir da segunda metade do século XIX, era introduzido nos países industrializados o Ensino Primário obrigatório, para garantir a formação de quadros.
  • Crescimento da Administração Pública: como sabes, um dos resultados das revoluções liberais foi a reorganização política e administrativa dos aparelhos estatais, contribuindo para um crescimento da Administração Pública.

Importância relativa das diferentes classes sociais

A importância das diferentes classes sociais varia de pais para pais, dependendo do nível de desenvolvimento de cada um.

Vamos, contudo, analisar esta questão em termos gerais.

Como sabemos, a alta burguesia é constituída pelos ricos, pessoas que, portanto, controlam a economia. Sendo as pessoas que sustentam a economia do pais, os burgueses influenciam a política dos Estados.

Alguns membros da alta burguesia foram no início das suas vidas pessoas pobres, mas com o passar do tempo acumularam riqueza, graças as suas capacidades: audácia, posse de fundos, tendo conseguido alcançar o sucesso na sociedade. Mas a possibilidade de essas pessoas acumularem riqueza foi-se tornando mais difícil medida que o Capitalismo foi evoluindo.

A burguesia tem uma mentalidade própria que se caracteriza por:

  • Defesa da livre iniciativa, do direito å propriedade e ao lucro pessoal (o burguês é individualista).
  • Apologia do trabalho, da poupança e da dignidade pessoal.
  • Atribuição ao Estado do papel de defesa dos interesses da sua classe.
  • Gosto pelo bem-estar e pela ostentação (luxo, frequência de locais de lazer, festas, etc.), pelos quais procura demarcar-se de outros estratos da sociedade.

Nos países mais industrializados os operários são a maioria, enquanto nos países menos desenvolvidos são os camponeses que representam ainda a maioria da população.

A classe média, surgida como já vimos no século XIX, apresenta uma situação bastante variada. Alguns membros desta classe têm uma riqueza consideravelmente grande, que os coloca mais próximos da alta burguesia, enquanto outros têm uma riqueza que os coloca mais próximos do proletariado.

Os membros da classe média distinguem-se tanto da burguesia, como do proletariado pelo estilo de Vida, pela posição social e pela mentalidade.

E qual é o enquadramento das antigas classes sociais na nova sociedade?

Ao lado das classes sociais da nova sociedade, ainda existiam as que pertenciam à sociedade antiga (o clero e a nobreza). Mas, nesta fase em que o poder já era detido pela burguesia, estas classes já não têm muita influência.

Condições de Vida do operariado

A Revolução Industrial não foi um programa planeado e conduzido por um Estado. Foi, sim, um fenómeno baseado apenas na lei do «Laissez faire» deixar andar, da liberdade, da livre concorrência, da propriedade privada, defendida pelos economistas da época e que passou a ser uma espécie de dogma, ou seja, algo incontestável.

A economia passou, então, a ser conduzida nesta base, sem qualquer planificação, o que fazia com que os mais ricos comprassem as terras tornando-se, para além de proprietários industriais, proprietários de terras.

Os camponeses que ficavam sem as suas terras eram obrigados a procurar emprego nas cidades e, assim, afluíam às fábricas sem nenhuma regulamentação.

Deste modo, os centros industriais viram, rapidamente, a sua população triplicar ou quadruplicar, sem que existissem condições para alojar os novos habitantes vindos da periferia.

Esta situação provocou uma Vida bastante dura para os operários pois, como as cidades estavam cheias de pessoas à procura de trabalho, aqueles que conseguiam emprego eram obrigados a aceitar quaisquer condições salariais e de trabalho, que o patrão oferecia sem oportunidade de negociar, pois o mesmo podia substitui-los a qualquer momento. Neste contexto, as condições de Vida dos operários caracterizavam-se por:

  • Má alimentação: devido subida dos preços dos produtos alimentares, fraca capacidade de compra (baixos salários) e as crises económicas, que langavam os operários no desemprego.
  • Longas jornadas de trabalho: a iluminação a gás tornava possível trabalhar até å noite, por isso os patrões obrigavam os trabalhadores a prestar 12 ou 15 horas de trabalho por dia.
  • Utilização de mão-de-obra feminina e infantil: para poder reduzir os gastos com os salários, os patrões preferiam empregar mulheres e crianças a quem, normalmente, pagavam salários mais baixos em relação aos salários pagos aos homens.
  • Diminuição dos intervalos e horários das refeições: tendo por objectivo aumentar os lucros, os patrões obrigavam os operários a trabalhar cada vez mais tempo e para isso reduziam os intervalos para descanso e para as refeições.
  • Trabalho continuo sem férias nem feriados: além de reduzir o tempo das refeições e de descanso, durante o dia de trabalho, também se tornou frequente não dar aos operários férias nem descanso nos feriados.
  • Habitações degradantes: os operários auferindo salários muito baixos não podiam suportar o pagamento de rendas altas. Assim, a solução era viver nos bairros operários, onde normalmente não existiam condições de saneamento, as casas eram pequenas (uma família de 6 a 8 pessoas viviam numa casa de duas divisões).
  • Prevalência de doenças: como os operários recebiam salários muito baixos, muitas vezes não conseguiam alimentar-se devidamente, o que os colocava numa situação de fraqueza em relação às doenças. As doenças eram também resultantes das péssimas condições em que eles viviam.
  • Alcoolismo: as péssimas condições em que os operários viviam criavam, por vezes, um sentimento de frustração que os levava ao alcoolismo.

Mas, porque existiam estas deploráveis condições de Vida do operariado?

Se bem que possamos indicar diferentes factores para as, mas condições em que os operários viviam, duas merecem particular destaque:

  • Introdução de novas máquinas: a utilização de maquinaria permitiu aos industriais reduzir o pessoal, pois uma máquina manejada por uma ou duas pessoas conseguia fazer o trabalho que manualmente teria de ser feito por várias pessoas. Assim, a introdução das máquinas colocou muitos operários no desemprego.
  • Abundância de mão-de-obra: com a explosão demográfica, aumentou o número de pessoas que precisam de emprego. Como havia muitas pessoas procura de emprego e as vagas eram poucas, os patrões começavam a baixar os salários. Ora, como os salários não eram suficientes para cobrir as despesas, além do chefe de família, a mulher e os filhos eram forçados a trabalhar, nas mesmas fábricas, por um salário ainda mais reduzido.

 Bibliografia

SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.

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