As fontes históricas

As fontes históricas

A História, como conhecimento do passado humano, não pode atingir directamente o passado, apenas permite vê-lo através de vestígios que esse passado deixou e que servem de base ao trabalho do historiador.

O conceito de documento já foi definido pela História Nova como «toda a fonte de informação de que o espírito do historiador sabe retirar qualquer coisa para o conhecimento do passado humano visto sob o ângulo da questão que lhe foi posta. Tudo aquilo que exprime o Homem, um indício que revela a presença, actividade, sentimentos, mentalidade do Homem».
Marc Bloch, Introdução à História, Publ. E.A., 2.a ed. Lisboa 1974, pp. 25-29.

Os tipos de fontes

Partindo da definição de fonte histórica, é difícil determinar onde começa e onde acaba o documento, pois a sua noção alarga-se progressivamente e acaba por abarcar textos, monumentos, observações de toda a ordem, sinais, palavras, paisagens, etc.
Tudo o que nos pode informar sobre o passado dos homens pode ser fonte histórica.
Portanto, podemos identificar diferentes tipos de fontes históricas: escritas, figuradas, orais e gravadas ou audiovisuais.

Fontes escritas - manuscritas ou impressas, compreendem inscrições, jornais, cartas, documentos oficiais, etc. A sua diversidade faz com que também possam ser discriminadas em várias categorias:
  • a)    Epigráficas: gravadas em materiais duros como a pedra, o bronze, ou a cerâmica. Geralmente são textos curtos, com fins comemorativos, funerários, etc. São uteis, na ausência ou escassez de outro tipo de fontes.
  • b)    Arquivísticas ou diplomáticas: são os documentos de carácter oficial (diplomas, tratados, etc.), ou de carácter jurídico (escrituras notariais, actas de assembleias, inventários, sentenças, registos paroquiais, legislação geral ou especial, documentação geral, etc.).
  • c)     Literárias ou narrativas: livros, oratória, anais e crônicas, hagiografias, narrativas diversas.
Fontes materiais ou arqueológicas  vestígios materiais do Homem (fósseis, restos de utensílios domésticos, monumentos, objectos de arte ou paisagens com marcas dos homens que as trabalharam).

Fontes orais  de um modo geral, são transmitidas de geração em geração sob a forma de conto, lenda e outras formas. O seu objectivo fundamental é transmitir a memoria dos antepassados. No entanto, elas pecam por carecerem de um suporte material.
Até cerca do 3.o milénio a.n.e., não existiam testemunhos escritos, pelo que é extremamente difícil vislumbrarmos o que ocorreu de concreto com os nossos antepassados. Graças às escavações arqueológicas, é possível ter uma imagem de como devem ter vivido os povos do passado.

Todos os achados, à frente do arqueólogo, constituem autênticos testemunhos mudos, isto é, têm algo a dizer sobre como viviam os seus possuidores.

Não se pode pensar, porém, que o recurso à arqueologia resolve definitivamente o problema da falta de fontes. Nem todos os aspectos da Vida dos nossos antepassados podem ser hoje conhecidos a partir dos vestígios materiais referidos no parágrafo anterior, pois em muitos casos os materiais de que se serviam - a madeira, peles dos animais, etc. - rapidamente desapareceram.

Interpretar os testemunhos arqueológicos é uma tarefa complexa, dai que o historiador é obrigado a recorrer a algumas disciplinas auxiliares tais como a numismática («ciência das moedas» que permite elucidar questões dos domínios político, económico, social e cultural) bem como a sigilografia ou esfragística («ciência dos selos» usados como Sinal pessoal de autoridade e de propriedade).

A datação pelo Carbono-14

Os tempos pré-históricos são, sem dúvida, os que maiores problemas acarretam no seu estudo, devido à escassez de documentos escritos. Assim, o estudo desses tempos tem sido possibilitado pela chamada datação pelo método do Carbono-14.
Pois bem, em que é que consiste este método?

Todos os seres contêm, enquanto vivos, uma quantidade constante de carbono radioactivo (C-14) que pode ser medida. Após a morte cessa a acumulação do C-14 e com o tempo vai diminuindo em proporção sempre igual, até desaparecer totalmente. Assim, pela análise do C-14 existente é possível calcular a época em que um organismo morreu, desde que se tenha conservado sem contaminação.

Deste modo consegue-se avaliar com notável precisão o período em que foram utilizados materiais como madeiras, carvão vegetal, couro, tecidos, conchas, marfim, etc.
Um dos inconvenientes deste tipo de fontes é o perigo de deturpação da informação, quer por esquecimento quer até como acto intencional.

Documentos gravados ou audiovisuais - Neste caso a informação é transmitida por sons ou imagens (fita magnética, disco, cilindro, desenho, pintura, mapa, fotografia, filme, microfilme, etc.).




Bibliografia
SUMBANE, Salvador Agostinho. H11 - História 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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