As Massas de Ar e seu dinamismo

As Massas de Ar e seu dinamismo

As massas de ar formam-se quando grandes volumes de ar permanecem durante muito tempo no mesmo lugar.

Nessas condições formam-se massas de ar primárias que são características das regiões tropicais e das zonas polares. As massas de ar primárias formam-se raramente nas latitudes médias por serem zonas turbulentas.
São estas as principais massas de ar que afectam a Europa Ocidental Árctica, Antárctica e Equatorial.

As massas de ar são grandes volumes de ar horizontais com as mesmas características físicas de temperatura, pressão e humidade.


Classificação das massas de ar

  • Ar Polar marítimo (Pm)
Afecta a Europa Ocidental e é proveniente do ar árctico marítimo ou do ar polar continental da América após percorrer um longo percurso marítimo.

Quando o ar árctico marítimo, com trajectória N-S e a grande velocidade, chega directamente à Europa Ocidental, conserva ainda as suas propriedades iniciais.
Quando atinge a Europa vindo de NW (trajecto oceânico) ou tenha permanecido algum tempo nas latitudes subárcticas ele aquece e carrega-se de humidade.

O ar Pm é muito instável: ao longo do seu trajecto sobre o mar carrega-se de vapor de água das latitudes de 450 e 600, e encontra uma constância depressionária e assim ela entra numa ascendência dinâmica.

No Inverno, o ar Pm é mais quente do que o continental, originando uma estabilidade com formação de nuvens baixas estratificadas (tipo nevoeiro) sem chuvas. No Verão, o continente está mais quente e, portanto, origina-se uma instabilidade com nuvens de desenvolvimento vertical, que dá origem a fortes aguaceiros.

  • Ar Polar continental (Pc)
Provém de uma degenerescência do ar Pm ou Am, depois de ter estagnado sobre o continente (em situação de altas pressões). Este ar chega da Rússia, Europa Central, Finlândia ou Escandinávia, sendo bastante frio e seco no Inverno.

O ar Pc origina nevoeiros cerrados, embora a sua humidade relativa seja fraca. Durante o dia, o nevoeiro dissipa-se e o céu torna-se bastante claro, com intensa luminosidade. No Verão, o ar Pc é muito quente e seco.
Pode originar instabilidade com nuvens de desenvolvimento vertical, mas raramente chove.

  • Ar Tropical marítimo (Tm)
É uma massa de ar quente e muito húmida devido permanência sobre o oceano. É muito estável em todas as estações. No Inverno, ao entrar no continente, arrefece apenas a base, mantendo-se quente em altitude. No Verão, a Europa ocidental encontra-se menos quente que o ar Tm, devido à circulação dominante das massas polares frescas.
    O ar Tm torna-se instável quando é forçado a elevar-se por uma frente fria. Os fluxos de W e SW são os responsáveis por estes mecanismos. Nestes casos, originam nuvens de desenvolvimento vertical (cúmulos e cúmulos-nimbos) com grandes tempestades e trovoadas devido forte humidade absoluta do ar quente marítimo.

  • Ar Tropical continental (Tc)
É proveniente do Sahara, apresentando-se muito quente e seco. Por vezes, pode chegar ao sul da Espanha e França carregado de humidade, depois de atravessar o Mediterrâneo sendo, por conseguinte, quente e húmido.

Gradiente adiabático

Um mecanismo em que a deslocação das massas de ar é rápido e não se verificam trocas energéticas com a Atmosfera circundante, ou seja, sem trocas energéticas com o exterior.
Quando o gradiente térmico é um valor constante ao longo do trajecto, estamos na presença de gradiente adiabático.

O gás possui uma energia interna: energia cinética - cujo estado térmico depende da pressão que se exerce sobre ele. Quando comprimido aquece e sujeito à expansão arrefece. Assim, o ar sujeito a um movimento ascendente, caminha para pressões menores, expande-se e arrefece. Inversamente, um movimento descendente ou de subsistência comprime o ar e este aquece.

Se o gradiente adiabático é seco, com o ar saturado em vapor de água, dá-se uma libertação de energia pela condensação e esta energia libertada reduz o arrefecimento e conduz a uma situação de gradiente adiabático húmido.

Estabilidade e instabilidade das massas de ar

O gradiente térmico pode ser superior ou inferior à taxa de arrefecimento ou aquecimento de uma partícula de ar em movimento vertical.
Deste desvio de temperatura e densidades diferentes poderá resultar a estabilidade ou instabilidade do ar.

Se o gradiente térmico da Atmosfera for menor que as duas taxas adiabáticas, uma partícula de ar que suba, independentemente da sua humidade, quer por razões de relevo quer por outras, terá sempre no seu seio uma temperatura inferior do ar que a rodeia.
Assim, como é mais densa, resiste a subir mais e volta a descer; diz-se que é uma massa de ar estável.

Se o gradiente térmico for maior que as duas adiabáticas, os efeitos são inversos: o ar, ao subir, arrefece mas mantém uma temperatura interior maior que a da Atmosfera que o rodeia, por isso, é menos denso, tendo assim tendência a subir cada vez mais e rapidamente - é uma massa de ar instável.

A massa de ar instável é frequente no equador e nos continentes no Verão, dando origem a nuvens com grande desenvolvimento vertical. A violência da subida permite atingir rapidamente o ponto de saturação de modo que as condições instáveis podem ser atenuadas.



Bibliografia
WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.

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