Formação das alianças e blocos militares e os primeiros conflitos com as potências imperialistas
Formação das alianças e blocos militares e os primeiros conflitos com as potências imperialistas
O surgimento de Nações ou de Estados-Nação foi manifestamente o facto que mais influenciou a Europa do século XIX. A ideologia nacionalista esteve na origem imediata dos maiores conflitos daquele século, culminando depois com a I Guerra Mundial.
Por volta de 1870, o Estado-Nação passou a ser a forma dominante de organização política na Europa Ocidental. Regimes como a III República Francesa e o Império Alemão, unificado por Otto Von Bismarck (Fig. 1), baseavam a sua autoridade na vontade da Nação, tal como foi definida na Revolução Francesa e assumiram a herança dos movimentos nacionalistas da primeira metade do século XIX. O nacionalismo continuou a exercer uma forte influência na grande maioria dos povos europeus nas quatro décadas anteriores à I Guerra Mundial, defendido e difundido sobretudo pelos governos dos próprios Estados-Nação e por elementos da direita conservadora. A partir desta altura, o nacionalismo iria tomar um rumo diferente e tornar-se um verdadeiro fenómeno de massas. As Nações já não seriam essencialmente definidas como «o povo» em oposição a um monarca absoluto, mas cada vez mais em termos de características nacionais especificas que serviam para as diferenciar umas das outras. Tornavam-se rivais e definiam-se não contra um rei, mas umas contra as outras. Até 1914 assistimos competição e ao aumento da agressão entre as Nações, mas no período compreendido entre 1914 e 1945, delimitado por duas grandes guerras mundiais, as nações europeias assistiram a uma violência e a um sofrimentos nunca vistos.
Fig.1: Otto Von Bismarck (1815-1898). |
Alianças e blocos militares
A rivalidade entre a Alemanha e a França republicana, apos a unificação do primeiro destes países, em 1871, levou o chanceler Otto Von Bismarck a imaginar uma rede de alianças - os sistemas. Estas alianças militares dividiram os grandes Estados europeus em dois campos mais ou menos iguais em poderio militar.
A primeira destas alianças, consumou-se no Acordo dos três Imperadores em 1872/3 e era formada pela Alemanha, a Rússia e a Áustria-Hungria, com o objectivo de isolar a Franca e dissuadi-la de entrar numa guerra de desforra, visando a recuperação da Alsácia-Lorena.
A seguir a este primeiro acordo, caduco por iniciativa da Rússia, ao ser obrigada a renunciar à criação da «Grande Bulgária» em 1878, o segundo documento foi assinado entre a Alemanha e a Áustria-Hungria, em 7 de Outubro de 1879. A Áustria-Hungria tinha disputas territoriais sérias com a Rússia na Europa de Leste e nos Balcãs e precisava da Alemanha para a ajudar a proteger-se dos exércitos russos. A Alemanha, por seu lado, tinha interesse em manter a Áustria-Hungria intacta para que esta a ajudasse a bloquear a expansão russa. Esta aliança viria a ser reforçada com a adesão da Itália, tendo-se então assinado o tratado que instituiu a Tríplice Aliança, em 20 de Maio de 1882.
A Grã-Bretanha, a Franca e a Rússia eram países muito mais poderosos que a Áustria-Hungria e a Itália e estavam determinados a impedir que a Alemanha estabelecesse a sua hegemonia na Europa. Os três reagiram ao seu crescente poderio, entre 1890 e 1 914, formando uma coligação equilibradora – a Tríplice Entente —, sete anos antes do início da I Guerra Mundial.
Não houve qualquer mudança significativa, entre 1894 e 1904, na forma como os futuros membros da Tríplice Entente reagiram à ameaça alemã, apesar de as relações anglo-alemãs terem sido seriamente afectadas pelos esforços da Alemanha em construir uma marinha poderosa. Mas a Grã-Bretanha não se aliou à França e Rússia para contrabalançar a Alemanha, embora o receio em relação a esta tenha provocado um nítido melhoramento nas relações anglo-francesas, entre 1903 e 1904. Assinaram a Entente Cordiale a 8 de Abril de 1904, o que pós fim sua rivalidade em regiões exteriores à Europa. Esse acordo não representou uma aliança dissimulada contra a Alemanha, embora tenha tornado mais fácil de consumar apos 1905.
Assistiu-se depois a uma mudança drástica na constelação de forças na Europa entre 1905 e 1907, levando a Grã-Bretanha a aliar-se à Rússia e à França na Tríplice Entente. A Grã-Bretanha foi forçada a envolver-se pelo simples facto de a Alemanha se apresentar então como um estado hegemónico a partir de 1905.
Através desta rede de alianças, entre a década de 1880 e as vésperas da I Guerra Mundial, assistimos a um equilíbrio relativamente eficaz contra a Alemanha. A Franca e a Rússia aliaram-se entre 1890 e 1905, para controlarem a Alemanha e, após esta data, a Grã-Bretanha aliou-se França e Rússia para tentar manter a Alemanha na defensiva.
Efectivos militares dos exércitos europeus, 1875 a 1914
Países | 1875 | 1895 | 1900 | 1910 | 1914 |
Áustria-Hungria | 278 470 | 354 252 | 361 693 | 397 132 | 435 000 |
Reino Unido | 192 478 | 222 151 | 231 851 | 255 438 | 247 432 |
França | 430 703 | 598 024 | 598 765 | 612424 | 736 000 |
Alemanha | 419 738 | 584 734 | 600 516 | 622 483 | 880 000 |
Rússia | 765 872 | 868 672 | 1 100 000 | 1 200 000 | 1 320 000 |
Itália | 214 667 | 252 829 | 263 684 | 238 617 | 256 000 |
Bibliografia
SOPA, António. H10 - História 10ª Classe. 1ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.
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