Função didáctica Mediação e Assimilação

FUNÇÃO DIDÁCTICA MEDIAÇÃO E ASSIMILAÇÃO

Introdução
Esta é a aula com a qual iniciamos a falar sobre a FD “M+A” e, assim, importa discutirmos sobre o propósito desta função didáctica, os seus aspectos particulares (nomeadamente a “mediação” e a “assimilação”) e as considerações importantes que se devem ter para a sua realização.

As etapas ou funções didácticas, dissemos antes, estão estreitamente relacionados, de modo que, neste caso, podemos dizer que o tratamento da matéria nova começa inclusive na Função Didáctica Introdução e Motivação. Mas na Função Didáctica mediação e Assimilação há o propósito de maior sistematização, envolvendo o nexo transmissão- mediação/assimilação activa dos conhecimentos. Nesta etapa se realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação, imaginação e raciocínio dos alunos.

Quer dizer, depois de preparação dos alunos para a aprendizagem, isto é, criada a atmosfera propicia, conseguido o interesse e atenção e feita a reactivação do nível inicial dos alunos, o professor passa para a etapa na qual se realiza uma parte fundamental da aprendizagem propriamente dita, ou seja, para a etapa em que o professor medeia um novo conteúdo e, na sequência disso, os alunos assimilam novos conceitos, teorias, princípios, etc., contribuindo para o desenvolvimento neles de um novo saber, novo saber fazer e novo saber ser e estar.

Também importa clarificar que, pela sua designação, a Função Didáctica Mediação e Assimilação compreende, de um lado a actividade do professor (mediação do novo conteúdo) e do aluno (assimilação do novo conteúdo), comportando os seguintes aspectos retratados no esquema abaixo:

Aspectos da função didáctica “Mediação e Assimilação”
Mediação:
Assimilação:
Estruturação e organização lógica e didáctica do conteúdo, compreendendo:
  • Exposição do professor;
  • A actividade relativamente independente dos alunos;
  • A elaboração conjunta.

Acção dos processos da cognição mediante assimilação activa e desenvolvimento do saber, saber fazer e saber ser e estar, devendo se assegurar a iniciativa, a assimilação consciente e o desenvolvimento  de potencialidades intelectuais do aluno.

Através da tabela  e relembrando o que discutimos na Função Didáctica I+M, sobretudo em termos de reactivação do nível inicial, podemos entender o processo de mediação/assimilação como um caminho que vai do não saber para o saber, admitindo-se que o ensino consiste no domínio do saber sistematizado e não de qualquer saber; Entretanto, não existe o não saber absoluto, pois os alunos são portadores de conhecimentos e experiências, seja da sua pratica quotidiana, seja aqueles obtidos no processo de aprendizagem escolar. Portanto, para a realização desta FD, o professor deve ter em conta algumas considerações:
  • Qual é o nível (de pré-requisitos) dos alunos (depois da reactivação)?
  • Quais são os objectivos a atingir?
  • Quais são os conteúdos através dos quais os objectivos devem ser atingidos?
  • Quais os métodos através dos quais os conteúdos devem ser mediados e os objectivos atingidos?
  • Que meios de ensino serão mais adequados aos alunos, aos objectivos definidos, ao conteúdo, aos métodos escolhidos e às características do professor, de maneira a atingir uma assimilação activa por parte dos alunos?
Através destas questões pretende-se chamar particular atenção ao facto de que na FD M+A o professor não deve concentrar a sua atenção exclusivamente para o conteúdo que está a ser mediado, mas também sobre todas as outras categorias didácticas em ralação dialéctica (aluno, professor, métodos e meios de ensino-aprendizagem, objectivos), de modo a tornar efectiva a aprendizagem dos alunos; e, analisando a interligação entre estas categorias, na FD M+A, o professor determinará se os métodos de ensino adoptados/ ou a adoptar estão mais virados para:
  • A assimilação de novos conhecimentos (saber)
  • O desenvolvimento de habilidades, métodos, hábitos e técnicas de trabalho (saber fazer)
  • O desenvolvimento de atitudes, convicções e comportamento (saber ser e estar)
  • Ou a interligação ou conexão entre esses processos parciais.
Ora, vista a questão nos termos que se está a dizer, conclui-se que uma das considerações básicas para o professor decidir os métodos de ensino e aprendizagem a empregar é “quais são as actividades dos alunos necessários para atingir a assimilação de um determinado conteúdo nas suas potencialidades cognitivas, instrutivas e educativas”.

E porque o PEA é uma sequência lógico-didáctica de actividades planificadas e sistematizadas do professor e dos alunos, podemos e devemos fazer essa pergunta, também, da seguinte maneira: “quais as actividades do professor necessárias para desencadear as devidas actividades dos alunos em relação aos objectivos e conteúdos?”; e como resultado desta questão, vê-se que a qualidade das actividades do professor determina em larga medida a qualidade das actividades dos alunos.

Princípios e as fontes do saber na função didáctica mediação e assimilação

Introdução
Que princípios se deve respeitar para se ter uma “Mediação e Assimilação» capaz de corresponder com os propósitos desta função didáctica? Esta é uma preocupação eminentemente didáctica e de fundamental importância se atendermos que não basta apenas a actividade do professor para que haja a correspondente actividade do aluno.
O interesse desta aula reside, pois, em pormos a disposição do professor certos condicionalismos importantes a ter em conta para que a « M+A » se traduza em momento de aprendizagem dos alunos, sabendo de antemão que podem ser utilizadas fontes directas e indirectas para a mediação do saber.

Você está perfeitamente certo ao lembrar que o trabalho metódico do professor, essencialmente nesta FD deve favorecer que os alunos, efectivamente, aprendam. Eis porque, para o efeito, se deduzem dois princípios fundamentais da FD M+A:

Primeiro princípio: Conforme a figura abaixo, a selecção e o emprego de métodos de ensino e aprendizagem, seus técnicas e variações são determinados basicamente pelas interligações didácticas entre o nível inicial dos alunos, os objectivos a atingir e os conteúdos a mediar. No uso dos métodos de ensino-aprendizagem para a mediação do conteúdo, o professor demonstra sua capacidade criadora, antes de tudo, explorando exactamente a relação objectivo-conteúdo-nível inicial dos alunos- métodos compreendendo suas potencialidades pedagógicas e suas particularidades lógicas, e adaptando e acomodando o método, no mais exacto e flexibilidade possível, à situação didáctico-pedagógica de uma determinada aula (ou de uma determinada etapa de aula). Esta exploração cuidadosa das possibilidades de um método para atingir todas as potencialidades pedagógicas de um conteúdo, mas também de todas as possibilidades metódicas que traz consigo uma determinada matéria, é o que se designa por “flexibilidade” do método de ensino e, por isso, o trabalho metódico do professor deve ser flexível, multifacetado, variável e criador.

Fig.: As interligações a considerar na escolha e utilização de métodos de ensino na FD M+A.

Doravante, pensamos que caro cursante percebe porque o trabalho metódico do professor na FD M+A não deve ser reprodutivo, limitado apenas ao conteúdo da aula: ele busca a unidade de todas as categorias didácticas com o propósito de alcançar maior e melhor aprendizagem dos alunos. E mais, o trabalho metódico com os conteúdos novos na FD M+A tem uma grande influência na firmeza da assimilação pelos alunos. Ela é mais firme quando:
  • Os alunos sabem o que está a ser tratado.
  • Os alunos podem aplicar os conhecimentos já adquiridos aos conteúdos novos.
  • O procedimento metódico está bem estruturado e faz sentido para os alunos.
  • Se dá valor a exactidão na linguagem e nos métodos de trabalho.
  • O ensino cativa os alunos e exige o empenho das suas capacidades.
  • Se analisa regularmente o que já foi alcançado em termos de aprendizagem dos alunos
Segundo Princípio: Na FD M+A o professor deve se concentrar no essencial, isto é, assegurar que os alunos dominem o fundamental exigido pelo programa e necessário para a aprendizagem do conteúdo seguinte. Isto exige a concentração dos esforços metódicos nos pontos onde o professor espera os progressos decisivos nos seus alunos; por exemplo:
  • O conhecimento fulcral;
  • A compreensão dum conceito básico;
  • O significado de uma nova técnica de trabalho científico.

As fontes do saber nas funções didácticas Mediação e Assimilação

Em relação as fontes de saber o que deve ter concluído? De certeza que concorda com a ideia de que os conhecimentos (saber) de todo o homem são tomados de duas fontes: a experiência directa (através da observação/ contacto com a realidade) e a indirecta (através de representações linguísticas: palavras, modelos, meios gráficos, etc.). Também no PEA, e particularmente na FD M+A, o saber pode ser mediado através de fontes directas e/ou indirectas.

FONTES DIRECTAS: compreendem observações, experiências, excursões. Deste modo, os alunos chegam a passar da observação de processos, objectos e fenómenos, da análise de suas ideias e suas experiências, à ideias correctas e fundamentadas cientificamente e à conceitos exactos; estas fontes têm as suas vantagens e desvantagens (ou limitações):

VANTAGENS
  • Tornam o PEA concreto, perto da realidade e da vida;
  • Tornam o PEA visualizado, palpável;
  • O PEA torna-se fácil de fixar.

LIMITAÇÕES
  • Deslocações (por exemplo, quando se fala de montes Namuli, não se pode ir até lá a partir de qualquer ponto da terra somente para efeitos de observação no âmbito do estudo da geografia, particularmente do relevo de Moçambique).
  • Tempo: não seria possível experimentar, observar, tudo por falta de tempo.
  • A pura e exclusiva experimentação e observação não garante a sistematização requerida dos conhecimentos.
  • Limitações morais, principalmente quando se trata de seres vivos, em geral, e de seres humanos, em particular: não se deve decepar um homem vivo, por exemplo, apenas por razões de estudo.

FONTES INDIRECTAS: consistem na exposição oral do professor, utilização de textos do livro do aluno ou do atlas geográfico, mapas, cartazes, esquemas, modelos ex.: do globo terrestre), etc. A partir das fontes indirectas os alunos partem de conceitos já elaborados, de representações verbais do professor ou do livro de textos alunos reproduzem mentalmente, isto é, na sua consciência, o objecto ou fenómeno em estudo e chegam, assim, a novas ideias, conhecimentos, conceitos e compreensão.
  • Por causa das limitações da via directa, predomina no PEA a via indirecta, visto que é tarefa do PEA mediar aos alunos a experiência generalizada e sistematizada da humanidade. No PEA a linguagem desempenha um grande papel, mas também devemos reconhecer que o ensino se desenvolve com mais êxitos se utiliza as possibilidades de interligação entre as duas vias e as experiências dos próprios alunos. E onde o professor não ode empregar a via/fonte directa, deve se esforçar em aproveitar o tesouro de experiências de seus alunos e os conhecimentos existentes para desenvolver os novos.


Bibliografia
NIVAGARA, Daniel Daniel. Didáctica Geral – Aprender a Ensinar. Módulo de Ensino à distância, Universidade Pedagógica.

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