Impactos da actividade industrial sobre o meio ambiente

3.6. Impactos da actividade industrial sobre o meio ambiente

O desenvolvimento industrial deve ter em conta cada vez mais o problema da poluição e a preservarão do meio ambiente. Contudo, pode-se constatar que a poluição atmosférica em certos espaços industriais é determinada pela natureza das indústrias aí instaladas; as indústrias de produção de bens de equipamentos são as que constituem maior fonte pontual de poluentes e contaminantes para o ambiente, dado que estas libertam para a atmosfera, solo e meio aquático quantidades consideráveis de substâncias tóxicas que impedem o funcionamento equilibrado destes ecossistemas, constituindo por isso uma ameaça à sobrevivência dos seres vivos na biosfera.

Um dos exemplos considerados paradigmáticos sobre este cenário, talvez seja o que seguidamente se transcreve: «Em 1951, muitos habitantes de uma aldeia japonesa (Minamata) ficaram paralíticos ou morreram devido a causas desconhecidas.

Os médicos pensaram que uma doença misteriosa provocara a epidemia. Entretanto. os químicos efectuaram análises: estudaram a água do mar, os peixes e as próprias pessoas. Procederam, de certa maneira, como os detectives que identificam as pessoas através das impressões digitais. Descobriram que os habitantes da aldeia estavam envenenados: o peixe que comiam estava contaminado com mercúrio. Verificou-se, mais tarde, que uma fábrica tinha derramado desperdícios de mercúrio no mar. A poluição do mar originou a tragédia.»
(Lopes, et al., 1989:3).

O facto apresentado permite-nos concluir que apesar da indústria constituir uma actividade económica indispensável ao desenvolvimento, provoca também problemas nefastos ao meio ambiente. As indústrias de base são também muito prejudiciais no que respeita à poluição sonora pois emitem decibéis exagerados que nalguns casos originam surdez. Libertam gases tóxicos: as centrais térmicas a carvão e as refinarias de petróleos lançam para a atmosfera óxidos de carbono e de anidrido sulfuroso. Por outro lado, os fumos e gases, de altos fornos contribuem para o surgimento de nevoeiros cada vez mais tóxicos, do tipo smog.

As fábricas de cimentos, de alumínio e de siderurgia constituem também indústrias altamente poluentes pois catalisam o efeito de estufa e aquecimento global, contribuindo deste modo para a fusão dos glaciares existentes nas regiões perpetuamente cobertas de neves, ulterior subida no nível médio das águas do mar, inundações de regiões costeiras e desaparecimento de ecossistemas, bem como outros riscos para a biosfera.

Um outro flagelo silencioso decorrente da actividade industrial é a chuva ácida resultante das indústrias siderúrgicas e metalúrgicas. Só para elucidar, muitos lagos, sobretudo na Escandinávia e no Canadá, estão considerados biologicamente mortos, visto que neles desapareceram toda a fauna e flora resultante das concentrações exageradas de amónio, cianetos, nitratos e detergentes nas suas águas. Monumentos famosos como, por exemplo, o Pártenon, na Grécia e o Coliseu de Roma, apresenta-se danificados pela acção corrosiva das chuvas ácidas. E muitos cientistas temem as Suas repercussões sobre a saúde dos homens.
Fig.23: Poluição industrial.

A problemática da redução da camada de ozono decorrente da emissão de gases pelas indústrias é uma questão bastante séria, que no futuro poderá comprometer a saúde pública neste frágil planeta.
Ainda nesta mesma perspectiva, uma das indústrias mais problemáticas é a nuclear, pois coloca dois grandes problemas: a segurança e a poluição.

Lembre-se a tragédia sem precedentes, ocorrida a 26 de Abril de 1986: o acidente da explosão do reactor nuclear de Chernobyl na Ucrânia, antiga URSS. Os efeitos da fuga de radioactividade provocaram a morte de centenas de pessoas, e alguns dos efeitos persistem ainda hoje. Com efeito, uma imensa nuvem radioactiva espalhou-se por grande parte da Bielorrússia, Rússia, Ucrânia e outras áreas da Europa e, por fim, circundou o planeta. Durante dez dias, nuvens de material radioactivo dispersaram-se na atmosfera, expondo assim as pessoas e o ambiente nos arredores a níveis de radiação cem vezes maiores que os causados pelas bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, no final da II Guerra Mundial.

Adjacente aos impactos da industrialização sobre o meio ambiente, coloca-se a problemática de degradação e esgotamento dos recursos naturais, principalmente os não renováveis, devido å sua exploração não sustentável, comprometendo assim a satisfação das necessidades das futuras gerações. Não obstante, alguns estudos recentes feitos por especialistas mostram que, com o actual ritmo de industrialização e comercialização, as reservas mundiais energéticas de minerais metálicos e não metálicos estão reduzindo a urna taxa crescente, o que poderá conduzir à seta esgotamento, o que terá implicações significativas num futuro mais próximo.
 
Fig. 24: Central nuclear.



Bibliografia
MANSO, Francisco Jorge; VICTOR, Ringo. Geografia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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