Problemas Demográficos Actuais

Problemas Demográficos Actuais

São vários os problemas que a população de Moçambique enfrenta, nomeadamente: más condições de habitação, educação, saúde, poluição do meio ambiente (água e lixo), degradação das condições rurais, crianças da rua, alimentação e desemprego.

a)   Habitação

Um dos problemas que a população enfrenta é o da habitação. A maioria das pessoas vive em casas precárias, com espaços pequenos, sem condições de higiene e sobrelotadas. Esta situação facilita a propagação de doenças e a destruição das casas em caso de ventos fortes, inundações, etc. As casas "têm de ser reconstruídas periodicamente.
As últimas cheias originaram a proliferação de assentamentos em zonas sem condições para tal.

b)   Educação

Após a independência, o governo encetou um grande esforço para diminuir o analfabetismo através de campanhas levadas a cabo, principalmente, nas zonas rurais. Acelerou ainda a construção de escolas de nível básico em todo o território nacional. O número de professores primários aumentou significativamente.

c)    Desemprego

A falta de emprego tem afectado numerosas famílias que se vêm obrigadas a praticar o comércio informal. Outras ainda migram para os países vizinhos, em particular a República da África do Sul. 0 desemprego conheceu um certo aumento nos últimos anos, devido à política de privatização de numerosas empresas, bem como à descapitalização e consequente falência de muitas outras. A introdução da informatização também tem contribuído para a redução de mão-de-obra em muitos locais de trabalho.

As mulheres e os jovens são os que registam maior percentagem de desemprego. De registar, contudo, o aumento de mulheres em cargos de chefia em muitos sectores de actividade e de numerosos jovens nos estabelecimentos de ensino superior.

d)   Saúde

Como já vimos, a mortalidade, particularmente a infantil, conheceu uma diminuição significativa logo apos a independência, fruto das campanhas de vacinação e do alargamento da rede sanitária. Contudo, muitas doenças, como a malária e a cólera, afectam a população. A malária tem sido a grande responsável pela elevada mortalidade em Moçambique. 

O SIDA, nos últimos anos, tem sido também uma grande contribuinte para que as taxas de mortalidade não diminuam. O governo, as organizações não governamentais e outras entidades têm feito um grande esforço na prevenção desta doença através da aplicação de programas concebidos para o efeito.

e)    Poluição

Entre a população e o meio ambiente existe uma ligação bastante complexa.
Actualmente, os estudos sobre as relações Homem - meio ambiente - desenvolvimento são cada vez mais profundos e constituem uma permanente preocupação da humanidade.

Nos últimos anos, a degradação ambiental tem sido cada vez mais acelerada. A pobreza está a fazer com que muitas pessoas estejam a aumentar a pressão sobre recursos naturais frágeis, para poderem sobreviver.

A destruição do meio ambiente, no nosso país, manifesta-se de muitas formas: poluição da água e do ar, desertificação do solo, perda da biodiversidade e desflorestação.
A destruição ambiental tem graves consequências sobre a saúde, meios de subsistência e segurança humanos.

Milhares de pessoas não têm acesso à água potável e ao saneamento básico. Os excrementos acabam por ir ter a charcos, riachos, praias e valetas a céu aberto, constituindo um grave perigo para a saúde pública. As águas residuais são descarregadas sem tratamento para rios, esgotos abertos e águas costeiras. Estes fenómenos são mais frequentes nas nossas cidades, margens dos rios e costa.
    A poluição destas águas origina doenças como: diarreia, disenteria, parasitas intestinais e hepatite.
    A pesca, uma actividade básica, é também fortemente afectada pela poluição das águas provenientes dos esgotos.
    Proteger os recursos hídricos de substâncias poluentes, restabelecer os caudais naturais dos sistemas fluviais, gerir a irrigação e o uso de produtos químicos e travar a poluição atmosférica resultante da actividade industrial são medidas importantes para melhorar a qualidade e a disponibilidade da água.

f)     O lixo

Naturalmente, as pessoas sempre tiveram coisas para deitar fora. Hoje, a oferta de enlatados e de outros produtos acondicionados em caixas é muito maior do que há anos atrás, de modo que as embalagens descartáveis estão em toda a parte. O número de jornais, revistas, folhetos de propaganda e outros impressos também subiu vertiginosamente. Os vendedores informais crescem dia apos dia.

Dar um destino final ao lixo é o grande dilema, hoje, nas cidades moçambicanas.
Outro factor é que a população urbana aumentou bastante nos últimos vinte anos - mais pessoas, mais lixo!

g)    Alimentação

A produção alimentar cresce a um ritmo inferior ao da população.
Hoje, levantam-se questões sobre a sustentabilidade a longo prazo das práticas agrícolas intensivas.
O país tem baixos rendimentos e um grande défice alimentar não conseguindo, assim, segurança alimentar devido a:
  • Solo arável limitado;
  • Crescimento rápido da população;
  • Diminuição da dimensão das explorações agrícolas familiares, porque as parcelas são divididas em partes cada vez mais pequenas; os herdeiros das terras vão continuar a receber parcelas sucessivamente mais pequenas;
  • Degradação dos solos;
  • Escassez de água;
  • Problemas de irrigação;
  • Tecnologia e técnicas rudimentares.

h)   Biodiversidade

As florestas tropicais e as savanas contêm uma grande diversidade biológica. Com as actuais taxas de destruição das florestas por causa das queimadas e do corte de toros, corre-se o risco de desaparecimento de espécies de árvores e animais.
    Uma das consequências da desflorestação é a perda de recursos locais a nível da fauna e flora selvagens, isto aumenta os problemas de erosão, fertilidade dos solos e conservação da água.
   Todos os dias, dezenas de pessoas abandonam as zonas rurais e vão para as cidades. Hoje, mais de 35% dos moçambicanos vive em zonas urbanas.
   A população rural não prejudica necessariamente o ambiente, mas o facto de as terras férteis disponíveis serem limitadas leva, muitas vezes, a população rural a fixar-se em zonas inférteis, frágeis.

A necessidade de explorar novas terras agrícolas para a produção alimentar, carvão para venda e outros produtos para uma população crescente origina uma desflorestação massiva.
Os ecossistemas naturais estão a desaparecer devido à acção do Homem.

A deslocação de populações devido à degradação ambiental, em consequência de catástrofes naturais, guerras ou sobre-exploração, é um fenómeno antigo. O que é recente é a capacidade potencial de produzir para grandes movimentos de pessoas, devido a uma combinação de redução de recursos, destruição incessante do ambiente e crescimento demográfico, entre outros factores.

i)     Urbanização

A população urbana moçambicana, hoje, é de 35% em relação ao total nacional, tendo registado um crescimento muito elevado nos últimos anos.
Este crescimento origina graves consequências na qualidade de Vida nas cidades, ao nível de transportes, água salubre, fornecimento de água, saneamento do meio, recolha de lixo, sobrecarga de infra-estruturas sociais, desemprego, etc.

O crescimento urbano vertiginoso deve-se à pobreza, carência de terras, desemprego e baixa escolaridade, nas zonas rurais.
Nas cidades, o corte da vegetação, as construções e o lançamento de poluentes na atmosfera produzem múltiplos efeitos sobre todos os aspectos do ambiente natural, como o clima, relevo, hidrologia, vegetação e fauna.

Bibliografia
NONJOLO, Luís Agostinho; ISMAEL, Abdul Ismael. G10 - Geografia 10ª Classe. Texto Editores, Maputo, 2017.

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