Sistema digestivo

 3.2. Sistema digestivo

Os sistemas digestivos evoluíram no sentido do aproveitamento mais eficaz dos alimentos ingeridos, podendo ser uma simples cavidade ou apresentar diferentes órgãos especializados. Tomemos alguns exemplos.

Evolução dos sistemas digestivos

A hidra apresenta um tubo digestivo com uma única abertura, que funciona como boca e ânus. Esta abertura permite a entrada de substâncias alimentares e a saída de resíduos da digestão, o que representa o máximo de eficiência no processo de digestão. A planária apresenta um tubo digestivo incompleto com uma única abertura que funciona como boca e ânus, apresenta uma faringe desenvolvida com uma musculatura e um intestino com ramificações. A minhoca apresenta um tubo digestivo completo e um intestino com pregas longitudinais e dorsais que aumentam a superfície de absorção do alimento.

O Homem apresenta um tubo digestivo completo. O tubo digestivo compreende a boca, a faringe, o esófago, o estômago, o intestino delgado e o intestino grosso e ânus. Nos ruminantes como, por exemplo, o boi, a digestão é completa e muito lenta devido aos vegetais ingeridos, que são ricos em celulose (de difícil digestão).

Figura 15: Cavidade digestiva da hidra e da planária.


3.2.1. Digestão no Homem

O tubo digestivo humano é constituído por boca, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus.

Figura 16: Tubo digestivo humano.


Digestão na boca

Os alimentos são triturados e misturados com a saliva, que apresenta enzima, tal como a amílase, que inicia a digestão de amido. Assim, forma-se o bolo alimentar, que é deglutido.

O bolo alimentar passa do esófago para o estômago. A mistura dos alimentos com a saliva através da acção dos dentes e da língua resulta numa digestão mecânica. A digestão do amido pela enzima amílase, transformando-a em moléculas simples, representa a digestão química.

Digestão no estômago

As paredes musculosas do estômago realizam movimentos peristálticos e contraem-se, misturando o bolo alimentar com o suco gástrico e o acido clorídrico. O acido clorídrico converte o pepsinogénio do suco gástrico em pepsina activa, que mantém o pH óptimo. As lípases digerem os lípidos transformando-os em ácidos gordos e glicerol. Depois de duas ou quatro horas, forma-se o quimo que passa do duodeno para o intestino delgado.

Digestão no intestino delgado

O quimo proveniente do estômago apresenta uma acidez elevada. No intestino, ocorre a libertação da bílis para neutralizar a acidez do quimo, completa-se a digestão dos nutrientes e forma-se o quilo, que é absorvido nas vilosidades.

Durante a digestão química ocorre a transformação de moléculas complexas em moléculas simples por hidrólise e catalisadas por enzimas digestivas. Os polissacarídeos, quando digeridos, transformam-se em várias moléculas de monossacarídeos, como por exemplo a glicose. As proteínas digeridas transformam-se nos aminoácidos que as constituem e os lípidos transformam-se em ácidos gordos e glicerol. As enzimas que catalisam estas reacções denominam-se hidrólases.

Principais enzimas digestivas

Local de acção

Secreção

Enzima

Substrato

Produto

Boca

Saliva

Amilase

Amido

Maltose

Estômago

Suco gástrico

Pepsina

Lipase

Proteínas

Lípidos

Peptídeos

Ácidos gordos e glicerol

Duodeno

Suco pancreático

Amilase

Tripsina

Lipase

Amido

Proteína

Lípidos

Maltose

Peptídios

Ácidos gordos e glicerol

Intestino delgado

Suco etérico

Sacarase

Lactase

Maltase

Peptidases

Lípases

Sacarose

Lactose

Maltose

Peptídeos

Lípidos

Glicose e frutose

Glicose e galactose

Glicose

Aminoácidos

Ácidos gordos e glicerol

 

Digestão nos ruminantes

Os mamíferos ruminantes apresentam um intestino maior do que o dos animais carnívoros e omnívoros, onde o alimento permanece por muito tempo.

O tubo digestivo é completo, constituído por quatro compartimentos principais: panca ou rúmen, barrete ou reticulo, folhoso ou amasso e coalheira ou abomaso. Neste tubo, encontram-se bactérias que ajudam o metabolismo da celulose.

Digestão nos ruminantes


Sais minerais e vitaminas

Os sais minerais são substâncias inorgânicas que entram no corpo em pequenas quantidades. Constituem moléculas inorgânicas que fazem parte dos ossos, dos dentes e dos líquidos corporais.

O cloreto de sódio, presente no sangue, perde-se parcialmente através do suor e da urina. O potássio e o magnésio participam na contracção muscular e no funcionamento de enzimas.

Vitaminas

As vitaminas são moléculas essenciais Vida. São reguladoras e devem ser incorporados no organismo em pequenas quantidades para garantir um metabolismo normal.

De acordo com a solubilidade, podem ser lipossolúveis (solúveis em lípidos), como as vitaminas A, D, C, K; e hidrossolúveis (solúveis em água), como as vitaminas B e C.

Doenças do sistema digestivo

Úlcera – é, em geral, uma ferida de difícil cicatrização, em tecido cutâneo ou mucoso. A úlcera gástrica é uma lesão localizada no estômago com destruição da mucosa da parede destes órgãos, atingindo os vasos sanguíneos subjacentes. E causada muitas vezes devido a infecção pela bactéria Helicobacter pylori: Além da dor, caracteriza-se pelas hemorragias continuas para dentro do tracto gastrointestinal.

Gastrite – é a inflamação da membrana -interna do estômago. Há vários tipos de gastrite, sendo a bacteriana das mais comuns. A gastrite bacteriana segue-se normalmente a uma infecção por organismos como Helicobacter pylori. Não se conhecem outras bactérias que se desenvolvam em ambientes normalmente ácidos como o do estômago, embora muitos tipos possam faze-lo no caso de o estômago não produzir ácido. Este crescimento bacteriano pode provocar gastrite de forma transitéria ou persistente.

Obesidade – é uma doença crónica provocada e acentuada por múltiplos factores, em que a reserva natural de gordura aumenta de tal modo que provoca certos problemas de saúde. É resultado do balanco energético positivo, ou seja, a ingestão alimentar é superior ao gasto energético. Apesar de se tratar de uma condição clínica individual, é vista, cada vez mais, como um sério e crescente problema de saúde pública.


Bibliografia

MANJATE, Maria Amália; ROMBE, Maria Clara. Biologia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição. Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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