As correntes do pensamento antropológico: o estruturalismo

As correntes do pensamento antropológico: o estruturalismo

O termo estruturalismo procede do substantivo “estrutura”, e entende-se por estrutura a maneira pela qual as partes de um todo estão dispostas entre si, oferecendo um carácter de sistema em que a modificação de um dos elementos que a compõe acarreta a modificação do todo. A estrutura é um sistema de transformações que têm leis próprias pelo facto de ser um sistema.

C. Lévi-Strauss foi sem dúvida nos anos sessenta o grande representante do estruturalismo em antropologia. O autor, inspirou-se no método de análise estruturalista, inaugurado em linguística por Ferdinand Saussure (1916) e sobretudo à imensa influência exercida, em particular, por Jakobson, linguista americano, aplicou-o sistematicamente em antropologia.

Para Lévi-Strauss o próprio estruturalismo deve analisar a cultura como um todo, sem a preocupação com os seus fundamentos individuais, pois é na sociedade e não no indivíduo que se hão-de encontrar as posições essenciais aos indivíduos, aos grupos e às instituições, que são os elementos que perfazem a cultura.

Para Lévi-Strauss, as estruturas mentais inconscientes são universais e estão por detrás de todas as culturas, sendo elas as responsáveis pelas diferenças entre culturas particulares. Lévi-Strauss chama à atenção para a existência de “culturas frias” e “cultura quentes”. As culturas frias estão estagnadas na história, com uma sabedoria particular que as incita desesperadamente a resistir a qualquer mudança em sua estrutura, preservando o seu ser. São frias porque o seu interior está próximo do zero da temperatura histórica, funcionam mecanicamente e são pouco tolerantes às mudanças e alterações da sua estrutura. Vivem de dogmas, tabus, interdições e tradições sagradas e arcaicas, estabelecidos de uma vez para sempre. Podem ser consideradas culturas frias, as culturas dos povos africanos, índios, melanésios, árabes, hindus, etc.

As culturas quentes são contingentes, isto é, mudam historicamente, apresentando uma estrutura sucessivamente alterável em função das necessidades e exigências da sociedade. As culturas quentes estão mais distantes do zero do termómetro histórico e incluem as dos povos da Europa ocidental, da América do Norte e de outras latitudes.

Segundo Lévi-Strauss, a cultura corrompe as estruturas elementares da mente, sobretudo por parte das sociedades complexas com culturas quentes onde as mudanças constantes dos hábitos, dos valores e das tradições sujeitam as estruturas mentais inconscientes dos indivíduos à racionalização das suas actuações, provocando uma corrupção das suas estruturas mentais.

Bibliografia   

TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade Pedagógica Sagrada Família, s/d.

SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, Etnologia, Antropologia Social. Universidade Aberta, 2002. p. 123-170.

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