Introdução histórica à Psicologia Evolutiva

1. Introdução histórica à Psicologia Evolutiva

1.1. Breve história social da infância e da adolescência

A infância e a adolescência não tiveram sempre ao longo da história a mesma consideração que têm actualmente (DeMause, 1974). Da forma como os conhecemos na actualidade, crianças e adolescentes são “inventos” sócio-culturais relativamente recentes. Durante séculos, as crianças foram consideradas como adultos menores, mais frágeis e menos inteligentes. Na Idade Média, a partir dos sete anos as crianças tornavam-se aprendizes sob a tutela de um adulto, passando a ter responsabilidades que se tornavam progressivamente mais próximas às dos adultos. Pois, até aproximadamente o século XIII as crianças apareciam como adultos em miniatura, com vestimentas e atitudes tipicamente adultas.

Nos séculos XVII e XVIII, movimentos culturais e religiosos como o Iluminismo e o Protestantismo deram lugar a descoberta da infância, sua consideração como etapa diferente da idade adulta e seu tratamento também diferenciado.

Os últimos decénios do século XIX trouxeram consigo mais um êxito na descoberta da infância e de sua consideração especial. O avanço fundamental nesta ocasião liberar as crianças da realização de trabalhos pesados.

Os avanços do industrialismo, as conquistas dos movimentos trabalhistas e os interesses dos empresários foram se unindo para conferir `a infância um status especial, que foi, além disso, favorecido por uma certa generalização do ensino elementar que posteriormente foi se tornando obrigatório. A chegada da puberdade marcava o final deste status especial e a criança deixava de sê-lo para ingressar na vida dos adultos.

O que o século XX contribuiu a esta evolução foi a corroboração definitiva da infância como período claramente diferenciado e, sobretudo, o conceito de adolescência. A diminuição da mortalidade infantil e o prolongamento da vida humana, a extensão do ensino obrigatório até idades cada vez mais elevadas, o excesso de mão-de-obra abundante e mais força de trabalho especializada, tudo tem contribuído para o nascimento da adolescência como época diferenciada tanto da infância como da idade adulta. A passagem do status adulto vai sendo, pois, progressivamente retardada, configurando-se assim um “espaço evolutivo” que até certo ponto é espaço social e cultural, antes de ser psicológico.

Bibliografia

COLL, C. et al. Desenvolvimento Psicológico e Educação, Psicologia Evolutiva. Vol.1. Editora ARTMED, 1993, págs. 9-23.

RODRIGUES, Armando; BILA, Luís Ventura. Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Universidade Pedagógica, Maputo, s/d.

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