Taxonomia dos Objectivos Educacionais

Taxonomia dos Objectivos Educacionais

1. Objectivo

É a antecipação mental de um resultando. E com base no objectivo que se planifica actividades visando alcança-lo, cada actividade realiza-se através de uma serie de acção.

Segundo TAVARES e ALARCĂO (2002:137) fala-se hoje muito da Educação, enquanto uns critica a Pedagogia por objectivos rotulando-a de dirigista, condicionante, limitativa, desumana e autoritária, por conduzir a uma aprendizagem mecanicista, trivial, behaviorista, parcial e estandardizada, outros defendem-na por ser clara, explicita, concreta, rigorosa, científicas permitir uma planificação bem estruturada a uma avaliação bem objectiva.

Argumenta-se que definir objectivos é determinar, logo à partida, que se quer que os alunos aprendam recusando-lhes assim a liberdade de participarem activamente no processo da sua aprendizagem e ignorando a diversidade da potencialidade individuais

1.1. Objectivos educacionais

Constitui a antecipação mental dos resultados dos processos de Educação, no sentindo mais amplo, e dos resultados do processo de ensino e aprendizagem, em particular. Os objectivos educacionais podem ser alancados em curto, médio ou longo prazo.

Os objectivos educacionais de longo prazo são aqueles que se esperam alcançar num longo espaço de tempo, ou seja no fim de um curso, de uma disciplina, enquanto, que objectivos educacionais de médio prazo são alcançados a médio prazo, no fim de um capítulo. A curto prazo são aqueles que se pretende atingir num curto espaço de tempo, numa aula.

Os objectos de médio e longo prazo também se designam de gerais, enquanto os curtos prazos de específicos.

1.2. A Taxionomia de Bloom

Segundo BLOOM (1993:336) citado por SPRINTHAL e SPRINTHAL, uma das principais dificuldades com que alguém interessado em educação se confronta é a da definição de objectivos, isto é, aquilo que quero trabalhar enquanto professores, conselheiro ou administradores educativos. Bloom examinou este problema dos objectivos educacionais tanto do ponto de vista impossivelmente cósmico, como do ponto de vista desesperadamente trivial, concebeu um esquema que classifica os objectivos educacionais e relaciona cada objectivo com procedimentos específicos na sala de aulas.

A taxionomia dos objectivos educacionais, também popularizada como taxionomia de Bloom, é uma estrutura de organização hierárquica de objectivos educacionais.

A classificação proposta por Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios:

  • O cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual;
  • O afectivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores;
  • O psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o organismo muscular.

Cada um destes domínios tem diversos níveis de profundidade de aprendizado. Por isso a classificação de Bloom é denominada hierarquia: cada nível é mais complexo e mais específico que o anterior. O terceiro domínio não foi terminado, e apenas o primeiro foi implementado em sua totalidade

1.2.1. A Área Cognitiva

Normalmente, quem fala na Taxionomia de Bloom refere-se ao trabalho intitulado “Taxionomia e Objectivos no Domínio Cognitivo” que foi o primeiro a ser publicado (1956).

Bloom classifica os objectivos no domínio cognitivo em 6 níveis que, usualmente, são apresentados numa sequência que vai do mais simples (conhecimento) ao mais complexo (avaliação); cada nível utiliza as capacidades adquiridas nos níveis anteriores. As capacidades e conhecimentos adquiridos através de um processo de aprendizagem são descritos por verbos.

Assim, os objectivos de aprendizagem de um curso, ou exemplo, podem ser definidos com o auxílio do quadro abaixo:

  • Conhecimento

Lembrar informações sobre: fatos, datas, palavras, teorias, métodos, classificações, lugares, regras, critérios, procedimentos etc. Definir, descrever, distinguir, identificar, rotular, listar, memorizar, ordenar, reconhecer, reproduzir etc.

  • Compreensão

Entender a informação ou o fato, captar seu significado, utilizá-la em contextos diferentes. Classificar, converter, descrever, discutir, explicar, generalizar, identificar, inferir, interpretar, prever, reconhecer, redefinir, seleccionar, situar, traduzir etc.

  • Aplicação

Aplicar o conhecimento em situações concretas aplicar, construir, demonstrar, empregar, esboçar, escolher, escrever, ilustrar, interpretar, operar, praticar, preparar, programar, resolver, usar etc.

  • Análise

Identificar as partes e suas inter-relações: analisar, calcular, comparar, discriminar, distinguir, examinar, experimentar, testar, esquematizar, questionar.

  • Síntese   

Combinar partes não organizadas para formar um todo:      compor, construir, criar, desenvolver, estruturar, formular, modificar, montar, organizar, planejar projectar.

  • Avaliação          

Julgar o valor do conhecimento, avaliar, criticar, comparar, defender, detectar, escolher, estimar, explicar, julgar, selecionar.

1.2.2. A Área Afectiva

Os objectivos de aprendizagem considerados na Área Afectiva estão ligados a ideias como comportamento, atitude, responsabilidade, respeito, emoção, valores.

  • Recepção         

Dar-se conta de fatos, predisposição para ouvir, atenção seletiva, dar nome, descrever, destacar, escolher, identificar, localizar, manter, perguntar, responder, seguir, selecionar, usar etc.

  • Resposta

Envolver-se (participar) na aprendizagem, responder a estímulos, apresentar ideias, questionar ideias e conceitos, seguir regras.   Adaptar-se, ajudar, apresentar, desempenhar, discutir, escrever, estudar, falar, responder, selecionar, etc.

  • Avaliação          

Atribuir valores a fenómenos, objectos e comportamentos. Aproximar, completar, convidar, demonstrar, diferenciar, dividir, explicar, iniciar, justificar propor etc.

  • Organização (de valores)      

Atribuir prioridades a valores, resolver conflitos entre valores, criar um sistema de valores, adaptar, alterar, combinar, comparar, completar, concordar, defender, explicar, formular, generalizar, identificar, integrar, inter-relacionar, modificar, ordenar, organizar, preparar, relacionar, sintetizar etc.

  • Internalização

Adoptar um sistema de valores, praticar esse sistema. Agir, cooperar, desempenhar, generalizar, influenciar, integrar, etc.

1.2.3. A Área Psicomotora

Bloom e sua equipe nunca desenvolveram uma taxionomia para a área psicomotora mas outros especialistas o fizeram. Esse é o caso de A. Harrow, A. que, em 1972, propôs uma taxionomia de 6 níveis: reflexos, movimentos básicos, habilidades de percepção, habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal.

1.3. Operacionalização dos Objectivos Educacionais

Os objectivos educacionais apareceram expressos nos planos de estudo de um ciclo e classes de cada ciclo, nos programas de cada disciplina, nos capítulos de cada disciplina e foram elaborados pelo Ministério de Educação e cultura. Estes objectivos são gerais, conforme na taxionomia de Bloom, cabe o professor elaborar os objectivos de cada aula, a elaboração dos objectivos educacionais de uma aula a partir dos objectivos de cada capítulo é justamente o que se designa de operacionalização dos objectivos educacionais.

Segundo BRUNER e ZELTNER (1994-182) define operacionalização de objectivos educacionais do seguinte modo:

  • Tipo de formulação do objectivo de aprendizagem pelo qual se indica, com exactidão, que comportamento um individuo deve mostrar, em que período tempo e com que qualidade, para que com isso se possa averiguar se foi alcançado o objectivo de aprendizagem.

Esta definição de objectivos destaca que a operacionalizar um objectivo consiste em indicar, com exactidão, um comportamento observável que se pretende que o aluno manifeste numa aula e o respectivo do seu alcance.

1.3.1. Critério de operacionalização de objectivos educacionais

Os critérios de operacionalização de objectivos educacionais são três:

  • A definição do comportamento observável que um aluno deve demonstrar numa aula;
  • A indicação do meio utilizando pelo aluno para exprimir o comportamento que se pretende alcançar;
  • O padrão de alcance do comportamento desejado.

A definição dos comportamentos observáveis que o aluno deve alcançar numa aula realiza-se através da determinação dos aspectos da personalidade que se pretende que o aluno desenvolva de acordo com os domínios da taxinomia de Bloom, nomeadamente o domínio cognitivo (vives de conhecimentos essenciais, compressão analise e síntese, aplicação e avaliação), o domínio afectivo e o domínio psicomotor, de acordo com o tema de cada aula.

A definição do comportamento observável que o aluno deve alcançar numa ao exprime-se através de verbos de significação definida que indicam comportamentos observáveis e mensuráveis consoante os domínios cognitivos (níveis de do conhecimento essências, compresso, analise e síntese, aplicação e avaliação), afectivo e psicomotor.

Alguns verbos que exprimem o domínio cognitivo de acordo com os diferentes níveis são:

  • Nível de conhecimento essenciais: dizer, indicar, apontado nome, números, datas, definir;
  • Nível de compreensão: explicar com próprias palavras, apresenta o significando;
  • Análise e síntese: caracterizar, comparar, relacionar, diferenciar, sintetizar;
  • Nível de aplicação: resolver, utilizar, aplicar;
  • Nível de avaliação: dar opinião sobre, tomar posição sobre.

1.3.2. Importância dos objectivos educacionais operacionalizandos

A formulação de objectivos educacionais é muito importantes pós eles suprimem o comportamento a atingir numa aula. Delimitando claramente o conteúdo a tratar, estes objectivos apresentam as actividades a serem realizados pelo professor e o aluno para conduzir o aluno a alcançar o comportamento desejado, isto é, os métodos de ensino e aprendizagem, os meios didácticos a serem utilizados pelos professores e alunos no tratamento da matéria, bem como os procedimentos de avaliação e medida de alcance de objectivo por parte do professor e do aluno.

Bibliografia

CABRAL, A. e NICK, E. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo. Editora cultrix, 1997.

MWAMWENDA, T. S. Psicologia educacional: uma perspectiva Africana. Maputo, Texto editora, 2005.

RODRIGUES, A. & BILA, L. V. Módulo de Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Maputo. Universidade Pedagógica. S/d.

SPRINTHAL, Norman. A e SPRINTHAL, Richard. C. Psicologia educacional: uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa. Mcgraw. 1993, pp. 336-340.

TAVARES, José e ALARCAO Isabel. Psicologia de desenvolvimento e de aprendizagem. Coimbra. Livraria Almeida. Porto.2002, pp.137-138.


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