Teoria de Aprendizagem de Vygotsky (1896-1934)
1. Teoria de Aprendizagem de Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934)
Psicólogo russo, pesquisou sobre a literatura, psicologia e educação,
dedicando-se aos campos da pedagogia e psicologia. Estudou os processos psicológicos
superiores (aqueles que caracterizam o funcionamento psicológico tipicamente humana).
Acções conscientemente controladas, atenção voluntária, memorização activa,
pensamento abstracto, comportamento intelectual.
Vygotsky focalizou as seguintes ideias básicas:
- As funções
psicológicas têm um suporte BIOLÓGICO, pois são produtos da actividade
cerebral;
- O funcionamento
psicológico fundamenta-se nas relações entre o indivíduo e o mundo exterior, as
quais desenvolvem-se num processo histórico.
Para Vygotsky, o mundo psíquico que temos hoje não foi nem será sempre
assim, pois sua caracterização está directamente ligada ao mundo material e às
formas de vida que os homens vão construindo no decorrer da história da
humanidade
3.1. Conceito básico da Teoria
Mediação – a aquisição de conhecimento pela interacção do sujeito com o meio, ou seja,
o conhecimento e sempre mediado.
Para Vygotsky, a vivência em sociedade e essencial para a transformação do
homem, do ser biológico em ser humano. E pela aprendizagem nas relações com os
outros que construímos os conhecimentos que permite nosso desenvolvimento
mental.
Para Vygotsky, a aprendizagem é processo pelo qual o indivíduo adquire
informações, habilidades, atitudes, valores, etc. A partir de seu contacto com
a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se
diferencia dos factores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que
nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes
da informação do ambiente (maturação sexual, por exemplo) (Oliveira, 1993: 57)
Vygotsky dá ênfase
à interacção social como condição fundamental da aprendizagem. É a aprendizagem
na interacção humana que leva o indivíduo a adquirir qualidades humanas, o que
provoca o desenvolvimento psíquico do indivíduo.
- O nível de desenvolvimento real ou actual
refere-se ao conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, aptidões,
atitudes, valores, processos psíquicos que o indivíduo possui no momento em que
inicia a aprendizagem de algo.
- O nível de desenvolvimento potencial
designa o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, aptidões, atitudes,
valores, processos psíquicos que o indivíduo pode atingir a partir do nível de
desenvolvimento, real ou actual no processo de ensino aprendizagem.
Vygotsky define a zona de
desenvolvimento proximal ou potencial como: a distância entre o nível de
desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente
de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes (Oliveira, 1993:60).
De forma mais simples pode-se afirmar que a zona de desenvolvimento
potencial ou proximal compreende os conhecimentos e valores que a criança pode
adquirir, as habilidades, hábitos, aptidões, atitudes e qualidades de comportamento
que pode desenvolver a pouco e pouco com a ajuda dos adultos e outras crianças.
3.2. Aplicações Pedagógicas da Teoria de Vygotsky
- O professor
deve, em 1º lugar, diagnosticar o nível de conhecimentos, habilidades e
aptidões dos alunos quando inicia sua actividade numa turma, para conhecer o
nível real ou actual dos alunos;
- Sempre que
introduzir um conteúdo novo deverá reactivar os conhecimentos anteriores dos
alunos relacionados com a matéria a ser tratada, através de perguntas.
- O novo
conteúdo deve ser dado a partir de perguntas sobre o novo conceito de forma a
colocar os alunos em situação de análise de suas opiniões e, ajudados pelo
professor, a enunciarem o novo conceito. Deste modo, o professor terá em conta
as experiências e conhecimentos anteriores dos alunos, o contexto em que os
alunos vivem;
- O professor
deve ser facilitador, orientador dos alunos, de sua interacção na análise e na
síntese, na elaboração ou construção do novo conhecimento.
A teoria de Vygotsky é aplicável no processo de ensino-aprendizagem,
exigindo que o professor parta dos conhecimentos e experiências anteriores dos
alunos quando pretender introduzir os conteúdos e os conduza a elaboração de
novos conhecimentos com sua ajuda através da colocação de actividades.
A aprendizagem é um processo activo de assimilação de conhecimentos, em que
os novos conhecimentos são relacionados com as experiências e conhecimentos
anteriores do sujeito que aprende, e, como consequência, são incorporados modificam
tais conhecimentos.
Vygotsky também considera a aprendizagem como processo activo de aquisição
da cultura humana em que a consideração de experiências e conhecimentos
anteriores desempenham uma condição fundamental para conduzir o sujeito que
aprende a níveis mais altos de aprendizagem.
Deste modo, Piaget e Vygotsky colocam a intervenção activa dos processos
cognitivos do sujeito que aprende como condição de aprendizagem.
Os processos de maturação são considerados como condição de novas aprendizagens
e consequentemente de desenvolvimento em Piaget enquanto que Vygotsky considera
que nos primeiros anos de vida factores biológicos de maturação são os mais
determinam a aprendizagem.
A partir do momento em que a criança começa a falar activamente, os
factores ambientais ligados a aprendizagem, assumem um papel preponderante para
o desenvolvimento psíquico.
Bibliografia
OLIVEIRA, M. K.. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento: Um Processo Sócio-Histórico. São Paulo, Editora Scipione, 1993.
RODRIGUES, A. & BILA, L. V. Módulo de Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Maputo. Universidade Pedagógica. S/d.
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