Doenças Virais - Reprodução dos vírus e Prevenção e Tratamento

Reprodução dos vírus e doenças virais

Os vírus são incapazes de reprodução independente. Para o fazerem, necessitam de recorrer a uma célula hospedeira, comandando o metabolismo desta e utilizando-o em seu próprio benefício.

A reprodução dos vírus está bastante bem estudada nos bacteriófagos e podemos dividi-la em 5 fases:

  • 1) Infecção-absorção e entrada do ácido nucléico do vírus na célula hospedeira.
  • 2) Síntese de enzimas necessárias para a replicação do ácido nucléico do vírus.
  • 3) Síntese dos componentes dos vírus.
  • 4) Montagem das novas partículas virais.
  • 5) Libertação de novos vírus.

O processo completo, desde o momento da infecção até a ruptura da célula bacteriana leva somente 30 minutos e constitui o ciclo de vida de bacteriófago.

A enzima que provoca a lise (rotura) da membrana celular da bactéria é produzida durante o processo de síntese viral. Este ciclo de vida é também chamado Ciclo lítico.

Mas nem todas as infecções de células bacterianas decorrem deste modo, produzindo mais partículas virais e terminando com a lise; da bactéria pode ocorrer um outro processo chamado Ciclo Lisogénico.

Neste ciclo, o ADN viral, em vez de usurpar as funções do gene da célula, torna-se ele próprio um gene do cromossoma da bactéria. Neste caso, a bactéria realiza o seu metabolismo e reproduz-se normalmente, sendo o ADN viral transmitido juntamente com o da bactéria, a cada célula filha através de gerações sucessivas.

Figura 7: Ciclo lítico e ciclo lisogênico de um bacteriófago.


Doenças virais

Entende-se por doença qualquer processo ou condição que perturba o equilíbrio de todas as funções corporais.

As doenças dividem-se em dois grupos:

  • As infecciosas e não infecciosas.

As doenças não infecciosas são causadas por traumatismos, venenos, calor ou frio, deficiências nutritivas ou anomalias fisiológicas. São exemplos destas doenças as diabetes, o raquitismo, as vitaminoses e as avitaminoses.

As doenças infecciosas são causadas por microrganismos. Para que uma infecção suceda é necessário que o microrganismo “oportunista” encontre condições favoráveis à sua rápida multiplicação, produzindo os sintomas das doenças e alterações patológicas dos tecidos.

A possibilidade de um indivíduo contrair uma doença infecciosa depende não só das características do microrganismo, mas também da capacidade do próprio indivíduo resistir ao seu ataque, capacidade que depende de factores tais como estado de saúde geral, estado nutricional, idade, sexo, e factores genéticos.

O quadro abaixo representa algumas doenças virais

Nome comum

Agente causador

Forma de transmissão

Hospedeiro

Bronquite

Vírus sincicial respiratória, Rhinovirus sp., Coronavírus sp., Avioclenovirus sp., Influenza

Infecções por vírus ou bactérias, poeira, ar poluído, vapores de gases tóxicos, fumo do cigarro.

Aves, Homem

Dengue

Flavivírus sp.

Picada da fêmea contaminada de mosquitos Aedes aegypti e Aedes abopictus.

Primatas, Homem

Diarreia

Rotavírus sp.,

Norovirus sp., Astrovírus sp.,

vírus da família dos Adenovírus

Infecções por vírus, bactérias ou parasitas, água e alimentos contaminados, efeitos colaterais de drogas, intolerância à lactose.

Homem

Ébola

Filovirus sp.

Fluídos corporais (urina, saliva, sangue, lágrimas, sémen e leite materno). relações sexuais.

Primatas, Homem

 

Esofagite

Simplexvirus sp.,

Cytomegalovirus sp.

Refluxo gastroesofágico, infecção por vírus e fungos do género Candida, alergias alimentares, ingestão de soda cáustica.

Homem

Febre aftosa

Aphtae epizooticae

Fluidos corporais (urina, saliva, sangue, lágrimas, sémen e leite materno), contacto directo.

Homem, animais de casco fendido (principalmente bovinos. caprinos, bubalinos, suínos, ovinos e cervídeos), elefantes.

Febre Amarela

Flavivirus sp.

Picada da fêmea contaminada de mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Primatas, Homem

Gripe

Influenzavirus A, B, e C

Fluidos corporais (saliva, sangue, secreção nasal), contacto directo, rezes de aves infectadas, objetos contaminados.

Aves, mamíferos

Gripe aviária

Influenza

Fluidos corporais (saliva, secreção nasal), contacto directo, fezes de aves infectadas. superfícies contaminadas.

Aves, mamíferos

Hepatite

Hepatovirus A, B, C, D, E, F e G, Cytomegalovirus sp.

Alimentos e água contaminados, fluidos corporais (sangue), agulhas e materiais cortantes contaminados, relações sexuais, transfusão sanguínea, consumo de drogas.

Primatas, Homem

Herpes

Simplexvirus sp.

Contacto directo, relações sexuais.

Homem

Leucemia/

/linfoma de células T do homem adulto

HTLV-I

 

Relações sexuais. Transmissão sanguínea, seringas contaminadas.

Homem

Parotidite infecciosa, papeira

Rubuiovirus sp.

Fluidos corporais (saliva), via respiratória, contacto directo.

Homem

Poliomielite

Enterovirus oliovirus

Água e alimentos contaminados.

Homem

Raiva ou hidrofobia

Lyssavirus sp.

Mordida ou arranhões de animais infetados, transplante de órgãos, relações sexuais.

Mamífero

Constipação

Vírus da família dos Picornavírus e Coronavírus.

Fluidos corporais (saliva, secreção nasal), contacto directo

Homem

Roséola ou exantema súbito

Roseolovirus sp.

Fluidos corporais (saliva, secreção nasal), contacto directo

Homem

Sarampo

Morbillivirus sp.

Fluídos corporais (saliva, secreção nasal), via respiratória

Homem

Sarcoma de Kaposi

Rhadinovirus sp.

Relações sexuais

Homem

Síndrome da imunodeficiência adquirida (sida ou AIDS)

Vírus da imunodeficiência humana

Relações sexuais, transfusão sanguínea, agulhas contaminadas, transmissão.

Homem

Varicela ou catapora

Varicellovirus sp.

Fluidos corporais (saliva), contacto directo.

Homem

Varíola

Orthopoxvirus sp.

Fluidos corporais (saliva) contacto directo com objectos contaminados, via respiratória

Homem

Verruga genital

Vírus do papiloma humano.

Relações sexuais

Homem

 

Prevenção e tratamento de doenças virais

Como já foi referido, os vírus usam o seu hospedeiro para se alojar, multiplicar e manifestar.

São extremamente difíceis de eliminar. Até hoje, o único remédio eficiente (embora nem sempre eficaz) é a vacina, que previne a infecção. O diagnóstico deve definir claramente o tipo de infecção em causa (se é bacteriana ou viral).

Comportamentos de risco

Os comportamentos de risco, nomeadamente sexuais, são perigosos para a saúde: facilitam a penetração do VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) no organismo.

Estima-se que cerca de 16% da população moçambicana, entre os 15 e os 49 anos, esteja infectada com o vírus VIH. Em Moçambique, o vírus da sida é transmitido, em mais de 90% dos casos, por meio de relações sexuais desprotegidas. Os principais motivos são a prática de relações sexuais com múltiplos parceiros e baixo índice de uso de preservativos.

As formas de transmissão do vírus da sida são as seguintes:

  • Relações sexuais sem o uso de preservativo;
  • Penetração vaginal desprotegida, que representa igualmente um alto risco de transmissão do vírus, sobretudo na vigência de uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). A multiplicidade de parceiros aumenta consideravelmente o risco de contacto com o vírus;
  • Utilização incorrecta do preservativo;
  • Utilização não sistemática do preservativo (excepto em caso de relação monogâmica estável);
  • Injeção de drogas partilhando seringas e/ou agulhas;
  • Perfuração, corte ou penetração da pele com instrumentos não esterilizados, eventualmente contaminados com produtos biológicos humanos;
  • Transmissão mãe-filho durante a gravidez e parto de mães seropositivas, sem terapêutica da mãe da criança;
  • Aleitamento de criança por mulher seropositiva.

Referências bibliográficas

MINEDH. Módulo 1 de Biologia: Sistemática, estudo e classificação dos seres vivos no reino Monera e dos fungos. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.

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