O Estado do Zimbabwe
O Estado do Zimbabwe
O
Estado do Zimbabwe constitui um dos exemplos típicos de estados que em
Moçambique surgiram e/ou desenvolveram o comércio à longa distância com os
árabes, primeiro, e com os portugueses e outras nacionalidades, mais tarde.
O
estado do Zimbabwe existiu entre 1250 e 1450. Ele foi um dos primeiros, senão
mesmo o primeiro a surgir no território que é hoje Moçambique, se bem que a sua
maior parte se localizasse no actual Zimbabwe. A palavra “Zimbabwe” (plural madzimbabwe),
significa casa de pedra e a designação “estado do Zimbabwe” advem do facto de
as classes dominantes terem feito rodear
as suas habitações por amuralhados de pedra.
Sobre
o significado e importância dos madzimbabwe tudo leva a crer que para além da
ostentação do poder, eram importantes os instrumentos físicos de domínio de uma
classe e sobretudo de protecção. Essas construções eram feitas em zonas altas e
rodeadas de construções das populações camponesas. O que sustenta, portanto,
este ponto de vista de muitos historiadores.
Como
vimos na lição anterior, o estado forma-se tendo como premissas básicas a
existência de classes sociais com interesses contrários, o que leva à luta de
classes e consequentemente à pertinência de uma força para manter o referido
conflito controlável.
No
território que é hoje Moçambique, a diferenciação social entre os chefes
linhageiros e de clãs e os produtores directos, não apareceu com a prática de
comércio com os árabes. Pode-se dizersim que esta actividade deu um impulso
importante a este fenómeno que já começava a ganhar espaço nas sociedades bantu
e acelerou a sua generalizaçãol.
As
populações que habitavam o planalto Zimbabweano eram da cultura Leopards Kopje
baseada na agricultura e na mineração em grande escala e viram a sua evolução
para um estado centralizado sob o impulso do comércio a longa distância.
Pois
bem, a ligação do surgimento do estado do Zimbabwe com comércio com os árabes
não quer significar que antes deles não se praticasse comércio entre os bantu,
simplesmente nessa altura esta desenvolveu-se de modo a que não prejudicasse
aquela que era a actividade principal – a agricultura.
Neste
contexto, a mineração, base desse comércio era praticada em períodos que não
comprometiam a agricultura.
Portanto,
o comércio não criou o estado do Zimbabwe, mas desempenhou um papel importante
para a sua edificação. Foi o comércio que alargou o padrão de consumo e
aumentouas ambições territoriais dos chefes. Com efeito, a necessidade de
quantidades cada vez maiores de ouro para responder às exigências do comércio
fez com que os chefes recorressem às anexações e alianças políticas com outras
comunidades. Este processo foi visto como de delimitaçõão das fronteiras do
estado do Zimbabwe.
O
estado do Zimbabwe não era uma unidade geográfico-administrativa contínua, mas
sim uma capital com as características já descritas, apenas com vários centros
regionais com igual aspecto.
Figura 1: Estado de Zimbábue. |
Na capital – Zimbabwe - estava concentrada grande parte do poder político e económico, de acordo com o testemunho dos vestígios arqueológicos aí encontrados. A diferenciação social era bem nítida no estado do Zimbabwe e manifesta-se hoje através da concentração dos bens de prestígio no interior dos amuralhados, enquanto o exterior se encontra repletos de artigos menos valiosos.
Em
Moçambique (actual) encontrava-se localizado o Zimbabwe de Manyikeni, a 50 km
de Vilankulo, provínvia de Inhambane. Este foi habitado entre 1170/80 e
1610/70. Mais do que centro de uma dinastia, Manyikeni foi, pela sua
localização um importante entreposto comercial que controlava a baía de
Vilankulo e permitia o rápido escoamento de mercadorias.
A Decadência do Estado do Zimbabwe
No
princípio do século XV o estado do zimbabué entrou em declínio na sequência do
abandono do grande Zimbabwe pela maioria dos seus habitantes. O abandono de
Manyikeni esteve, ao que tudo indica, ligado à implantação político-militar
portuguesa em Sofala e na ilha de Moçambique bem como na fragmentação do estado
Zimbabwe nos estados Butua e Muenemutapa.
Referências
bibliográficas
MINEDH. Módulo 6 de História: Os estados em Moçambique e a Penetração Mercantil Estrangeira. Instituto De Educação Aberta e à Distância (IEDA), Moçambique, s/d.
Bom trabalho
ResponderEliminarObrigado pela apreciação!
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