A crise religiosa do século XVI

A crise religiosa do século XVI

Reforma religiosa

A reforma religiosa é como se designou ao conjunto de transformações de ordem religiosa verificadas no seio da Igreja Católica, a partir do século XIV.

Tratou-se de um movimento religioso de renovação desencadeado por John Wycliffe e Jan Huss, no século XIV. Estes dois professores universitários e ainda o cardeal Girolamo Savonarola, que se tornou líder da então nova República de Florença, questionavam alguns dos dogmas religiosos.

Este movimento de contestação e renovação conduziu a Igreja Católica à divisão (cisão), quebrando-se, assim, a sua unidade.

Antecedentes

Enfraquecimento do papado

Nos finais da Idade Média, entre os séculos XIV e XV (de 1373 a 1417) a Igreja Católica começou a desentender-se com o poder político, como resultado da acumulação excessiva de riqueza pelo Papa, em relação ao rei.

Este desentendimento terminou em disputa pelo poder entre a Igreja e a liderança política. O ponto mais alto desta disputa foi o grande Cisma do Ocidente.

Com este cisma, a Igreja Católica ficou enfraquecida, como consequência das divergências e choque entre os seus membros.

Documento

O Grande Cisma do Ocidente ou simplesmente Grande Cisma foi uma cisão, ou seja, uma ruptura que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417. As motivações deste cisma não foram de ordem teológica, mas sim política, resultado do fim do Papado de Avignon.

O papa Gregório Xl, de origem francesa e sediado em Avinhão, tomou, em 1377 a iniciativa de regressar à Roma, onde morreu a 27 de Marco de 1378. Para Seu sucessor, a população de Roma exigiu a escolha de um italiano e o regresso definitivo do papado cidade. O conclave de cardeais cedeu as ameaças de revolta e escolheu Bartolomeo Prigano, até então um administrador da chancelaria do Papa em Avinhão. Prigano tomou o título de Urbano VI, que era uma figura consensual e prometia a paz no seio da Igreja Católica.

No entanto, o novo Papa não respondeu às expectativas, e por isso os principais cardeais começaram a conspirar sob a protecção da Rainha Joana I de Nápoles. Treze cardeais declararam nula a eleição de Urbano VI e a 20 de Setembro foi reunido novo conclave, elegendo-se Roberto de Geneva para substituir Urbano VI, com a corte pontifical em Avignon. Roberto tomou o nome de Clemente VII e restabeleceu a sede da Igreja de novo em Avinhão. O cisma foi assim concretizado e só terminou décadas mais tarde no Concílio de Constança de 1414, com o papado restabelecido em Roma.

  1. Explica as razões que levaram ao grande cisma da igreja no século XIV.
  2. Identifica as principais personalidades envolvidas no grande cisma.

(Adaptado)

Movimento de contestando ao luxo e imoralidade

Nos finais da Idade Média, o comportamento dos papas e bispos da Igreja Católica caracterizava-se por práticas pouco dignas do ideal religioso. A corrupção, a ostentação e o luxo tinham-se tornado práticas comuns no seio do clero.

Foi esta realidade que se viveu na época que originou o descontentamento dos fiéis e que levou ao surgimento de um movimento de contestação. Inicialmente, este movimento envolveu homens esclarecidos e corajosos como John Wycliffe, Jan Huss, Savonarola, entre outros, que denunciaram os abusos no seio da Igreja Católica e propuseram uma profunda reflexão sobre o Cristianismo e as suas práticas.

Causas da reforma religiosa

A crise na estrutura da Igreja Católica

Os membros do clero tinham, desde finais da Idade Média, um comportamento que näo os dignificava como servidores de Deus.

Os papas viviam como verdadeiros príncipes, em palácios luxuosos, praticavam o mecenato e intervinham na vida política. Os bispos procuravam tomar conta de várias dioceses (para dispor de cada vez mais receitas), recorrendo, muitas vezes, a práticas de corrupção.

Grande vitalidade religiosa

Durante os séculos XV e XVI, a Europa foi assolada por crises, nomeadamente, guerras e calamidades naturais.

Enquanto isto, os padres levavam uma Vida contrária aos bons costumes levando uma Vida luxuosa e dedicando-se pouco à Igreja. Diante desta realidade, a Igreja Católica caia em descrédito perante os fiéis.

Tentativas de renovação da Igreja

No início do século XV os fiéis tinham perdido a confiança na Igreja. Diante desta realidade, visível um pouco por toda a Europa, surgiram movimentos de renovação da Igreja. Estava criado um clima favorável reforma, uma vez que todos os fiéis estavam desejosos de mudanças no seio da Igreja.

Igrejas protestantes

Embora as motivações da Reforma Religiosa tenham sido comuns nos diferentes estados europeus, o movimento reformista teve algumas particularidades em cada país. Portanto, na sequência da reforma surgiram diferentes ramos das Igrejas Protestantes, como o Luteranismo, o Calvinismo e o Anglicanismo.

Luteranismo

O Luteranismo surgiu na Alemanha encabeçado por Martinho Lutero, cujo nome, aliás, deu origem à designação.

Como já vimos, cada movimento protestante surgiu, na Europa, por existirem divergências para com a Igreja Católica.

Na Alemanha a Igreja também se debatia com actos menos dignos, por parte do clero, nomeadamente o luxo e a ostentação e a fraca dedicação à Igreja.

Esta situação provocou um forte conflito entre a classe baixa (fiéis) e o papado. Como sabemos, no início do século XVI, os fiéis estavam aterrorizados devido as epidemias e guerras, que julgavam ser castigo de Deus e procuravam a salvação.

Neste contexto, Lutero, preocupado com a questão da salvação, recorreu å passagem da Bíblia que diz que: «os justos viverão pela fé».

A partir desta ideia, Lutero concluiu que: «pela fé em Deus o Homem se torna justo e consegue salvar-se». E, com base nesta conclusão, Lutero formulou a sua ideia fundamental: «A salvação obtém-se pela fé».

A ideia de Lutero contrariava a posição tradicional da Igreja, segundo a qual são as boas obras dos homens (doações Igreja, oferta de esmola aos pobres, etc.) que conduzem os homens å salvação.

Ao observar a contradição entre o conteúdo da Bíblia e a prática da Igreja Católica, Lutero começou a criticar a Igreja – era o início da reforma na Alemanha.

O momento decisivo da Reforma neste pais foi o surgimento da chamada questão das Indulgências.

Fig. 57 – Martinho Lutero

Fig. 57 – Martinho Lutero. Nasceu em 1483, na Alemanha. Formou-se em Filosofia e Teologia. É considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. Morreu em 1546.

Indulgência – significa o perdão dos pecados aos que mostrem arrependimento e cumpram boas obras como, por exemplo, dar esmola.

Em 1513, o Papa Leão X precisava de dinheiro para a construção da Basílica de S. Pedro, em Roma. Assim, enviou monges por toda a Europa, para pedir aos fiéis que contribuíssem em dinheiro. Como recompensa aos que contribuíssem, Leão X dava uma bula de indulgências — um documento que lhes perdoava a penitência (sacrifício para a remissão ou perdão) dos pecados.

O lançamento das indulgências por Leão X provocou uma reacção imediata de Lutero, através de um artigo que fixou na porta da catedral que dirigia, no qual expôs as suas ideias sobre esta prática, com o título «As Noventa e Cinco Teses contra as Indulgências».

A reacção de Lutero contra as indulgências representava um desafio autoridade do Papa, razão pela qual foi excomungado e expulso do império alemão em 1521.

Perseguido e ameaçado de morte devido as suas posições, Lutero teve a protecção do príncipe Frederico da Saxónia. A partir do seu esconderijo, Lutero escreveu as suas ideias sobre a Igreja, formando uma nova doutrina para uma nova Igreja — a Luterana. Também traduziu a Bíblia do latim para o alemão, para que todos os crentes a pudessem ler e interpretar, livremente, sem necessidade de tradutor.

No início do século XVI, a Igreja Católica possuía um enorme poder económico, que ultrapassava o poder dos reis e príncipes.

Os príncipes viam as reformas como um caminho para reduzir o poder da Igreja e apropriar-se dos bens desta.

Por esta razão, o príncipe Frederico, à semelhança de outros soberanos, apoiou a iniciativa das reformas levadas a cabo por Lutero e por outros reformistas.

Em 1522, já passado o perigo, Lutero regressaria a Vitemberga.

Ideias fundamentais da Doutrina Luterana:

  • A fé é uma dádiva de Deus; critica o valor das obras humana como meio de salvação.
  • A única fonte de fé é a Sagrada Escritura (Bíblia); rejeita autoridade dos papas, concílios e padres da Igreja.
  • A fé exprime-se pelos sacramentos do baptismo e da comunhão.
  • O culto em honra de Deus; consiste na pregação, cânticos e comunhão, suprimindo o culto da Virgem e dos santos.
  • A Igreja de Cristo é invisível; pelo que cabe ao estado a protecção das igrejas locais e a escolha dos pastores ou ministros cultos (não admite as ordens religiosas nem o celibato dos sacerdotes).

Calvinismo e Anglicanismo

Além da acção de Lutero, na Alemanha, o movimento reformista desenvolveu-se noutros países por acção de outros reformadores que, embora partissem do mesmo principio - a salvação pela fé tinham ideias diferentes.

Calvinismo

Entre os reformadores da igreja podem-se contar Ulrico Zuínglio e João Calvino, que difundiram a reforma na Suíça e França, criando uma nova corrente religiosa: o Calvinismo.

O movimento reformista que terminou com a criação do Calvinismo na Suíça, foi iniciado por Zuínglio cerca de 1518. Contudo, mais tarde coube a João Calvino a elaboração de uma nova doutrina. Foi esta nova doutrina que ficou conhecida por Calvinismo, designação ligada ao nome do seu principal autor.

Calvinismo é a nova corrente protestante, fundada no âmbito da reforma religiosa, embora baseada no princípio da salvação pela fé defendia a doutrina da predestinação.

Embora fosse um dos apoiantes do Luteranismo, Zuínglio não concordava com a Teoria da Consubstanciação. Contudo, ele aproveitou algumas ideias do Luteranismo para a construção desta nova teoria.

Segundo a teoria da Consubstanciação, o corpo e o sangue de Cristo existem em simultâneo com o pão e o vinho no momento da ceia.

Fig. 59 – João Calvino (1509-1564).

João Calvino, o criador do Calvinismo, era francês, mas realizou sua obra reformista na Suíça, para onde emigrou, em 1534, fugindo da repressão contra os protestantes na França.

A reforma, na Suíça, iniciou-se em 1536, quando Calvino publicou uma obra intitulada As Instituições da Religião Cristã. Esta obra surgiu numa altura em que existiam divergências entre os protestantes. O seu objectivo era de clarificar as posições reformistas.

Nesta obra, Calvino expôs de forma bastante Clara a nova doutrina: a Doutrina da Predestinação. Segundo a mesma, cada homem nasce já com o seu destino traçado por Deus.

Principais ideias do Calvinismo:

  • O Homem é pecador e incapaz de se salvar por si próprio.
  • O destino de cada homem foi traçado por Deus.
  • Os que são salvos (os «eleitos» ou «predestinados») recebem a fé por intermédio de Jesus Cristo.

Assim, segundo Calvino, a salvação dos fiéis depende da graça divina e nada pode ser feito para alterar o destino do Homem.

Ideias básicas do Calvinismo sobre a Igreja:

  • A Igreja é assembleia dos «eleitos».
  • O culto de Deus deve ser realizado em templos sem quaisquer símbolos ou imagens.
  • Os sacramentos, que são sinais da graça de Deus para o fortalecimento da fé, reduzem-se ao baptismo e comunhão.

Anglicanismo

No século XVI a Inglaterra enfrentava os mesmos problemas que em outros países europeus propiciaram a eclosão da reforma, nomeadamente:

  • A Vida luxuosa e os abusos do clero;
  • O descontentamento da maioria da população em relação aos dirigentes religiosos;
  • A pressão que os intelectuais faziam sobre a Igreja e o clero.

Esta realidade fez com que as ideias luteranas tivessem grande impacto na Inglaterra e contribuíssem bastante para o reforço do espírito reformista.

A Reforma Protestante na Inglaterra teve a particularidade de ser obra do próprio rei inglês e não de reformistas humanistas ou de líderes religiosos.

Inicialmente, o movimento reformista na Inglaterra enfrentava a oposição do rei Henrique VIII, pois, embora não fosse favorável influência política e grande poder económico da Igreja, permanecia fiel Igreja de Roma.

A posição religiosa de Henrique VIII viria, contudo, alterar-se a partir do início da década de 30 do século XVI, por razões de carácter pessoal do próprio rei.

O rei Henrique VIII tinha apenas filhas e desejava ter pelo menos um filho. Para isso pediu ao papa Clemente VII a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, para se casar com uma outra mulher que pudesse dar-lhe um filho varão.

O papa recusou então o pedido do rei, porque as normas da Igreja Católica não permitiam o divórcio. Mas o mesmo pedido foi aceite pelo arcebispo de Cantuária, Tomás Cranmer. Uma vez aceite o seu pedido, o rei casou com Ana Bolena.

O papa decidiu então excomungar Henrique VIII, dando-se, assim, a ruptura entre a Igreja e o rei.

A partir dai, Henrique VIII lançaria uma campanha para se fazer mudanças na Igreja, que culminou com o Acto de Supremacia, através do qual o rei inglês foi declarado chefe supremo da Igreja de Inglaterra.

O Acto de Supremacia deu poder ao rei Henrique VIII para fundar a Igreja Anglicana. Portanto, a Igreja Anglicana foi fundada na Inglaterra em nome do próprio rei.

O surgimento do Anglicanismo deveu-se, principalmente, a problemas de ordem política e não doutrinária, como aconteceu com o Luteranismo e o Calvinismo.

Assim, sempre que ocorreu mudança de rei, o Anglicanismo oscilaria entre as ideias luteranas, calvinistas ou católicas, dependendo das opções religiosos do rei no poder.

No reinado de Henrique VIII, a Igreja Anglicana assumiu no inicio uma tendência mais luterana; contudo, mais tarde passou a ser uma espécie de Igreja Católica não romana.

No reinado de Eduardo VI, entre 1547 e 1553, o Anglicanismo assemelhava-se mais ao Calvinismo.

No reinado de Maria Tudor, entre 1553 e 1558, a mesma corrente identificou-se mais com o Catolicismo.

No reinado de Isabel l, o Anglicanismo assumiu uma posição mais conciliatória, alternando elementos protestantes e católicos.

Portanto, na vigência desta monarca, o Anglicanismo caracterizou-se da seguinte forma:

  • Fidelidade aos princípios básicos da doutrina católica romana.
  • Defesa da autoridade do monarca å maneira luterana.
  • Permanência de hierarquias dentro da Igreja.
  • Cerimónias de aparência católica e orientação doutrinária de raiz calvinista.

Contra-reforma

A Reforma Protestante abalou a Igreja Católica no século XVI, e criou um ambiente de crise no seu seio. Além da crise interna, a Igreja enfrentava a concorrência das novas Igrejas Protestantes, o que ameaçava cada vez mais a sua posição.

Neste contexto, a partir de meados do século XVI, sentiu a necessidade de reagir tanto para corrigir as irregularidades internas, como para travar o movimento protestante em si.

O conjunto de medidas que a Igreja tomou para recuperar a sua credibilidade ficou conhecido como Reforma Católica.

Reforma católica

No seio da Igreja Católica, a Reforma consistiu na tomada de um conjunto de medidas para corrigir as irregularidades que se verificavam no seu seio, repondo a pureza dos seus princípios de modo a, por consequência, reconquistar a confiança dos fiéis.

Por outro lado, as novas igrejas eram uma ameaça à Igreja Católica.

Portanto, a Reforma Católica, foi um conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica, visando, por um lado, moralizar a Igreja e, por outro lado, combater o protestantismo.

A primeira acção foi a convocação do Concilio de Trento para se pronunciar sobre as mudanças na Igreja. Paralelamente, foram criados organismos dentro da Igreja como a Inquisição e o índex e criada a Companhia de Jesus, como instrumentos para o combate ao Protestantismo.

Concilio de Trento

Os bispos e cardeais católicos reunidos neste concilio analisaram as críticas lançadas pelos protestantes contra a Igreja Católica e tomaram decisões sobre o rumo que a mesma deveria seguir a partir daquele momento.

O Concilio de Trento não aceitou as propostas de mudança colocadas pelos protestantes, defendendo, pelo contrário, a manutenção de todos os dogmas da fé católica:

  • Defendeu que a salvação do Homem depende da fé e das obras.
  • Reconheceu as Sagradas Escrituras (Bíblia) e a tradição da Igreja como únicas fontes da graça divina.
  • Reafirmou a presença de Cristo na eucaristia (Teoria da Transubstanciação).
  • Manteve o uso do latim na liturgia e o culto dos santos e da Virgem Maria.

Para mudar o comportamento de bispos e párocos, o Concilio de Trento determinou:

  • Proibir a acumulação de cargos, como o controlo de mais do que uma diocese por um padre.
  • Obrigar cada bispo ou pároco a residir na sua diocese ou paróquia.
  • Criar seminários para a formação dos padres.
  • Manter o celibato dos clérigos.

As decisões do Concilio de Trento

O Santo Concilio ordena que (...), nos assuntos da fé e dos costumes, ninguém se fie no seu próprio julgamento, nem tenha audácia de interpretar as Sagradas Escrituras com um sentido diverso daquele que dá a Santa Madre Igreja, qual exclusivamente compete apreciar esse sentido (...).

Praticai boas obras, porque Deus não é injusto e não esquecerá as boas acções e a caridade praticadas

em seu nome A Igreja deve introduzir cerimónias, luzes, ornamentos, para despertar o espírito dos fiéis, através desses sinais vivos de piedade e de religião. (...).

Os bispos devem ser irrepreensíveis no seu comportamento, sóbrios e castos. Devem fugir dos vícios e procurar a virtude.

O Santo Concilio ordena que a prática das indulgências, muito salutar para o povo cristão, deve ser conservada. (...) No entanto, tendo em conta os abusos em que se caiu, o Santo Concilio manda que sejam abolidos todos os deploráveis tráficos de dinheiro.

Se alguém diz que todos os cristãos têm poder de anunciar a palavra de Deus e de ministrar os sacramentos, que seja excomungado.

In: Decretos do Concilio de Trento

Inquisição

A Inquisição foi um tribunal que teve a sua origem na Idade Média (século XIII) por decisão do Papa Gregório IX, para combater as heresias, em defesa da fé católica e dos bons costumes.

Nos séculos seguintes iria continuar a sua acção; recorrendo tortura, prática que foi diminuindo ao longo do tempo, esta estrutura da Igreja Católica, sobretudo em alguns países, iria levar a denúncias, muitas vezes falsas, que culminavam com a prisão, e mesmo a morte, de muitos inocentes.

Este tribunal vigiava, perseguia e condenava aqueles que praticassem outras religiões. Por outro lado, exercia também uma forte vigilância sobre os costumes e toda a produção cultural: livros, obras de arte, espetáculos.

índex

Este foi também um instrumento de repressão contra os adeptos do Protestantismo. Chamou-se índex à lista de livros proibidos. Qualquer pessoa que fosse encontrada a ler uma das obras constantes desta lista era excomungada. Isto significava que o crente passava a ser interdito de receber a comunhão e até mesmo de participação nos cultos da Igreja Católica.

Companhia de Jesus

A Companhia de Jesus foi uma ordem religiosa criada por Inácio de Loyola. Para alcançar os seus objectivos, os Jesuítas (assim eram chamados os membros de companhia) desenvolveram uma forte acção missionária, que consistiu em:

  • Propagar a fé católica em todos lugares por onde passassem.
  • Ensinar a ciência e a religião nos Colégios e Universidades europeus.
  • Combater e travar, através da pregação, o Protestantismo na Europa.

Neste contexto, podemos afirmar que, no seu funcionamento, a Companhia de Jesus assumiu a forma de um autêntico exército antiprotestante, dirigido por um «general», que se orientou por uma rígida disciplina. Os seus membros deviam possuir uma formação religiosa sólida e um elevado nível cultural.

Efeitos da reforma religiosa

Os efeitos da reforma religiosa foram:

  • Divisão da Europa cristã em dois blocos religiosos: o Norte, maioritariamente protestante, e o Sul, predominantemente católico. As duas áreas religiosas coexistiram, cada uma seguindo a sua crença.
  • Difusão de religiões protestantes no mundo: ao expandirem-se pela Africa, Asia e América, os europeus levaram as igrejas protestantes a estas regiões do mundo.

Bibliografia

SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.

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