Conquista e resistência no Norte de Moçambique

Conquista e resistência no Norte

A situação política nas vésperas da partilha:

No fim do século XIX, no Norte de Moçambique, existiam, entre Moma e Memba os reinos afro-islâmicos da costa, no interland da Ilha de Moçambique, a confederação de chefaturas dos macuas Namarrais, chefiada por Mucuttu-munu e as chefaturas macua: Chaca, Eráti e Meto. Nos planaltos do interior de Cabo Delgado encontravam-se os macondes e na actual província do Niassa estavam os Estados Yao, os Nyanja e as chefaturas Makua Lámué e Chirima.

Fig. 8 – Avanço das tropas portuguesas no norte de Moçambiqu

Neste período, os portugueses viviam instalados ao longo da costa: Ilha do Ibo, Mussoril, Ilha de Moçambique e Quelimane.

Resistência e conquista

A ocupação militar do Norte pelos portugueses teve como base de partida a Ilha de Moçambique, a região de Mussoril e da Ilha do Ibo.

A ocupação iniciou-se em 1895, com a região dos Macua Namarrais, no interland da Ilha de Moçambique, na actual província de Nampula.

Ocupação de Nampula

As primeiras tentativas de ocupar Nampula foram conduzidas por Mouzinho de Albuquerque, contra a região da Makuana em 1896 e 1897. Estas primeiras acções fracassaram por várias razões:

  • A união de todos os chefes, de Moma a Memba, contra a ocupação.
  • O grande envolvimento popular, graças a forte mobilização dos chefes locais.

Em 1905, os portugueses esboçaram um novo plano de ocupação, que consistia em colocar os chefes e reinos do interior contra os reinos esclavagistas da costa. Esta estratégia funcionou, uma vez que havia conflitos entre os reinos da costa e os do interior por causa do controlo do comércio. Assim, processou-se a ocupação de Nampula, partindo da costa para o interior e do Norte para o Sul.

Fig. 9 – Conquista de Nampula

Ocupação de Cabo Delgado e Niassa

A ocupação das actuais províncias de Cabo Delgado e do Niassa efetivou-se em quatro fases:

  • Assinatura de tratados entre os portugueses e os chefes locais.
  • Ataque militar contra Mataca, que fracassou, mas permitiu aos portugueses a confirmação da fronteira norte, em 1891.
  • Ataques militares lançados pelas tropas da Companhia do Niassa, em 1899, que permitiram destruir a povoação do chefe Mataca e erguer um posto militar em Metarica, bem como ocupar Mesumba e Metangula entre 1900 e 1902. Esta fase foi, contudo, interrompida pela forte resistência popular que levou à expulsão dos representantes da Companhia de várias regiões entre o rio Lugenda e o Lago Niassa.
  • Depois de 1910, ataques sistemáticos ao território do chefe Mataca destruindo aldeias. Foi instalado um posto militar em Oizulu e, em 1912, tentou-se a ocupação total de Cabo Delgado e Niassa.
  • Depois da 1ª Guerra Mundial, invasão do planalto de Mueda e submissão dos Macondes.

Assim terminava a resistência no Norte de Moçambique e consumava-se a ocupação da região. Além dos exemplos descritos, a resistência realizou-se um pouco por toda a África.

Portanto, em todo o continente, os africanos procuraram resistir ocupação europeia. Entretanto, o saldo dessa resistência foi claramente negativo, pois exceptuando a Etiópia toda a resistência foi derrotada.

Como resultado da conquista europeia, foram destruídas as formações políticas africanas, foram instaladas as estruturas administrativas coloniais, foi imposto o trabalho forçado e foi instituído o «imposto de palhota».

Bibliografia

SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.

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