Transição do Capitalismo de livre concorrência para o Imperialismo na 2ª metade do século XIX

Transição do Capitalismo de livre concorrência para o Imperialismo na 2ª metade do século XIX

Entre os anos 1870 e 1918, o Capitalismo regista uma nova tendência no seu desenvolvimento, passando da fase concorrencial para a monopolista.

Na sua fase inicial, correspondente å primeira metade do século XIX, a produção capitalista estava organizada em pequenas ou médias empresas, pertencentes a indivíduos ou famílias, actuando num mercado de livre concorrência. O capital investido pertencia a um individuo ou a uma família e o mercado e a concorrência é que regulavam o mercado.

Já na segunda fase, a produção capitalista era realizada em grandes empresas, constituídas através da concentração industrial e controladas por grandes grupos financeiros. As empresas adquiriram uma dimensão impessoal, passando a ser sociedades anónimas. A produção orientava-se pelo ideal de rentabilidade industrial (através de maiores investimentos) e controlo da produção e venda. O capital investido resultava da associação do capital industrial com o capital bancário e os preços eram controlados pelas empresas monopolistas.

Concentração monopolista

O monopólio ou concentração capitalista opera-se através da junção de várias empresas pequenas para dar lugar a poucas empresas de grandes proporções e que estão em condições de impor os seus pregos aos consumidores.

Esta mudança resulta das inovações técnicas na produção industrial, com destaque para a indústria siderúrgica, na qual a produção de ago através dos novos métodos permitiu o desenvolvimento da construção civil, ferrovias, máquinas e ferramentas.

Por outro lado, a descoberta do petróleo e da electricidade permitiram a utilização de máquinas mais potentes, estimulando assim a produção industrial, o desenvolvimento dos transportes e das comunicações.

As novas técnicas implicavam a utilização de máquinas bastante caras, sendo necessárias elevadas somas de dinheiro para a produção industrial. Assim, um só individuo tornava-se incapaz de assumir a produção industrial. As empresas começaram, então, a assumir uma tendência para a concentração.

Formas de concentração

A concentração processou-se na forma vertical e na forma horizontal; porém, em muitas ocasiões deu-se a combinação das duas formas, que descrevemos em seguida.

Concentração vertical

Consiste na fusão de várias empresas ligadas a várias etapas da produção, numa só empresa, com o objectivo de controlar todas as fases da produção, desde a produção de matérias-primas até å venda do produto.

Concentração horizontal

Consiste na associação de empresas que controlam a fase final e, em alguns casos, as fases intermédias da produção. Tem por objectivo evitar uma competição danosa aos interesses individuais e pressionar o mercado para obter maiores lucros.

A forma típica de concentração horizontal é o cartel.

Cartel – acordo entre concorrentes para fixação de preços ou cotas de produção, divisão de clientes e de mercados ou, por meio da acção coordenada entre os participantes, eliminar a concorrência e aumentar os preços dos produtos, obtendo maior lucro, em prejuízo do consumidor. A formação de cartéis teve início na segunda Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX; também prejudicam a inovação, impedindo que novos produtos e processo produtivos surjam no mercado.

Factores da concentração industrial

Quer numa versão quer noutra, é possível distinguir alguns dos factores que levam a este tipo de concentração.

A concorrência – factor que consiste na constante busca de novas condições de produção capazes de baixar os custos de produção e aumentar os lucros. Assim definida, a concorrência exige que as empresas acompanhem a evolução técnica para não desaparecerem ou serem «engolidas» por aquelas que aumentam constantemente a sua capacidade de produção e o seu poder.

O progresso técnico – factor característico da segunda fase da Revolução Industrial e que se caracteriza por:

  • Surgimento de novas fontes de energia (petróleo e electricidade) que permite a substituição do motor a vapor pelo de explosão.
  • Utilização de novas técnicas no tratamento do ago.
  • Uso do alumínio como matéria-prima industrial.
  • Desenvolvimento da indústria química.

As diversas formas de progressos técnicos favoreceram o desenvolvimento das grandes empresas em prejuízo das pequenas. Enquanto as grandes podiam adquirir os novos meios de produção, bastante caros e aumentar a sua produção com baixos custos, as pequenas empresas continuavam a laborar com as técnicas antigas.

Com o progresso tecnológico, as indústrias do aço, da construção mecânica e do automóvel passaram a ser os principais ramos industriais, em lugar da indústria têxtil e do carvão.

Começaram então a surgir, nos países industrializados (Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América), grandes empresas ligadas a esses ramos de produção. Por outro lado, a Inglaterra começou a perder a liderança da produção industrial.

Por seu lado, o progresso técnico teve grandes implicações nas sociedades industrializadas:

  • Alargou e modernizou as áreas de mercado.
  • Estimulou o crescimento demográfico na medida em que diminuiu a mortalidade.
  • Desenvolveu novos meios de comunicação e de transporte como o cabo submarino e o telefone sem fio, o caminho-de-ferro, o automóvel e o avião.

As crises – que começaram no primeiro quarto do século XIX e provocaram o desaparecimento de muitas empresas pequenas que deram lugar as maiores.

O capital bancário – nas novas condições de produção as empresas não podiam funcionar sem o apoio da banca. Por isso, no século XIX surgiram vários bancos de investimento, pertencentes a grandes capitalistas que financiavam e controlavam as grandes indústrias. Surgiram, também, bancos de depósito que recebiam depósitos de particulares, oferecendo um pequeno juro e que investiam o grande capital assim reunido concedendo empréstimos a várias empresas.

O capital bancário foi particularmente importante na criação e expansão de grandes empresas ferroviárias que surgiram no século XIX.

 Bibliografia

SUMBANE, Salvador Agostinho. H9 - História 9ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo: 2017.

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